62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 14. Zoologia - 2. Comportamento Animal
FREQUÊNCIA DE CANTO DIÁRIA E LEVANTAMENTO QUANTITATIVO DO SABIÁ-BRANCO Turdus leucomelas NO CAMPUS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ.
Luis Fernando Teixeira Nascimento 1
Leiliany Negrão de Moura 1
Amanda de Almeida Monte 1
Duan da Silva Brito 1
Maria Luisa da Silva 1
1. Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará - UFPA
INTRODUÇÃO:
Os animais precisam se comunicar, ou seja, trocar informações que permitem a sobrevivência e a reprodução. O canto, sinal sonoro emitido por animais de diversos táxons entre eles as aves, tem como função biológica primordial o reconhecimento específico. O Sabiá-branco Turdus leucomelas (Aves, Passeriformes, Turdinae) tem uma distribuição ampla pela América do sul e é encontrado em ambientes florestais semi-abertos e jardins. O macho emite seu canto durante o período reprodutivo para manter o território e atrair a fêmea. O ecossistema urbano oferece uma oportunidade especial para o estudo de aves. Tais estudos mostram-se importantes, pois nos permitem entender a dinâmica populacional de diversas espécies de aves. Trabalhos sobre estimativas populacionais possuem grande importância, pois através deles é possível estimar o tamanho das populações através de variações de abundância em escala temporal e espacial, identificando desta forma interações ecológicas relevantes à dinâmica populacional. O presente trabalho objetiva identificar a frequência de emissão do canto ao longo de um ciclo nictemeral mensalmente para ter indícios de definição do período de reprodução e estimar a abundância do Sabiá-branco no campus da UFPA.
METODOLOGIA:
A área de estudo foi o campus da Universidade Federal do Pará (UFPA), onde é comum o contato visual e/ou auditivo com a espécie T. leucomelas. Nas observações em campo utilizamos binóculos Nikula 7X50 e caderneta de campo para anotações. O registro da frequência de emissão de canto foi realizado em dois pontos. Registramos as emissões sonoras de um indivíduo ao longo de um ciclo nictemeral de atividade, com início às 5h15' e término às 19h30'. Anotamos o minuto no qual a espécie emitiu seu canto, procedimento realizado mensalmente. Utilizamos o método de amostragem por pontos para o levantamento quantitativo da população da espécie no campus. O método consiste em determinar pontos fixos com a distância de pelo menos 200m entre eles, abrangendo toda a área de estudo. Através do programa de computador Google Earth, marcamos 15 pontos de escuta. Em um dia de trabalho de campo, 5 pontos eram visitados, com permanência de 20 minutos em cada ponto, registrando-se os contatos auditivos e/ou visuais com a espécie em questão. Os pontos foram escolhidos de forma aleatória, através de sorteio. A sobreposição sonora dos indivíduos é evitada com a distância entre os pontos e a percepção visual ajuda a determinar a localização do individuo.
RESULTADOS:
Para registro da frequência de canto, quantificamos os minutos que o canto foi emitido, com registros mensais ao longo de um dia de atividade, no período de janeiro a agosto de 2009. A espécie emitiu seu canto durante os 8 meses de estudo, no mês de janeiro houve o registro mais baixo somando 28 minutos de emissões, com ápice em julho, registrando 107 minutos de emissões. Foi observado um padrão de horário de canto no intervalo de 5h30' ás 6h30' com mínimo de 12 minutos de emissões em março e máximo de 21 minutos de emissões em julho. O período de emissão do canto, que deve corresponder ao período reprodutivo da espécie, tem seu ápice junto ao período que inicia à estação de baixa pluviosidade na região de Belém. Para o levantamento quantitativo foram obtidas 25 amostras, de maio a setembro de 2009, resultando em 118 contatos áudios e/ou visuais, resultando em um índice pontual de abundância (IPA) da espécie de 4,72, que é o número de contatos obtidos da espécie pelo número da amostra. A frequência de ocorrência (FO) da espécie, que relaciona a proporção dos dias em que a espécie foi encontrada com o número total de dias de levantamento foi de 100%, indicando que a espécie é residente e abundante na área de estudo.
CONCLUSÃO:
Durantes todo o período do estudo, janeiro a agosto de 2009, houve registro de emissões de canto, o que nos dá indícios de que há atividade reprodutiva da espécie em questão. O pico de emissão de canto corresponde à estação de baixa pluviosidade na região da grande Belém (julho a novembro), no entanto, é necessário a realização de freqüência de canto de pelo menos um ano para finalizar um ciclo reprodutivo. A espécie mostrou preferência de canto entre 5h30' e 6h30', corroborando com citações de preferência de canto em aves no início do dia. Turdus leucomelas pode ser indicado como residente e abundante no local de estudo. Acredita-se que as aves que se vêem nas cidades são principalmente aquelas que seu hábitat natural corresponde a áreas de bordas ou abertas, como é o caso do Sabiá-branco. A realização de tais estudos contribui para o melhor conhecimento e compreensão dos diversos tipos de comportamento das populações animais e suas interações com o ambiente em que vivem, possibilitando propostas e ações de proteção e conservação da fauna.
Instituição de Fomento: Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado do Pará - FAPESPA
Palavras-chave: Turdus leucomelas, Fauna urbana, Período reprodutivo.