62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 7. Oceanografia - 1. Oceanografia Biológica
DINÂMICA DA COMUNIDADE FITOPLANCTÔNICA DE UMA LAGOA EUTROFIZADA
Ione Mendes Lima 1
Eduardo Henrique Rodrigues 1
Milena Mária Assunção 1
Dorivane Cristina Oliveira 1
Diranneide Gomes Amorim 1
Maria Marlucia Ferreira 1
1. Universidade Federal do Maranhão
INTRODUÇÃO:

Uma pequena lagoa abriga uma grande quantidade de organismos que nela sobrevivem. As microalgas fitoplanctônicas em sua grande maioria constituem a base da cadeia alimentar de ecossistemas aquáticos. Sendo considerada a fonte de energia para herbívoros. São em sua maioria autotróficas, unicelulares ou coloniais. As atividades humanas são o principal fator responsável pela rápida degradação ambiental dos reservatórios em todas as faixas latitudinais (Wetzel, 2001). A forma mais comum da degradação desses ambientes é a eutrofização (Tundisi & Straskraba, 1994). Assim os organismos fotossintéticos planctônicos constituem-se como o principal grupo afetado pelo enriquecimento desordenado desses ambientes, ocasionando um aumento na densidade dos organismos, na produção primaria do sistema, modificação na dinâmica das espécies de fitoplâncton e o desaparecimento temporário de outras espécies durante certo período de tempo. As florações ocorrem em decorrência de três fatores básicos, disponibilidade de nutrientes, alta luminosidade e temperatura elevada. O presente trabalho tem por objetivo determinar a influência do aporte de nutrientes externos sobre a comunidade de fitoplancton da Lagoa do Angelim, onde são despejados diariamente grandes quantidade de esgotos domésticos.

METODOLOGIA:

A Lagoa do Angelim está localizada no sudeste da ilha de São Luis, nas coordenadas 02º 32' 23'' de latitude sul e 44º 14' 093'' de longitude oeste. Realizaram-se uma (1) coleta por mês no período de agosto/2008 a dezembro/2008 em quatro pontos fixos, diferentes e pré-determinados da lagoa (p1 saída de esgoto, p2 centro da lagoa, p3 margem esquerda da lagoa, p4 margem direita da lagoa) a uma profundidade de 0,5 m. Para obtenção de amostras qualitativas e quantitativas foram realizados arrastos horizontais na superfície por cerca de cinco minutos cada, utilizando-se uma rede de fitoplancton de malha de 20 μm. Logo após as amostras foram fixadas com formalina a 4% e guardadas em frascos escuros de 250 ml. Foram confeccionadas 20 laminas por ponto para analise quantitativa utilizando o material já fixado. Para diferenciar o material do detrito em suspensão, as amostras foram deixadas para decantar por um período de vinte quatro horas e tingidas com corante rosa de bengala. A contagem foi realizada com o auxílio do microscópio com lente de aumento de 400x, empregando a técnica de contagem por pontos iluminados e sistematizados em cruz. Para todas as amostras foram contados cinqüenta (50) campos, e na identificação do material foi utilizada a chave dicotômica. 

RESULTADOS:

Comparando os dados de abundancia dos quatro (4) pontos de coleta, destacou-se o aumento na elevação da densidade de algumas espécies que compõem a comunidade fitoplanctônica. O grupo mais abundante de microalgas foi representado pelas euglenas, clorofíceas e cianobactérias respectivamente. As euglenas chegaram a formar um "bloom" algal massivo durante o período da pesquisa, atingindo a ordem de 10.000 ind.ml-¹ no ponto 2. Nesse período as espécies mais abundantes foram a Euglena próxima, Phacus longicauda, P.contortus e E.polimorpha. Em decorrência do aumento na densidade de organismos, a água passou a apresentar um aspecto esverdeado em função da presença de indivíduos clorofilados. As clorofíceas foram moderadamente abundantes nos pontos 3 e 4. Os organismos mais expressivos foram: Eutetramorus, Chlorella, Scenedesmus protuberans e Pediastrum privum. As cianobactérias são facilmente encontradas no ponto 1 devido a sua elevada concentração de dejetos humanos. As espécies que mostram essa relação de aporte de efluentes domésticos para ambientes aquáticos com abundancia de indivíduos são: Anaebana circinalis, Oscillatoria boryana e O.simpilcissima. A eutrofização artificial da Lagoa é o principal fator da sua degradação e alteração da potabilidade da água. 

CONCLUSÃO:

O aporte de nutrientes em excesso para corpos d'água influência na dinâmica populacional do fitoplancton, na produção primaria do ambiente aquático, no consumo do oxigênio dissolvido, na mortandade de peixes e no aumento de odores desagraveis, causando o envelhecimento rápido do ecossistema aquático. Em relação à dinâmica da população fitoplanctônica, ocorre o desaparecimento temporário de indivíduos bem como a elevação da densidade de outros. Portanto, a Lagoa do Angelim se enquadra nos quesitos acima descritos sendo considerada um ambiente eutrofizado.    

Palavras-chave: Nutrientes, Floração, Fitoplancton.