62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 6. Arquitetura e Urbanismo - 4. Tecnologia de Arquitetura e Urbanismo
O SOMBREAMENTO NA REGULAMENTAÇÃO DA ETIQUETAGEM DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA PARA A ZONA BIOCLIMÁTICA 08
Aldomar Pedrini 2
Clara Ovídio de Medeiros Rodrigues 1
Alice Ruck Drummond Dias 1
Paolo Américo de Oliveira 1
Giovani Hudson Silva Pacheco 1
Fábio Henrique Sousa Cândido 1
1. Depto. de Arquitetura, CT, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN
2. Prof. PhD/Orientador - Departamento de Arquitetura, Centro de Tecnologia - UFRN
INTRODUÇÃO:
A recente "Regulamentação para etiquetagem voluntária de nível de eficiência energética de edifícios comerciais, de serviços e públicos" surge no contexto das restrições do uso de energia, no âmbito global em destaque desde a década de 1970, e a necessidade de otimizar suas aplicações. Resultado do programa Procel Edifica, atua estabelecendo parâmetros para classificação do consumo de energia de edificações. Sua relevância no âmbito prático da arquitetura dá-se no desdobramento de recomendações projetuais de eficiência energética que possam ser incorporadas no ato projetual ainda nas primeiras fases de concepção. O processo para a certificação das edificações se dá na regulamentação por meio de método prescritivo - através de equações especificas para as diferentes zonas bioclimáticas - ou por meio de simulações em programas acreditados pela ASHRAE Standard 140. A equação relativa à zona bioclimática 8, na qual Natal/RN está inserida, tende a desconsiderar estratégias bioclimáticas para o clima quente e úmido. Dessa forma, o presente trabalho visa discutir algumas limitações do método prescritivo para essa zona e ilustrar estratégias eficientes que contemplem as diretrizes bioclimáticas adequadas ao clima quente úmido, incentivando boas práticas projetuais.
METODOLOGIA:
Após a revisão bibliográfica sobre o tema, foi adotado um modelo de referência de 10m x 50m e pé direito de 3,5m, levantado por Venâncio (2007) como representativo para a UFRN. No modelo, o percentual de abertura da fachada (PAF) fixas em 40%, estão orientadas para Norte-Sul, o que possibilita a introdução de elementos protetores sem alteração do PAF. A partir desse modelo, caso 01, admitiu-se quatro variações no intuito de analisar os efeitos de modificações nos parâmetros de área de abertura (PAF) e sombreamento. A primeira alteração configura o caso 02 onde apenas o sombreamento foi modificado. Nos casos 03 e 04, o PAF de 19% e 60%, respectivamente, e o sombreamento nulo foram determinados de acordo com as orientações do método de simulação, de forma que o consumo energético pudesse servir de parâmetro para os níveis de eficiência A e E. Já o caso 05, se considerou o modelo de 60% de PAF com sombreado. Para todos esse modelos, foi calculado o nível de eficiência energética da envoltória, por meio da aplicação do método prescritivo da regulamentação e, em seguida, foram comparados o consumo energético de cada caso, simulado no programa DesignBuilder, que utiliza para cálculo os algoritmos do EnergyPlus.
RESULTADOS:
Aplicado o método prescritivo ao modelo base, caso 01, obteve-se etiqueta C, mesmo nível de eficiência do caso 02, apesar da adição de marquise de 1,80m ao longo das aberturas, ou seja, do aumento do ângulo vertical de sombreamento (AVS) de 0 para 32°, protegendo 85% das aberturas das 9h às 18h, diminuindo, assim, o calor retido no ambiente. O caso 03 apontou etiqueta A apenas com diminuição do PAF para 19%. O consumo anual dessa situação foi 337,35 KW/h.m², 2,75% menor que o consumo visto no caso base, 346,64 KW/h.m². Já o caso 04, onde a área de abertura foi ampliada para 60%, obteve etiqueta E e 355,97 KW/h.m² de consumo. Ao agregar sombreamento ao modelo do caso 4, o método prescritivo aponta pouca melhoria da eficiência, que passa de etiqueta E para D, caso 5. Apesar disso o consumo do caso 5 cai 5,46%, ou seja, 336,52 KW/h.m². Se o gasto energético do modelo eficiência A, 337,35 KW/h.m², for comparado ao classificado em D pelo método prescritivo, 336,52 KW/h.m², percebe-se redução de 0,24% no último, que o enquadra em A pelo método de simulação. O mesmo ocorre no caso 2, nível C pelo prescritivo, ao comparar o consumo, 330,98 KW/h.m², com o que foi parametrizado como A. O primeiro reduz 4,51% no consumo, certificando a obtenção da melhor etiqueta pelo método de simulação.
CONCLUSÃO:
O estudo conclui que a simulação é o procedimento mais indicado para certificação de edifícios na Zona Bioclimática 8. Por ter caráter flexível, permite avaliar o real impacto dos elementos arquitetônicos na eficiência do edifício, a exemplo dos protetores solares, importantes para a estratégia de sombreamento, considerando suas dimensões e orientações. O método prescritivo, apesar de prático e demandar menos tempo e nível de instrução, teve comportamento limitado para reconhecer a aplicação de recomendações bioclimáticas, privilegiando a adoção de pequenas aberturas e subestimando estratégias de sombreamento e ventilação natural. A pesquisa contribui, assim, para as discussões da regulamentação ainda incipientes, amenização de suas inadequações e conseqüentes impactos na ação dos projetistas e na qualidade do projeto.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Eficiência Energética, Simulação , Sombreamento.