62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 3. Enfermagem Médico-Cirúrgica
CARACTERIZAÇÃO CLÍNICA DOS PACIENTES COM ÚLCERAS VENOSAS ATENDIDOS NO AMBULATÓRIO DE UM HOSPITAL UNIVERSITÁRIO EM NATAL-RN
Rosana Kelly da Silva Medeiros 1
Eurides Araújo Bezerra de Macedo 1
Gabriela de Sousa Martins Melo 1
Isabelle Katherinne Fernandes Costa 1
Daliane Déborah Negreiros da Silva 1
Gilson de Vasconcelos Torres 1
1. Departamento de Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/ UFRN
INTRODUÇÃO:
Úlceras venosas (UV) são lesões crônicas dos membros inferiores, que resultam da insuficiência venosa crônica (IVC). A IVC caracteriza-se como um conjunto de alterações físicas, como o edema, a hiperpigmentação, o eczema, a erisipela e a lipodermatoesclerose, que ocorrem na pele e no tecido subcutâneo dos membros inferiores em decorrência da hipertensão venosa crônica¹. As UVs iniciam-se de forma espontânea ou traumática, têm tamanho e profundidade variáveis e as curas e recidivas são freqüentes. Geralmente aparecem na face medial da perna, próximas ao maléolo medial e possuem bordas irregulares com base granulosa, exsudato serohemático ou seropurulento e hiperpigmentação na área perilesional. Podem ser únicas ou múltiplas e é raro o leito da úlcera apresentar tecido necrótico ou exposição de tendões2,3,4. Geralmente são dolorosas e melhoram com a elevação dos membros. A dor é mais evidente quando há presença de edema e infecção5,6,7,8. A presença da úlcera provoca dores freqüentes e perda da mobilidade funcional, afetando a capacidade do indivíduo para o trabalho e comprometendo suas atividades de vida diária e de lazer9. Nesse sentido, esse estudo tem como objetivo caracterizar os aspectos clínicos dos pacientes com úlceras venosas atendidos em ambulatório.
METODOLOGIA:
Estudo analítico de intervenção do tipo terapêutico não randomizado com controle intragrupo, com o objetivo de caracterizar os aspectos clínicos dos pacientes com úlceras venosas atendidos em ambulatório. A população alvo do estudo foi composta por portadores de UV atendidos por angiologistas no ambulatório de Clínica Cirúrgica do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL), com amostra de 18 pacientes. Obteve parecer favorável do Comitê de Ética em Pesquisa do HUOL (Protocolo nº 276/09). A coleta de dados foi realizada num período de quatro meses, por meio da aplicação do instrumento de pesquisa na admissão dos pacientes ao estudo e nas dez avaliações subseqüentes, realizadas no momento das trocas da bota de Unna semanais, por um período máximo de 10 semanas. Os dados foram analisados no SPSS 15.0 e apresentados na forma de tabelas, quadros e gráficos.
RESULTADOS:
Dentre os pesquisados, 66,7% apresentaram sua primeira UV há mais de 10 anos, a maior parte dos pacientes (55,6%) apresentou recidivas.Verificamos 61,1% dos pacientes possui lesão há mais de cinco anos sem cicatrizar e 66,7% apresentaram lesão no membro inferior esquerdo, 83,3% apresentaram lesões na metade distal da perna e/ou maléolos, 88,9% apresentavam edema, hiperpigmentação e lipodermatoesclerose, enquanto 77,8% apresentavam telangiectasias, veias reticulares e veias varicosas. As circunferências do tornozelo apresentaram uma média de 24,6cm ± 2,3 e da panturrilha uma média de 37,3cm ± 4,8. A maioria dos pacientes (66,6%) referiu dor relacionada à UV, sendo 33,3% dor leve, 22,2% dor moderada e 11,1% dor intensa. Percebemos que 50,0% dos pesquisados apresentavam na admissão exsudato seroso, 33,3% exsudato serossanguinolento e 16,7% seroesverdeado. 61,1% dos pacientes apresentavam uma quantidade média de exsudato quando admitidos, 33,3% pequena quantidade e 5,6% grande quantidade de exsudato. Os tecidos de granulação e/ou epitelização nas lesões predominaram em 77,8% dos pacientes, enquanto que em 22,2% predominou fibrina. Além disso, as bordas das UVs estudadas mostraram-se delimitadas (88,9%), elevadas (61,1%), irregulares (100%), com crostas (50,0%) e maceradas (61,1%).
CONCLUSÃO:
Diante da caracterização clínica dos pacientes do estudo, identificamos uma predominância de pacientes com sua primeira UV há mais de 10 anos, ocorrência de recidivas, úlcera atual há mais de cinco anos sem cicatrizar, com acometimento do MIE, em região maleolar e/ou distal da perna, presença de edema discreto, hiperpigmentação, lipodermatoesclerose, telangiectasias, veias reticulares e veias varicosas. As circunferências do tornozelo e panturrilha foram em média de 24,6cm ± 2,3 e 37,3cm ± 4,8, respectivamente. A maioria dos pacientes referiu dor, de leve intensidade, predominando exsudato seroso, de moderada quantidade, lesões pequenas (até 50cm2), com maior quantidade de tecido de granulação e/ou epitelização e bordas delimitadas, elevadas, irregulares, com crostas e maceradas. Dessa forma, vimos que a caracterização clínica da UV apresentada em nossa pesquisa, corresponde aos sinais clínicos descritos na literatura cientifica, sendo fundamental no estabelecimento do diagnóstico e tratamento da lesão.
Palavras-chave: Úlceras venosas , Aspectos clínicos, Enfermagem.