Essa pesquisa tem como finalidade analisar a percepção ambiental a respeito da Chapada do Guimarães/Mato Grosso, a partir do contexto cultural das populações que tem contato com esta paisagem, como estes valores interferem nas decisões científicas, e que práticas com potencial emancipatório podem ser fomentadas. O município se situa no centro geodésico da América do Sul e distante 65 km da capital do estado, Cuiabá. Conhecido por suas paisagens e clima agradáveis, além de ser região de nascentes e ainda abrigar importantes sítios históricos e arqueológicos.

Pretende-se com esse estudo verificar no discurso das populações os estímulos presentes, relacionando-os à percepção ambiental. E para tanto, é necessário identificar as populações de usuários, moradores e pesquisadores relacionados à Chapada dos Guimarães e analisar se os moradores e usuários identificam os impactos ambientais provocados por sua vida cotidiana.

Apoiamo-nos em uma amostragem de 200 entrevistas semi-estruturadas, estratificadas pela hora do dia (das 7:30 às 18:30). Os sujeitos da pesquisa foram agrupados em pesquisadores, moradores e visitantes do município de Chapada dos Guimarães. A amostra de moradores da Chapada dos Guimarães foi composta de forma a estratificar geograficamente a população conforme os modelos de delineamento apresentados em Cochran (1965, p. 127-161).

Aplicamos um questionário baseado em evocações com as seguintes características: questões abertas com respostas gravadas em tempo real, listagem de palavras com ordenação por ordem de importância. As evocações foram categorizadas em grandes grupos. O produto cartesiano dos sistemas de categorias resultantes com as respostas dos indivíduos deu origem a matrizes binárias as quais foram submetidas a um procedimento de classificação por estatística implicativa e coesitiva, com o suporte do software Statistica 8.0. Para análise e compreensão dos dados obtidos, nos apoiamos nos conceitos de Habitus de Pierre Bourdieu e Topofilia de Yi-Fu Tuan.

Os resultados mostram que a Chapada dos Guimarães é apreendida principalmente quanto a características de Bem-Estar; Turismo e Lazer; História e Misticismo; Biodiversidade.

Os grupos de evocações apontam que as categorias de Bem-Estar e Biodiversidade são fortemente presente nos grupos de visitantes e pesquisadores, estando diretamente relacionado às qualidades naturais do município. No grupo de moradores, preponderam aspectos ligados à cidade, suas características e problemas, o que corrobora a idéia de Tuan.

A maior quantidade de informações convergentes se deu a respeito do cuidado da cidade em que as entidades públicas e governamentais, assim como os usuários do município seriam os responsáveis pelo cuidado. Este cuidado sempre relacionado à preservação.

Quando perguntado sobre o seu significado, sua finalidade e o que se gostava no espaço da cidade, os moradores os relacionavam ao trabalho, sustento e as dificuldades de se morar em uma cidade pequena, já os visitantes evocavam sentimentos relacionados ao lazer, descanso e bem-estar anímico, estes sempre relacionados aos atributos naturais da paisagem da Chapada dos Guimarães.

Conforme a análise das observações e das entrevistas feitas pelos coletores de dados pudemos verificar que, os sentimentos topofílicos dos moradores e visitantes relacionados ao município de Chapada dos Guimarães se diferem quanto ao mote indutor, o nível de escolaridade e a faixa etária do entrevistado. Porém, a maioria dos entrevistados traz em comum a percepção ambiental da Chapada como um lugar valorizado pelas suas características naturais, e que deve ser preservada.