62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 4. Botânica - 8. Botânica
DIAGNÓSTICO DAS AULAS DE CAMPO NA DISCIPLINA BOTÂNICA SISTEMÁTICA NO CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE
Elaine Cristine do Amarante Matos 1
Gilda Maria do Amarante Matos 1
Ana Paula do Nascimento Prata 2
1. Depto. de Biologia, Universidade Federal de Sergipe - UFS
2. Profª. Drª.\ Orientadora Depto. de Biologia, Univ. Federal de Sergipe - UFS
INTRODUÇÃO:
A má formação pedagógica é, sem dúvidas, um dos problemas mais graves enfrentados no ensino superior. O excesso de conteúdos específicos e a falta da interdisciplinaridade entre eles formam professores que não conseguem fazer a conexão entre os conteúdos e a realidade dos alunos.  As aulas práticas e as de campo têm um reconhecido valor no processo de aprendizagem no ensino de Ciências e Biologia, inclusive da Botânica Sistemática, pois além de complementarem o conteúdo visto em sala de aula, melhoram a capacidade de observação dos caracteres taxonômicos e, devido à diversidade de fatores observados em campo, os alunos correlacionam os conteúdos aprendidos em diversas disciplinas do curso, como fisiologia, ecologia, geologia, entre outras. Apesar da sua importância no processo de ensino-aprendizagem de Botânica Sistemática, nem sempre as aulas de campo são ministradas nos cursos de graduação. O presente trabalho visa identificar os problemas mais comuns enfrentados por professores e alunos do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Sergipe durante as aulas de campo para que assim possam ser tomadas medidas para melhorar as aulas práticas.
METODOLOGIA:
A metodologia adotada neste trabalho foi a aplicação de questionários com questões abertas e fechadas. Nas questões abertas  foi utilizada a técnica de análise e abreviação do conteúdo através da confecção de paráfrase do material coletado. Os dados foram obtidos, através de aplicação de questionários, com três turmas da disciplina de Botânica Sistemática do curso de Ciências Biológicas Licenciatura (diurno e noturno) e de Bacharelado da Universidade Federal de Sergipe, Campus de São Cristóvão, no primeiro período letivo do ano de 2009 e com os professores que ministram a referida disciplina no curso. Foram  utilizadas questões abertas e dicotômicas, somando a vantagem da liberdade de respostas das questões abertas, propiciando uma melhor abordagem qualitativa,  a rapidez de aplicação e a facilitação de análise quantitativa das questões dicotômicas. Além disso foram aplicados questionários aos professores, onde os mesmos puderam relatar as suas principais dificuldades. Também se aplicou questionários aos alunos, os quais também discutiram sobre o que esperavam de uma aula de campo, o que eles já tinham vivenciado  de uma aula de campo e o que eles sugeriam melhorar.
RESULTADOS:
Os questionários aplicados aos professores indicaram os seguintes problemas: água, alimentos, roupas e equipamentos de segurança são pagos pelos alunos, assim como a diária paga ao motorista, pois as aulas ocorrem no fim de semana e a universidade só custeia durante a semana. Um professor relatou que oferece aulas práticas dentro do campus por ser mais seguro e não depender de transporte. A maioria dos alunos utilizou somente calça jeans e tênis que já tinham. Os que adquiriram botas, luvas, e kit de primeiros socorros arcaram com os custos. O pessoal de apoio ao professor são estagiários. Quanto à identificação, somente 50% afirma que os alunos identificaram o material. Os dados obtidos com as respostas dos alunos indicaram: quanto à experiência em campo 52% respondeu que sim. Em relação aos tipos de atividades que eles esperavam em campo, houve respostas mais simples como "coleta de exemplares", como também mais elaboradas, envolvendo um contexto maior daquele abordado nas aulas, como por exemplo, "pesquisa do desenvolvimento, evolução, adaptação, formação, estrutura e modificação das plantas coletadas". Quanto a sugestões e críticas: aulas de campo em locais e vegetações diferentes; melhor organização da aula; maior participação dos professores e discussão prévia do roteiro.
CONCLUSÃO:
Apesar da importância das atividades de campo na disciplina botânica sistemática, elas não têm seu valor reconhecido, sendo uma das razões as dificuldades enfrentadas por professores e alunos para a sua realização. Os questionários aplicados aos professores apontam problemas em relação à oferta de transporte pela instituição, pois é necessário que os alunos e o professor paguem a diária do motorista por se tratar de aula no fim de semana. Isto acontece pelo fato de os alunos estarem com os horários repletos de aula, ou trabalharem durante o dia. Em decorrência deste fato, existe professores que preferem ministrar aula dentro do campus para não depender de transporte. Foi observada também a relevância que os alunos dão aos conteúdos de botânica sistemática, o que demonstrou o quanto estes estão atentos à ementa da disciplina, como também interessados na conexão dos conteúdos ministrados pela disciplina com as outras disciplinas do curso. As sugestões e críticas dos alunos em relação às aulas de campo da disciplina são coerentes, já que mais coletas durante a disciplina são recomendadas, principalmente em tipos vegetacionais diferentes.  Estes dados subsidiam trabalhos que tenham por objetivo dirimir tais problemas para que se tenha uma disciplina de campo de melhor qualidade.
Palavras-chave: Aulas de campo, Botânica sistemática, Ensino superior.