62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 15. Formação de Professores (Inicial e Contínua)
CURSOS DE FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES ALFABETIZADORES
Gillian Mariana Luciano 1
Karina Emmanuelle de Souza 3
Débora Bastos Botelho 3
Raissa Pífano de Araujo 3
Vanessa Titonelli Alvim 3
Luciane Manera Magalhães 2, 4
1. Faculdade de Letras - FALE/UFJF
2. Deptº de Educação - FACED/PPGE/UFJF
3. Faculdade de Educação - FACED/UFJF
4. Profa. Dra./Orientadora
INTRODUÇÃO:
Os cursos de formação de professores têm importância imprescindível na constituição de profissionais capacitados para direcionar os alunos no processo de aprendizagem da leitura e da escrita nas salas de aula. Para propiciar esse processo de aprendizagem, os currículos das instituições de formação devem estar alicerçados na articulação teoria-prática. No entanto, observamos, ainda hoje, um distanciamento existente entre conhecimentos teóricos/aplicados e universidade/campo de trabalho. Essa cisão é concebida como a grande lacuna da formação docente, baseada, muitas vezes em currículos com uma racionalidade técnica (SCHÖN, 1992), em que se priorizam os estudos teóricos, para posteriormente desenvolver estudos referentes à prática docente. A presente pesquisa foi realizada com o objetivo de se investigar três eixos fundamentais do processo de formação inicial do professor alfabetizador, quais sejam, (i) os cursos que atualmente oferecem formação inicial de professores alfabetizadores, no município de Juiz de Fora/MG; (ii) a relação teoria/aplicação/prática por meio dos currículos e das disciplinas específicas da alfabetização; (iii) as metodologias de ensino empregadas pelos professores formadores.
METODOLOGIA:

Utilizando-se da interseção entre as abordagens quantitativa e qualitativa, realizamos uma pesquisa de campo que pudesse responder aos objetivos supracitados.Com base no levantamento das instituições de ensino médio e superior de formação de professores do município de Juiz de Fora - MG, constituíram-se os dados. Os instrumentos utilizados foram (i) as matrizes curriculares dos cursos normal, normal superior e pedagogia; (ii) os programas e ementas das disciplinas ligadas à alfabetização e (iii) entrevistas com os professores regentes das referidas disciplinas. A análise dos dados foi pautada na observação da relação teoria/prática por meio dos nomes das disciplinas relacionadas à alfabetização e seus respectivos conteúdos. A partir das entrevistas, pudemos constatar as metodologias empregadas nas aulas ministradas e observar se há priorização de conteúdos teóricos e/ou práticos pelos professores formadores. Analisamos, finalmente, a presença/ausência de práticas docentes que possibilitem aos alunos - e futuros professores, realizarem a transposição didática (CHEVALLARD, 1985) dos conteúdos já em sua formação inicial.

RESULTADOS:

Atualmente, o município conta com sete cursos de formação inicial, dos quais somente quatro são oferecidos ininterruptamente. Das onze disciplinas específicas da área de alfabetização oferecidas nesses cursos, seis são exclusivamente teóricas (55%); duas aliam teoria e aplicação (18%); uma alia teoria, aplicação e prática (9%); uma é exclusivamente aplicada (9%) e uma prática (9%). Isto significa que a transposição didática ficará a cargo do professor, quando se defrontar com sua primeira turma de alfabetização. Com base nas entrevistas, foi possível constatar dez dinâmicas diferentes: (i) as centradas no professor: aula expositiva (30%); apresentação de vídeo (5%) e (ii) as centradas no aluno: seminário (20%); trabalho em grupo (10%); trabalho de campo (10%); estudo de casos (5%); discussão em grupo (5%); elaboração de atividades (5%); análise de materiais (5%); pesquisa individual (5%). As metodologias centradas no professor somam 35% das ocorrências e as centradas no aluno, 65%. Entretanto, ao analisar a relação teoria/prática, observamos que 65% das dinâmicas estão pautadas nas reflexões mais teóricas e apenas 35% oferecem reflexões que propiciam ao aluno relacionar a prática aos pressupostos teóricos.

CONCLUSÃO:

A formação do professor alfabetizador está atrelada quase que exclusivamente ao Curso de Pedagogia e há uma diminuição da oferta de cursos de formação inicial na área. Com relação às disciplinas ligadas à alfabetização, pudemos constatar a soberania das disciplinas teóricas em relação às práticas. A diversidade de metodologias vislumbradas pelos professores formadores, ora conjugam teoria e prática, ora priorizam a teoria. Consideramos que a aprendizagem de conteúdos teóricos não é condição suficiente para determinar o bom desempenho do profissional. Conforme Mello (2000), "a prática do curso de formação docente é o ensino, portanto cada conteúdo que é aprendido pelo futuro professor em seu curso de formação profissional precisa estar relacionado com o ensino desse mesmo conteúdo na educação básica." Finalmente, destacamos a necessidade da criação de políticas públicas que incentivem a formação inicial do professor alfabetizador com um currículo que propicie aos alunos a transposição didática dos conteúdos aprendidos no curso de formação. Investir na formação do professor reflexivo parece ser uma alternativa plausível para que se possa contribuir para a melhoria do processo ensino/aprendizagem da leitura e da escrita por crianças de escolas públicas.

Instituição de Fomento: PROPESQ/PROVOQUE/UFJF
Palavras-chave: Formação de Professores Alfabetizadores, Cursos de Formação Inicial, Metodologias de Ensino.