62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 7. Meteorologia
TENDÊNCIAS SAZONAIS NAS ANOMALIAS DE TSM DO ATLÂNTICO SUDOESTE (1880-2009)
Mári Ândrea Feldman Firpo 1
Clóvis Angeli Sansigolo 1
1. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/INPE
INTRODUÇÃO:
O estudo da variabilidade sazonal e interanual das anomalias de TSM no Atlântico sudoeste, na confluência das correntes do Brasil e das Malvinas, é relevante por ser uma das regiões mais energéticas dos oceanos (Pezzi & Souza, 2009), uma região ciclogenética (Gan & Rao, 1991) e pela presença da Zona de Convergência do Atlântico Sul (Kousky,1988). Além disso, esta região está diretamente conectada à variabilidade climática das temperaturas e precipitações no Rio Grande do Sul (Diaz et al., 1998; Kayano & Sansigolo, 2008). O objetivo deste trabalho é uma avaliação criteriosa das tendências sazonais e anuais de longo prazo usando o teste não paramétrico de Mann-Kendall, mas numa versão modificada por Yue & Wang (2004) para levar em conta existência de correlação serial, visando a obtenção de índices aleatórios que poderão ser usados em estudos de teleconexões.
METODOLOGIA:
Índices sazonais e anuais para as TSMs do Atlântico Sudoeste, definido entre as latitudes de 10 e 40°S e as longitudes de 60 e 20°W, foram calculados a partir das médias espaciais e temporais das anomalias mensais das TSM reconstruídas numa grade de 2° X 2° por Smith et al. (2007), no período de 1880 a 2009. Primeiramente, as séries foram submetidas a um teste não paramétrico de seqüências, para avaliar a existência de correlação serial significativa que poderia introduzir um erro sistemático no teste de tendência. As séries que não apresentaram correlações seriais significativas a 95% de confiança foram submetidas ao teste tradicional de Mann-Kendall para tendências. Já as que não passaram no teste de seqüências foram submetidas ao teste de Mann-Kendall modificado, no qual a variância é corrigida pelo número efetivo de graus de liberdade (n/n*). Tendências lineares significativas a 95% pelo teste t do coeficiente angular das retas foram removidas, e as séries filtradas novamente submetidas a ambos testes (seqüências e tendência).
RESULTADOS:
Todas as séries apresentaram tendências lineares crescentes significativas. Para a série anual foi de 0,96°C/100 anos, para o verão (DJF) e para o outono (MAM) de 0,97°C, para o inverno (JJA) de 0,89°C e para a primavera (SON) de 1,02°C. Removidas essas tendências, apenas a série da primavera passou pelo teste de seqüências. As demais séries, não-aleatórias, foram submetidas ao Teste de Mann-Kendall modificado, com suas variâncias corrigidas (desinflacionadas) pela razão n/n* = 130/117,6 para a série anual, 130/108,3 para a série de verão, 130/109,5 para a série de outono e 130/110 para JJA. Todas as séries passaram pelo testes de Mann-Kendall, significando que não restaram tendências significativas nas 5 séries, apenas autocorrelações de 1 ano significativas nas séries anual e do verão, outono e inverno (0,54; 0,19; 0,36; 0,37, respectivamente), que também foram removidas. Foram obtidos índices anuais e sazonais aleatórios para as TSMs da região que podem ser usados em estudos de teleconexões com o Pacífico Equatorial ou mesmo diretamente com o clima do Rio Grande do Sul.
CONCLUSÃO:
As TSMs do Atlântico Sudoeste apresentaram uma tendência de aquecimento de 0,96°C/100 anos no período de 1880 a 2009. Este valor teve uma leve variação sazonal de 0,89°C para o inverno a 1,02°C para a primavera. As séries anual e sazonais de verão, outono e inverno também apresentaram autocorrelações de 1 ano significativas (0,54; 0,19; 0,36; 0,37, respectivamente). Em estudos de teleconexões via correlações cruzadas, essas tendências e autocorrelações devem ser criteriosamente removidas para se obter índices aleatórios simples.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
Palavras-chave: Tendências, Atlântico Sudoeste , Mann-Kendall modificado.