A educação como processo de humanização necessita, para cumprir a sua tarefa, de um profissional que reelabore os seus saberes e estabeleça uma relação dialética com as práticas cotidianas. Nesta dimensão, este profissional necessita esta, de forma constante, buscando o seu desenvolvimento pessoal, profissional e institucional. A natureza do trabalho educativo pressupõe o homem diante de outro homem, fundando-se numa relação por natureza impessoal e mediada pela apropriação e objetivações desse homem. O trabalho docente é fundamentado pela compreensão específica da docência, parte do contexto sócio-histórico do homem para produzir, a partir do conhecimento científico, uma realidade mais justa e mais igualitária, o que diferencia o trabalho do professor, que é intelectual, de outros profissionais. O professor trabalha na mediação do conhecimento como suporte básico do desenvolvimento cognitivo, afetivo, psicomotor do educando, produzindo ações que possibilitam um trabalho autônomo que busca a emancipação. Partindo deste pressuposto, e da ideia básica de que o processo de formação profissional perpassa pela ação-reflexão-ação, o trabalho aqui delineado "Formação de Professor: engajamento e compromisso" é uma pesquisa-ação crítico-colaborativo que tem a finalidade de fazer a interação entre o saber nascido do labor diário e o saber acadêmico sistematizado, dando ênfase a experiência e atuação docente dos mesmos. Então, esta é uma análise do processo de formação dos problemas docente a partir de dados oferecidos pelos próprios professores.

Tendo em vista um trabalho científico realizado em 2008 e retirando desta pesquisa o eixo: o engajamento e compromisso do professor, a pesquisa tem caráter qualitativo e colaborativo, utilizando para coleta de dados um grupo focal, formado por professores que atuam no ensino médio, na área de ciências humanas e suas tecnologias e na área de ciência da natureza, matemática e suas tecnologias a formação inicial dos membros do grupo envolvem as licenciaturas de Matemática e de Pedagogia. O ponto fundamental é a conversa sobre o processo permanente de formação profissional dirigida pelos pesquisadores, o que gera interlocuções de qualidade sobre os percalços da formação inicial e continuada.

A partir das interlocuções do grupo focal, fundamentadas pelas inquietações dos professores no primeiro encontro do GEPEC - medo de se abrir e praticar o novo, indiferença do docente face aos problemas dos alunos, docentes limitados ao livro didático, baixa auto-estima, e ausência e/ou inversão de valores e postura ética, falta de espírito de equipe e predominância de ações isoladas - podem ser produzidas as seguintes preposições:

• O professor não é hoje um mero transmissor de conhecimento, mas também não é apenas uma pessoa que trabalha no interior de uma sala de aula. Numa compreensão progressista, o professor é um dos protagonistas do processo ensino aprendizagem, portanto mediador entre o conhecimento do senso comum e o conhecimento sistematizado;
• Uma das ações básica da docência é possibilitar a organização de aprendizagens por via dos meios didáticos pedagógicos, somando, também, as novas tecnologias da comunicação e da informação;
•  O grupo entende que o compromisso do homem com o mundo só é verdadeiro quando inserido no seu contexto histórico. Isso denota que, se o professor não é participe da realidade onde produz sua docência, ele não consegue participar de forma crítica dos problemas produzidos pela realidade da escola situada em um contexto histórico, a sua ação pedagógica ecoa no vazio e não há um retorno para realidade social presente nesse contexto;
• Na prática pedagógica, ao exercer a sua principal atividade que é o ensino, o professor tem que problematizar os conteúdos, permitindo apropriação dos conhecimentos que possibilite a formação de sujeitos críticos. Essa tarefa está relacionada à organização da escola como espaço de aprendizagens.

A partir destas considerações, o trabalho de pesquisa sistematizado por estas autoras parte do processo de interlocução dialética de escutar o cotidiano das práticas pedagógicas, registrando as suas representações. Para todas as categorias analisado nos encontro do grupo focal os professores manifestam ter acumulado saberes pertinentes às implicações, dimensões e relações. Os envolvidos na pesquisas têm clareza de que há: problemas cujas soluções dependem de políticas públicas e/ou de uma gestão democrática compartilhada e problemas que dependem de atitudes comprometidas da parte do professor no exercício da docência em sala de aula e no interior da escola. Com esta certeza, os professores compreendem que o processo de formação envolve engajamento e compromisso com o fazer da docência crítica e produtiva.