62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 2. Comportamento Animal
Comportamento de forrageamento de Apis mellifera em flores de helianthus annuus L., EM DOURADOS - MS
Matheus Comiran Dallasta 1
Daniel Comiran Dallasta 1
Valter Vieira Alves Junior 2
1. Faculdade de Ciências Agrárias, Universidade Federal da Grande Dourados / UFGD
2. Faculdade de Ciências Biológicas e Ambientais / UFGD
INTRODUÇÃO:

O girassol (Helianthus annuus L.) é uma dicotiledônea anual de grande importância mundial devido a seu óleo de excelente qualidade, utilizado na fabricação de alimentos, de biocombustível, etc. A cultura é uma boa alternativa para plantio-direto na entressafra de outono-invemo, sendo utilizada na recuperação de áreas degradadas.

Grande parte das plantas exploradas comercialmente pertencem ao grupo das angiospermas que, cultivadas ou não, podem apresentar um variado grau de dependência de insetos para que ocorra polinização e conseqüentemente, a formação de aquênios sadios. Estudos com girassol mostram que a polinização realizada pelas abelhas aumenta significativamente a quantidade e a qualidade dos aquênios.

As abelhas africanizadas utilizam néctar e pólen das flores de um grande número de plantas, sendo um potencial polinizador para a maioria delas. Vários fatores como, oferta de alimento, a cor das flores, presença de outros agentes polinizadores e o clima podem afetar a atividade de forrageamento das abelhas. O objetivo do trabalho foi avaliar a flutuação populacional e o hábito de coleta de operárias de Apis mellifera em flores de H. annuus, em diferentes horários do dia.

METODOLOGIA:

A pesquisa foi desenvolvida na área experimental da Universidade Federal da Grande Dourados, MS, durante os meses de junho e julho de 2008. As coletas foram realizadas durante o florescimento do girassol, a cada dois dias, entre os dias 26/06/2008 e 14/07/2008, totalizando 10 repetições. Com a finalidade de se avaliar a flutuação populacional das abelhas, os primeiros quinze minutos de cada hora foram dedicados à coleta, com o auxílio de rede entomológica, dos indivíduos que efetivamente visitavam as flores. Os indivíduos capturados foram mortos em câmara mortífera contendo acetato de etila. Após a coleta, procedeu-se a aferição das variáveis ambientais utilizando-se termo-higrômetro, anemômetro e luxímetro. No restante do tempo foram observados aleatoriamente indivíduos de A. mellifera visitando as flores, sendo avaliada a atividade comportamental de forragear apresentada pelas mesmas. Os padrões de forrageamento observados foram: o tipo de material coletado, a forma de coleta e se houve ou não contato com as estruturas reprodutivas da flor. Os resultados obtidos com as observações foram divididos em onze intervalos de tempo de uma hora cada, compreendido entre as 07:00h e as 18:00h.

RESULTADOS:

As abelhas iniciaram as visitas às flores a partir das 07:00h, devido à baixas temperaturas registradas, anteriores a este horário, e encerraram suas atividades por volta das 17:30h. Nas coletas, foram capturados 1.418 indivíduos de A. mellifera. A flutuação populacional variou durante o dia, com pico entre 12:00h e 13:00h.

Foram realizadas 10.092 observações de comportamento, sendo que coleta de pólen, de néctar e de néctar/pólen ocorreram durante todos os horários, prevalecendo a coleta de néctar (81,96%), sobre as de pólen (4,60%) e néctar/pólen (13,44%), com pico entre 09:00h e 10:00h. Paiva et al. (2002), registraram valores próximos em seus estudos com girassol, 69,39%, 14,18% e 16,46%  respectivamente.

As abelhas coletoras de pólen pousavam sobre as flores, andando rapidamente sobre diversas delas, de maneira, aparentemente desordenada. O pólen aderido ao corpo era periodicamente transferido para as corbículas.

As coletoras de néctar pousavam sobre as flores, inserindo a cabeça entre elas a fim de alcançar o nectário. Quando havia disponibilidade de pólen, elas ficavam com grãos de pólen aderidos ao corpo, que eram descartados ou transferidos para as corbículas. Foram consideradas para a coleta néctar/pólen as abelhas que coletaram néctar com presença de cargas de pólen nas corbículas.

CONCLUSÃO:

As abelhas utilizaram as flores de H. annuus para coleta de pólen e néctar durante todo o dia, sendo assim, A. mellifera constitui um polinizador potencial, e essa espécie vegetal pode ser considerada como uma planta com um grande potencial apícola para uso no inverno.

Palavras-chave: abelhas africanizadas, atividade de coleta, girassol.