62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 11. Ensino-Aprendizagem
REPENSANDO A AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM NO ENSINO TÉCNICO DA ESCOLA DE ENFERMAGEM DE NATAL
Rita de Cássia Girão de Alencar 1
Márcia Rique Caricio 1
Marize Barros de Souza Araújo 1
Sheyla Gomes Pereira de Almeida 1
Rayssa Horacio Lopes 1
Cleide de Oliveira Gomes 1
1. Escola de Enfermagem de Natal da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
INTRODUÇÃO:
Após o surgimento das metodologias ativas de ensino/aprendizagem, em meados do século passado, os modos de construir conhecimento passaram a ser encarados de forma diferenciada, nos quais o estudante passa a ocupar o centro do processo de aprendizado. Suas vivências, experiências e saberes prévios influenciarão a forma como este constrói e reconstrói seus conhecimentos, de uma maneira dinâmica e processual. Assim, a avaliação não pode servir a um método inovador e ativo de ensino/aprendizagem nos moldes antigos. A avaliação da aprendizagem deve está vinculada a necessidade do discente aprender, a partir de suas preferências e da consciência que o tema avaliado será de fato relevante para sua vida profissional e pessoal. É paradoxal para um sistema que trabalha com metodologias ativas, conceber a avaliação apenas como necessidade de atribuir notas, de preferência altas, para os alunos e com isso estes serem classificados em aprovados ou reprovados, bons ou ruins, como algo estabelecido, sem possibilidades de mudanças, exceto para aqueles que se submeterem a famosa e temida prova de recuperação. Assim, propomo-nos com este relato, dialogar sobre outras formas possíveis de avaliar, que estejam mais associadas às metodologias ativas de ensino/aprendizagem.
METODOLOGIA:
A necessidade de visualizar novos caminhos para a avaliação motiva-nos a socializar algumas metodologias, utilizadas por docentes da Escola de Enfermagem de Natal da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, na disciplina Semiotécnica em enfermagem. A disciplina é de caráter teórico-prático e representa um dos pilares da formação do técnico em enfermagem na instituição. Dessa forma, a avaliação da aprendizagem deve dar conta tanto de aspectos teóricos quanto práticos, necessários a futura prática profissional. Com isso as avaliações da disciplina são realizadas de forma dinâmica e processual, muito embora, algumas vezes seja necessária a realização da prova escrita. Esta não representa uma avaliação reducionista, meramente classificatória ou tradicional, visto que após a realização da prova, que é produzida em seqüência de complexidade, mesclando vários tipos de questões, e abordando aqueles conteúdos imprescindíveis de serem avaliados, os docentes corrigem as avaliações a partir do que fora trabalhado em sala de aula e nos textos de apoio. Após esse movimento, estas são discutidas e devolvidas aos estudantes, que tomam ciência de seus pontos fortes, fracos, e tem a possibilidade de refazê-la, retificando as questões incorretas, justificando a forma correta estudada.
RESULTADOS:
A avaliação supracitada leva os discentes a repensar as próprias respostas e desenvolver uma visão crítica acerca dos temas abordados. Com a possibilidade de refazer as questões, anexando-a a avaliação antiga, proporcionando um momento extra de estudo do conteúdo trabalhado. Esta é uma maneira de avaliar diferente das que os estudantes tradicionalmente são habituados, o que em algumas vezes, leva os mesmos a surpreenderem-se com a devolução da avaliação pelos docentes, solicitando a correção. Embora, compreendamos que é uma avaliação voltada a qualidade do que o aluno aprende e não apenas a quantificar este aprendizado, percebemos que na estrutura formal de ensino que é regida por notas e não por conceitos há uma dificuldade maior em aplicar tais métodos. Na realidade de muitas escolas técnicas isto é possível e até salutar, visto que ao final das 'disciplinas' os alunos não tem notas atribuídas e sim, conceitos de que estão aptos ou não-aptos a prosseguir na formação. É necessário enfatizar ainda, que o objetivo maior da educação é a construção coletiva do conhecimento e por isso, aqueles alunos que durante o processo não se mostram aptos, recebem uma atenção diferenciada dos docentes no sentido de recuperar suas fragilidades e avançar qualitativamente na formação.
CONCLUSÃO:
Essa nova visão de avaliação da aprendizagem, em especial, a forma de utilizar uma prova escrita, mostra-se deveras mais produtiva e dotada de significado prático para os discentes, que ao terem a chance de refazer a avaliação, podem de fato perceber seus avanços e retrocessos no processo de ensino/aprendizagem. Ela coloca o aprendizado em um patamar de construção que deve ser estimulado nos alunos diariamente, na qual a inadequação da resposta passa a ser fonte de reflexões e aprendizados. A utilização deste método de refazer a avaliação escrita, embora seja mais fácil de ser utilizado na formação de nível técnico que trabalha com conceitos, deve ser aplicado em outras realidades, visto que leva a formação de um estudante capaz de perceber seus erros e acertos e refletir sobre ambos, construindo e reconstruindo seu conhecimento a cada dia. Deve-se atentar a cada dia para uma reformulação das práticas de avaliação, pois é imperante a necessidade de trabalhar com metodologias ativas de ensino/aprendizagem, na qual o estudante é construtor do seu conhecimento.
Instituição de Fomento: Escola de Enfermagem de Natal
Palavras-chave: Avaliação, Metodologias ativas, Mudanças.