62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 3. Educação Ambiental
SENSIBILIZAÇÃO E ENVOLVIMENTO DE MORADORES DO ENTORNO DE UNIDADES DE CONSERVAÇÃO: UM ESTUDO DE CASO
Josilene Henriques da Silva 1
Luiz Carlos dos Prazeres Serpa Alfino 2
Ana Maria da Silva 3
1. Faculdade Frassinetti do Recife- FAFIRE
2. Universidade Federal de Pernambuco- UFPE
3. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco - IFPE
INTRODUÇÃO:
O desenvolvimento do turismo praticado em unidades de conservação tem suscitado uma série de questionamentos, especialmente quanto aos impactos que pode causar no ambiente e à possibilidade de sensibilização dos visitantes. No entanto, uma das considerações que merece atenção especial, mas que, em muitos casos, vem sendo bastante negligenciada é a sensibilização da comunidade local e sua participação no desenvolvimento turístico dessas áreas naturais protegidas. Nesse sentido, o presente trabalho buscou identificar de que forma a comunidade localizada no Parque Nacional do Catimbau - cujo principal atrativo são os sítios arqueológicos - dentro dos limites do município de Buíque, vem se relacionando com a atividade turística, e até que ponto se sente responsável pelo lugar. De igual modo, buscou-se relacionar os benefícios percebidos por esses moradores em relação àquela prática. Assim, acredita-se que a importância do presente trabalho se refere à problematização sobre como envolver a população local ou do entorno na sensibilização ambiental e na gestão da atividade turística praticada em unidades de conservação - UCs.
METODOLOGIA:
Os procedimentos metodológicos tiveram como base a pesquisa qualitativa, por meio de estudo de caso, e foram constituídos em duas etapas: pesquisa documental e pesquisa de campo. A primeira corresponde ao levantamento de referências sobre o tema e de análises anteriores sobre o turismo praticado no Parna Catimbau, que é integrado por parte dos municípios de Ibimirim, Tupanatinga e Buíque. A segunda etapa foi realizada através de entrevistas e conversas informais com moradores e guias atuantes na referida UC - membros da Associação de Guias de Turismo do Catimbau - AGTURC, além de um questionário direcionado ao representante do Instituto Chico Mendes - ICMBio - órgão responsável pela gestão dos parques nacionais.
RESULTADOS:
Os resultados obtidos pela pesquisa revelaram que a população, em sua maioria, não é envolvida na atividade turística, talvez porque as ações de sensibilização dos moradores pelo órgão gestor não foram iniciadas. Nesse sentido, alguns entrevistados foram categóricos ao informarem que ainda há caça e retirada de madeira no interior do parque. A justificativa é que essas atividades são necessárias a sua 'sobrevivência'. Segundo informações do responsável ICMBio, como o Plano de Manejo está no início, as fiscalizações no interior da unidade são esporádicas. No que se refere à participação, tem-se a criação do Conselho Gestor em andamento com 14 membros da sociedade civil dos três municípios que integram o parque. Mas para a maioria desses envolvidos, uma das principais preocupações está relacionada às desapropriações de suas terras. Receio existente desde a criação dessa UC em 2002. Período em que alguns sítios arqueológicos foram danificados por alguns moradores com o intuito de retirar suas propriedades da área demarcada para criação do parque. Com relação ao modo como o turismo é visto, percebeu-se que não existe consenso entre os moradores. Assim, os que usufruem algum benefício são favoráveis à atividade. Outros, no entanto, não têm nenhum julgamento à cerca dessa questão.
CONCLUSÃO:
Uma das poucas atividades permitidas nos parques nacionais, o ecoturismo envolve uma série de definições, mas de certo modo, critérios como conservação e educação ambiental (sensibilização) fazem parte da ideia geral que norteia a atividade. Sendo a proteção um dos aspectos mais importantes nessa relação. Assim, a possibilidade de uso do ambiente confere ao ecoturismo um valor que, por sua vez, é justificativa à conservação. Nesse sentido, destaca-se a importância do plano de manejo, cujo processo está em início no Catimbau, além do incentivo à participação da população na direção daquela atividade e na gestão da UC para que mais pessoas possam ser beneficiadas com a atividade turística, não apenas os guias locais. Além disso, essa UC deveria ser estruturada de modo a contribuir com o desenvolvimento da região, conforme previsto pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação - SNUC, integrando os municípios que formam o referido parque. Para tanto, a iniciativa de formação do conselho gestor é legítimo; entretanto, sem uma verdadeira sensibilização ambiental (emancipatória) dos envolvidos, bem como da comunidade como um todo, dificilmente se alcançará uma verdadeira integração e os objetivos do parna ficarão sempre em segundo plano.
Palavras-chave: Unidades de conservação, Sensibilização ambiental, População local.