62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
PROMOÇÃO DA SAÚDE  DE ADOLESCENTES SURDOS: A ENFERMEGEM ATUANDO DE FORMA INCLUSIVA
Francisca Elisângela Teixeira Lima 1
Patrícia Neyva da Costa Pinheiro 1
Ires Lopes Custódio 1
Ana Paula Oliveira Queiroz 1
Francisca Roberta Barros Páscoa 1
Elaine da Silva Nunes Rocha 1
1. Dep. de Enfermagem, Universidade Federal do Ceará - UFC
INTRODUÇÃO:

A promoção da saúde caracteriza-se por ser um conjunto de atividades que favorecem o desenvolvimento do conhecimento, comportamento e atitude, visando assegurar a igualdade, oportunizar ações individuais e coletivas e proporcionar meios que permitam aos indivíduos atingirem seu potencial de saúde. Dentre os diversos meios de promover a saúde destaca-se a educação em saúde por possibilitar a construção do conhecimento para que as pessoas possam ser co-responsáveis por sua saúde desenvolvendo as habilidades necessárias para fazerem escolhas conscientes e adequadas para promoção e manutenção da saúde. Isso se acentua nos casos das pessoas portadoras de deficiência auditiva, tendo em vista que a comunicação com os surdos surge como um desafio aos profissionais que lhes prestam assistência à saúde. A barreira de comunicação é verificada na interação entre surdos e profissionais de saúde, portanto, torna-se indispensável que ambos encontrem formas de interagirem para garantir uma assistência eficiente e eficaz. Assim sendo, esse estudo teve como objetivo descrever a experiência de acadêmicas e profissionais de enfermagem em uma prática educativa com adolescentes surdos.

METODOLOGIA:

Trata-se de um relato de experiência de uma prática educativa realizada em novembro de 2009 no Instituto cearense de educação de surdos de Fortaleza-CE. Participaram do estudo alunos adolescentes portadores de surdez total do quinto ano do ensino fundamental, cuja faixa etária variava de 10 a 18 anos. Na ocasião, contamos com a ajuda da professora da turma e de uma intérprete. A atividade educativa aconteceu em cinco momentos distintos: 1) dinâmica de apresentação - realizada toda na língua de sinais, cada aluno informava seu nome e seu sinal, forma pelo qual os deficientes auditivos costumam se apresentar, o adolescente seguinte falava o seu e o do anterior e assim sucessivamente até todos terem se apresentado; 2) levantamento dos conhecimentos prévios do assunto - deu-se mediante uma conversa sobre o tema que seria explicado na qual os adolescentes eram instigados a falarem sobre o que já conheciam e as principais dúvidas sobre o assunto; 3) contextualização do tema escolhido pelos adolescentes (puberdade e cuidados com a higiene), com desenvolvimento de atividades dinâmicas, lúdicas e interativas tais como: apresentação de painéis sobre temas discutidos em subgrupos e quebra-cabeças; 4) debate acerca dos conhecimentos construídos que se deu por meio da realização de um jogo da memória; e 5) avaliação da prática educativa. Os resultados foram analisados conforme a literatura pertinente á temática. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética e pesquisa.

RESULTADOS:

A prática educativa buscou proporcionar ao adolescente surdo mais autonomia sobre sua saúde à medida que foram abordadas as mudanças ocorridas com a puberdade e os cuidados de higiene corporal. No primeiro momento, a dinâmica de integração serviu para nos aproximarmos mais com o cotidiano deles, pois foi toda realizada com a língua brasileira de sinais (LIBRAS), ajudando a descontrair os adolescentes que, no princípio, mostraram-se pouco confiantes e envergonhados. No segundo momento, houve a contextualização inicial do tema proposto, na qual os adolescentes verbalizavam seus conhecimentos prévios e dúvidas. O terceiro momento foi composto por atividades lúdicas, que despertaram o interesse e  facilitaram a produção do conhecimento dos adolescentes, os quais se reuniram em subgrupos recebendo cada grupo alguns painéis com cuidados relacionados a higiene corporal para discutirem o assunto com as pesquisadoras, a professora e a intérprete, em seguida, explicavam para os outros subgrupos o cuidado indicado no painel. Esse exercício foi bastante instigante e aumentou o interesse e participação dos adolescentes à medida que eles iam passando adiante um conhecimento adquirido, logo após houve a montagem de um quebra-cabeça também sobre os temas indicados nos painéis para a melhor fixação dos mesmos. Durante a explicação propriamente dita sobre as mudanças biopsicossociais da puberdade, os adolescentes demonstraram bastante interesse e verbalizaram muitas dúvidas, mas mostraram-se descontentes por terem de se comunicar por intermédio do intérprete. Para a avaliação dos conhecimentos adquiridos, foi realizado um jogo da memória no qual os adolescentes tinham que relacionar um ato anti-higiênico com o seu respectivo cuidado, o resultado foi satisfatório, os alunos identificaram corretamente os pares, demonstrando ter recebido bem o conteúdo ministrado. Durante a avaliação da intervenção, os alunos verbalizaram que a experiência foi positiva, pois eles possuíam muitas dúvidas sobre o tema e conseguiram saná-las e gostaram da forma como o tema foi abordado, dinâmica e lúdica, favorecendo a compreensão.

CONCLUSÃO:

Pode-se constatar que a prática educativa desenvolvida pelos enfermeiros é importante para os adolescentes surdos, visto que eles apresentam déficit de conhecimentos básicos de saúde. Portanto, é necessário que os profissionais de saúde desenvolvam estratégias de inclusão social do deficiente auditivo. A atividade foi bastante positiva, não só para os alunos que conseguiram compreender bem o tema proposto, mas também para ratificar a importância de uma formação inclusiva dos deficientes nas universidades. A partir desta experiência, os enfermeiros podem viabilizar melhor possíveis ações educativas para esta parcela da população que contemplem a principal meta da profissão: a promoção da saúde.

Palavras-chave: Surdez, Educação em saúde, Saúde Pública.