Conceitualmente o processo de enfermagem (PE) é um instrumento metodológico e sistemático de prestação de cuidados, que serve à atividade intelectual do enfermeiro e que provê um guia para um determinado estilo de julgamento. Cabe salientar que o PE consiste em cinco etapas inter-relacionadas: Histórico, diagnóstico, prescrição, implementação e evolução, sendo de um meio dinâmico e sistemático de prestar-se o cuidado humano. Nesse sentido a Estratégia de Saúde da Família (ESF) se apresenta como método de reorganização dos serviços em saúde, com vista à atenção integral e contínua ao indivíduo e a família que perpassa por ações de promoção, proteção e recuperação da saúde. Assim o PE deve ser incorporado em toda instituição de saúde pública ou privada, sendo sua implementação atividade privativa do enfermeiro, devendo seus passos serem formalmente registrados no prontuário do usuário do serviço. Diante do exposto, tem-se a problemática: Os enfermeiros que atuam na ESF na cidade do Crato-CE utilizam o PE? Há implementação isolada de suas fases? Objetivou-se verificar se enfermeiros citados utilizam o PE como ferramenta metodológica do cuidado profissional, bem como observar se implementam alguma de suas fases.

Este estudo se apresenta como de natureza quantitativa, de abordagem exploratória-descritiva, desenvolvido no município do Crato, situado na região do Cariri, Sul do estado do Ceará-Brasil, nas Unidades Básicas de Saúde da Família (UBASF's) de sua zona urbana, com duração de 11 meses, tendo sido iniciado em Março de 2009 e finalizado em Janeiro de 2010. Caracterizaram-se como sujeitos da pesquisa 12 enfermeiros que desenvolvem assistência nas UBASFs referidas, escolhidos através de amostragem não-probabilística intencional, considerando a localização das unidades e a sua facilidade de acesso. Os dados foram coletados via questionário, com conjunto de perguntas invariáveis em ordem e conteúdo. A validação do mesmo fora feito pré-teste. O requisito obrigatório à participação no estudo, fora a assinatura do TCLE, após obtenção de parecer favorável nº. 2009_ 0540_ 96 FR 260504 do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de Juazeiro do Norte-FMJ conforme a resolução 196/96 do CNS/SISNEP que regulamenta a pesquisa com seres humanos.

Detectou-se que 100% dos enfermeiros não aplicam o PE na sua prática assistencial. Todavia a execução do Processo de Enfermagem nas instituições de saúde é fundamental para que o enfermeiro possa gerenciar a assistência de enfermagem e assistir o cliente de forma racional e humanística. No que tange a implementação de alguma das suas fases, verificou-se que 75% deles utilizam, enquanto 25% não. Isso demonstra que o profissional enfermeiro no ato de suas limitações, procura ainda que de forma errônea e restrita, nortear suas ações assistenciais através da metodologia científica peculiar ao cuidado, tendo em vista a organização e eficácia de sua assistência.

A utilização do processo de enfermagem não se configura como prática exercida pelos enfermeiros atuantes na Estratégia de Saúde da Família da cidade do Crato, embora com base na legislação profissional vigente, seu uso se torne obrigatório em toda instituição de saúde em âmbito nacional. Paradoxalmente existe a aplicação de algum de seus passos constituintes, o que nos leva a refletir acerca dos impasses que vão de encontro à utilização integral do PE e etapas. Com efeito, este estudo contribuiu para a aquisição de conhecimentos teóricos sobre o processo de enfermagem e sua relevância ao exercício assistencial do enfermeiro.