62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 7. Enfermagem
FAMÍLIA, SAÚDE E SOCIEDADE: DESAFIOS A PRÁTICA INTEGRADORA DO CUIDAR DE SUJEITOS ACOMETIDOS POR DA
Elizabete da Silva Câmara 1
João Bosco Filho 2
Maria Betânia Maciel da Silva 2
Maria da Silva Santana 1
Raphael Raniere de Oliveira Costa 2
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte
2. Universidade Potiguar
INTRODUÇÃO:

O envelhecimento da população é um fenômeno mundial que tem repercussões diversas. No Brasil, o aumento da expectativa de vida, por conseguinte o crescimento do número de idosos vem despertando nos pesquisadores o interesse por compreender os fenômenos sociais, culturais e biológicos que envolvem esse ciclo de vida. No que tange aos processos de desgastes destacam-se os agravos que alteram as funções cognitivas e motoras, dentre esses, a Doença de Alzheimer (DA), que é um distúrbio cerebral de etiologia desconhecida, caracterizada por uma perda progressiva e irreversível da função intelectual e motora, o que acarreta dependência parcial ou total de cuidados. Com a fragilização do idoso, o familiar torna-se o maior responsável pelo cuidado, representando muitas vezes, a pessoa mais importante na vida de um portador de DA. Será ele, o familiar, o responsável pelo bem-estar e qualidade de vida do idoso, portanto, precisará ter a sensibilidade para identificar e possibilitar o atendimento às necessidades do paciente. Diante do exposto, o estudo tem como objetivos conhecer os sujeitos cuidadores de portadores da DA de um grupo de suporte vivenciado em uma Unidade de Saúde do Município de Natal, assim como as facilidades e dificuldades vivenciadas por eles na prática cotidiana.

METODOLOGIA:

Trata-se de uma pesquisa teórico-empírica do tipo exploratória, com abordagem quali-quantitativa, realizada em uma Unidade Básica de Saúde de Natal/RN. A amostra foi constituída por 12 sujeitos cuidadores de portadores de DA. A construção dos dados ocorreu nos meses de fevereiro e março de 2010 durante as reuniões semanais do grupo de cuidadores, sendo utilizado como procedimento metodológico a roda de conversa sistematizada. Desta forma, foram construídas informações referentes a sexo, faixa etária, estado civil, escolaridade e grau de parentesco com o portador da DA, bem como os sentimentos diante desse cuidado e do sujeito acometido pela DA. Os resultados foram demonstrados através de porcentagem e da análise feita nas falas resultado da pesquisa com os cuidadores durante as reuniões.

RESULTADOS:
Os cuidadores do grupo são em sua maioria (90%) do sexo feminino com idade mais freqüente entre 51 e 60 anos; 73% são esposas dos portadores de DA e 23%  filhas;  80% são casadas;  54% dos participantes apresentam mais de 5 anos como cuidadores, percebendo renda que varia em torno de  2 a 5 salários mínimos. Dentre as dificuldades relatadas pelos cuidadores, as mais marcantes foram às dificuldades financeiras, a falta de tempo, o cansaço físico, o sentimento de impotência e a falta de apoio da família, é possível observar isso na fala dos cuidadores: "a incompreensão por parte da família que não aparece para ajudar, pelo menos para dá uma presença, um apoio financeiro e moral" e "lidar com os meus próprios sentimentos é o mais difícil". Quanto às facilidades, destaca-se aqueles que tem relação com as estratégias realizadas no grupo de apoio aos cuidadores que oportuniza a troca de informações entre os familiares, gerando um maior conhecimento sobre a doença, o que facilita o cuidado ao portador de DA, fato que pode ser observado nas falas: "sinto-me melhor com o apoio e acolhimento do grupo, sem esse grupo eu já teria desistido"; "agora eu sei que tudo que está acontecendo com ele e tudo que ele faz é por causa da doença".
CONCLUSÃO:

Conhecer o perfil dos cuidadores, assim como identificar as dificuldades e facilidades vivenciadas por eles é um ponto de partida para o planejamento mais participativo das ações do grupo no saber/fazer cotidiano dos cuidadores. As vivências compartilhadas por estes nos encontros semanais consideradas como um momento de troca de experiências, sentimentos e emoções devem ser estimulados, para que o cuidador familiar possa ampliar seu suporte emocional durante o seu processo de cuidar do portador e juntamente com os profissionais que atuam nos serviços básicos de saúde busquem caminhos que possam amenizar as dificuldades no cuidar cotidiano do portador de DA.

Instituição de Fomento: Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Universidade Potiguar
Palavras-chave: Doença de Alzheimer, Cuidador Familiar, Grupo de Apoio.