62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
ANÁLISE DA DISPNÉIA E DA DISTÂNCIA PERCORRIDA EM IDOSOS HIPERTENSOS
Gardênia Maria Holanda Ferreira 1, 2
Jaqueline Alves Ferreira 1
Ivanízia Soares da Silva 1
Eline Silva da Cunha 1
Pedro Paulo Silveira Souza 1
Gabriela Ramos Pedreira Tavares 1
1. Departamento de Fisioterapia - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
2. Profa. Dra./Orientadora
INTRODUÇÃO:
A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um problema de saúde pública e um importante fator de risco para as doenças cardiovasculares. Ela acomete cerca de 65% da população idosa no Brasil, e se não tratada, implica em limitações e até incapacidade funcional. Geralmente, a população idosa trabalha no limite de sua capacidade para completar as atividades da vida diária (AVDs). Algumas das limitações oriundas do processo de envelhecimento estão relacionadas com a diminuição da capacidade aeróbia e da complacência pulmonar. Assim, o idoso faz um esforço mais intenso para realizar exercícios submáximos, levando à sensação de dispnéia. Esta pode estar associada a diversas etiologias, dentre elas as doenças cardiovasculares, sendo um importante preditor de mortalidade para essa classe de doenças. Ela pode influenciar negativamente a realização das AVDs e a qualidade de vida, todavia se avaliada precocemente, há influência positiva na capacidade funcional, promovendo e prolongando um estilo de vida ativo e independente. Este estudo objetiva verificar o grau de dispnéia em idosos hipertensos e a distância percorrida no teste de caminhada de seis minutos, comparando-os com idosos saudáveis, com o intuito de investigar se a HAS pode intensificar o processo fisiológico de envelhecimento.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado com 46 idosos de ambos os sexos divididos em dois grupos, sendo o grupo GH, correspondente a 80% dos idosos, composto por hipertensos e o grupo GN, com 20% dos idosos, por normotensos. Foram aplicados dois questionários específicos para investigação da dispnéia o Medical Research Council Scale (MRC) e o Baseline Dyspnea Index (BDI) e realizado o teste de caminhada de seis minutos (TC6M), seguindo as recomendações da. American Thoracic Society. Antes e após o TC6M, foram coletados as freqüências cardíaca (FC) e respiratória (FR), a saturação periférica de Oxigênio (SpO2), as pressões arteriais sistólica e diastólica (PAS e PAD) e o índice de dispnéia de Borg com graduação de 0 a 10. A FC e a saturação de oxigênio foram mensuradas pelo Oxímetro de pulso NONIN Onyx® 9500. A PA foi verificada pelo esfigmomanômetro Becton Dickson® (Franklin Lakes, NJ, EUA) e estetoscópio Littmann®TM Classic II S.E. (USA). Foi utilizado um cronômetro digital CLASSIC® para a marcação do tempo durante o TC6M. Ao final do TC6M, foi ainda verificada a distância percorrida. Para análise estatística foram utilizados os testes de Pearson e o Teste t Student para amostras independentes através do programa SPSS versão 17.0.
RESULTADOS:
Com relação aos questionários específicos, o MRC não revelou diferença estatisticamente significativa (p=0,19) entre os grupos. Já o BDI mostrou que o GH é mais dispnéico (p=0,0001). Segundo a correlação de Pearson, os dois testes se correlacionaram satisfatoriamente (r=0,58). Com relação ao TC6M, os resultados foram significativamente maior no GH que o GN para a PAS inicial (p=0,03), as FR inicial (p=0,007) e final (p=0,004), e índice de dispnéia modificado de Borg, inicial (p=0,02) e final (p=0,01). Por fim, o último dado analisado foi a distância percorrida no TC6M, onde se evidenciou que o GH foi superado pelo GN com uma diferença significativa (p=0,03). O processo natural de senescência implica em mudanças no organismo do indivíduo. Dentre essas mudanças, é sabido que a função endotelial e a distensibilidade arterial diminuem com o envelhecimento e esse fato é agravado pela HAS. A associação dessas alterações com a HAS ajudam a explicar a maior prevalência de dispnéia em idosos hipertensos. O estudo atingiu os objetivos almejados, todavia apresentou algumas limitações como pequeno número amostral no grupo considerado controle (GN) e a ausência da avaliação da interferência da dispnéia na qualidade de vida de vida relacionada à saúde mediante questionários específicos.
CONCLUSÃO:
Os resultados deste estudo permitem inferir, diante das evidências dos resultados, que a hipertensão arterial sistêmica interfere no envelhecimento aumentando a sensação de dispnéia inclusive nas atividades da vida diária, o que pode interferir na qualidade de vida dessa população. Também se pôde concluir que os questionários MRC e BDI apresentam boa correlação podendo mensurar a dispnéia satisfatoriamente e independentemente. Todavia, novos estudos devem ser realizados com o mesmo intuito de se investigar a dispnéia em pacientes com HAS, uma vez que essa se trata da patologia de base para as demais doenças cardiovasculares.
Palavras-chave: Hipertensão, Envelhecimento, Dispnéia.