62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 5. Fisiologia
O TREINAMENTO FÍSICO AERÓBIO NA PRODUÇÃO DE ÓXIDO NÍTRICO E NA REVASCULARIZAÇÃO DO TECIDO CARDÍACO DE RATOS WISTAR
Igor Cabral Coutinho do Rêgo Monteiro 1
Jarde de Azevedo Cunha 1
Alexandra Teles Ramos 1
Raphael Gadelha Cavalcante 1
Alex Soares Marreiros Ferraz 2
Vânia Marilande Ceccatto 1
1. Instituto Superior de Ciências Biomédicas/ Universidade Estadual do Ceará- UECE
2. Departamento de Educação Física/ Universidade Federal do Piauí- UFPI
INTRODUÇÃO:

O óxido nítrico (NO) é uma das menores e mais simples moléculas biossintetizadas pelo organismo. Por encontrar-se na forma gasosa, é altamente instável e lipossolúvel, sendo sintetizado em células endoteliais a partir do aminoácido L-arginina pela ação da enzima óxido nítrico sintase (NOS). A importância do NO para a função cardiovascular tornou-se conhecida após a localização da isoforma endotelial (eNOS) no tecido cardíaco. Constatou-se também que uma função endotelial normal associada à biodisponibilidade adequada de NO é fundamental para a modulação do fluxo sanguíneo, para a agregação plaquetária e a angiogênese vascular, além do controle do tônus vascular. Dentre os diversos efeitos benéficos do exercício físico aeróbio, a melhora da função endotelial está sendo fortemente associada a uma maior estimulação na produção de NO assim como à sua biodisponibilidade vascular. Durante o exercício há um aumento no débito cardíaco e uma redistribuição do fluxo sanguíneo para a musculatura esquelética e circulação coronariana. Este mecanismo é mediado pela eNOS e podendo ser potencializada com exercícios aeróbios regulares. Diante destes fatos objetivou-se verificar a produção de NO e a revascularização cardíaca como resultado do treinamento físico aeróbio crônico em ratos Wistar.

METODOLOGIA:

Foram utilizados 12 ratos Wistar machos com idade aproximada de 90 dias. Os animais foram mantidos sob temperatura de 22 a 25 ºC, com ciclo de 12 horas claro/escuro, recebendo ração e água "ad libitum". Os animais foram divididos aleatoriamente em dois grupos: treinado com exercício aeróbio (TREI, n=6) e um grupo mantido sedentário (SEDE, n=6). O grupo TREI recebeu durante 12 semanas, 5 dias por semana, sessões de 30 minutos em esteira ergométrica adaptada. A velocidade de treinamento se iniciou com 0,4 km/h e chegou a 1,2km/h no final do treinamento. 48 horas após a última sessão de exercício, os animais foram anestesiados e sacrificados por decapitação para a retirada do coração, em que foi realizada analises histológicas e bioquímicas. A produção de NO foi determinada a partir da dosagem de seu sub-produto no tecido cardíaco, o nitrito, após maceração, extração e leitura no espectrofotômetro utilizando-se o reagente de Griess. Para a análise do diâmetro e quantificação dos capilares, foram feitas lâminas cortadas em micrótomo, coradas em hematoxilina e eosina (HE), capturada as imagens por uma câmera acoplada a um microscópio óptico e analisada pelo software Image J.

RESULTADOS:
Para a análise estatística foi utilizado o software Graphpad Prism 5.0. Como resultado pôde-se observar uma leve tendência de aumento do peso corporal no grupo TREI (340,2±7,049 g) quando comparado com o grupo SEDE (326,5±7,469 g), assim como no peso do coração (TREI: 1,064±0,041g; SEDE: 1,039±0,030g), porém sem diferença estatística. A dosagem de nitrito para a determinação da produção de NO no final das 12 semanas, se mostrou sem diferença estatística entre os grupos TREI (95,5±18,8) e SEDE (66,3±4,8), porém também apresentando uma tendência de aumento com a prática do exercício. Os resultados da análise histológica apresentaram uma diferença significativa no número de capilares do grupo exercitado (93,00/63788,82 µm2), encontrando-se acima dos animais sedentários (53,58/63788,82 µm2). Porém os valores do diâmetro capilar médio foram significativamente mais elevados no grupo sedentário (6,902µm) quando comparados com o grupo exercitado (6,368µm). A distribuição de freqüência dos capilares em relação ao diâmetro dos vasos mostra que os animais exercitados apresentaram um maior número de capilares de pequeno diâmetro, em comparação a uma maior prevalência dos capilares de grande diâmetro no grupo sedentário.
CONCLUSÃO:
Pôde-se concluir que 12 semanas de treinamento físico aeróbio foram capazes de provocar uma adaptação de revascularização no tecido cardíaco de ratos Wistar, no entanto a produção crônica de NO permaneceu inalterada quando comparado ao grupo controle. Tal fato pode ser explicado pelo longo tempo de treinamento físico ter sido capaz de promover alterações morfológicas no coração substituindo as necessidades de ajustes bioquímicos como a produção de NO, que provavelmente podem ter permanecido elevadas apenas nas semanas iniciais. Para uma melhor compreensão e confirmação desta hipótese é necessário estudos que verifiquem a produção de NO no decorrer do treinamento.
Instituição de Fomento: FUNCAP, CAPES, CNPq.
Palavras-chave: Treinamento físico, Revascularização, Tecido cardíaco.