62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 4. Metabolismo e Bioenergética
A INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO NA EXPRESSÃO DO GLUT 4 EM RATOS DIABETICOS TIPO 1
Patrick Simão Carlos 1
Tanes Imamura de Lima 1
Luis Gustavo Farias de Sousa 2
Jamille Soares Moreira Alves 1
André Accioly Nogeira Machado 1
Alex Soares Marreiros Ferraz 3
1. Instituto Superior de Ciências Biomédicas - UECE
2. Universidade de Fortaleza - UNIFOR
3. Departamento de Educação Física - UFPI
INTRODUÇÃO:

É bem descrito a importância da prática de exercícios físicos na promoção de benefícios para indivíduos portadores de Diabetes Mellitus, sendo esses associados tanto ao controle metabólico crônico como a regulação direta e aguda da homeostase gicolítica. A insulina e o exercício, por mecanismos independentes, são os principais mediadores da ativação do transporte de glicose para músculo. O transporte da glicose se dá por difusão facilitada, utilizando proteínas carreadoras, sendo o Glut 4 a isoforma mais abundante no músculo esquelético. Alguns achados suportam a hipótese de que distintos mecanismos de sinalização intracelular levam a estimulação do transporte de glicose ao músculo por meio do exercício e da insulina separadamente. Outros estudos demonstram que a contração muscular pode aumentar o recrutamento do GLUT 4 para a membrana plasmática no músculo esquelético independentemente da insulina. Portanto a prática de exercícios físicos pode ter implicações diretas no que tange ao controle glicêmico em pacientes com Diabetes Mellitus insulino-dependente. O presente trabalho se propôs verificar se a interação entre o exercício e a diabetes tipo 1 foi capaz de promover alterações na glicemia e da expressão do GLUT 4 no músculo esquelético.

METODOLOGIA:

Foram utilizados ratos Winstar provenientes do biotério da Universidade Federal do Ceará e mantidos na UECE, com água e ração ad libitum, ciclo 12/12. Foram utilizados 13 animais compondo os grupos Controle(GC), Exercício(GE), Diabéticos(GD) e Diabéticos Exercício(GDE), com idade de 90 dias e peso médio de 224mg, no início dos experimentos. A indução do diabetes foi feita através de injeção de estreptozotocina. O treinamento aeróbico durou 4 semanas e foi realizado em esteira adaptada. Após o tratamento, os animais foram anestesiados e sacrificados. Em seguida os gastrocnêmios foram retirados e preparados para imunoistoquímica. O material foi cortado em criostato. Para incubação com Anti Glut-4 feito em coelho, diluição de 1:200, utilizou-se anti coelho conjugado com fluoresceína na concentração de  1:100. A análise morfométrica consistiu na análise de imagens obtidas utilizando microscópio acoplado a câmera digital. A partir da imunomarcação, foram obtidas fotografias onde, de cada foto, foram analisadas 5 membranas marcadas e 5 não marcadas.Utilizou-se o programa para análise de imagem Imaje J. Para a análise estatística foi utilizado o programa GraphPad-Prism 5. O teste aplicado foi ANOVA com pós teste de BONFERRONE e considerando a significância menor ou igual a 0,05.

RESULTADOS:

Comparando as médias dos pesos, o GC (281.9g ±34,3) e o GE (278.3g ±29.7) apresentaram diferenças para o GD (217.5g ±6.1) e GDE (213.7g ±7.1). O peso dos animais diabéticos diminuiu, característico do quadro diabético pelo aumento do catabolismo. Para o consumo de ração e de água observou-se que o GC (19,77g ±3,5) (27,54ml ±8,2) e o GE (20,24g ±3,7) (27,78ml ±7,6) apresentaram diferenças em relação ao GD (32,69g ±8,0) (127,1ml ±43,13) e GDE (30,63g ±8,4) (111,6Oml ±34,39). Em relação à glicemia, observou-se diferença significativa entre o GC (101,3mg/dL ±2,355) e GE (107,2mg/dL ±3,536) para com o GD (439,0mg/dL ±22,63) e GDE (493,9mg/dL. ±59,57). Corroborando com alguns achados, o exercício não foi capaz de promover a diminuição da glicemia. Podemos relacionar este fato à baixa intensidade do exercício realizado, já que outros estudos utilizando protocolos de alta intensidade promoveram redução dos valores glicêmicos para os grupos diabéticos submetidos ao exercício. Analisando os dados do GLUT 4, foi diferente o GD (27170 ±7804) e GDE (29750 ±1025) para com o GC (39030 ±1847) e o GE (36830. ±1173). O exercício crônico aumenta a expressão de GLUT 4, porém o protocolo de exercício aplicado foi incapaz de promover o aumento de GLUT4 na membrana da musculatura.

CONCLUSÃO:

Como apresentado nos resultados, ocorreram diferenças significativas dos animais diabéticos para os não diabéticos, demonstrando a instalação do quadro da diabetes. Houve um aumento da glicemia do grupo diabético em comparação aos outros animais. A maior disponibilidade de glicose sanguínea provoca o downregulation do GLUT 4, podendo ser este o motivo de uma menor quantificação do GLUT 4 na membrana das células da fibra muscular. Esperamos que com aperfeiçoamento dos protocolos de treinamento em modelos animais com diabetes, utilizando diferentes volumes e intensidades, o exercício induzido possa provocar adaptações positivas no metabolismo dos animais, diminuindo assim os efeitos deletérios causados pela diabetes. Podemos concluir que o protocolo de exercício proposto neste estudo não foi satisfatório para promover adaptações significativas nos parâmetros analisados dos animais diabéticos exercitados.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq, Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FUNCAP
Palavras-chave: Treinamento, GLUT 4, Diabetes tipo 1.