62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 14. Ensino Superior
ARGUMENTO DE INCLUSÃO: PERFIL E TRAJETÓRIA DOS ESTUDANTES NO PRIMEIRO ANO UNIVERSITÁRIO
Thaise Gomes de Carvalho 1
Thalyne Medeiros da Costa 1
Karine Symonir de Brito Pessoa 2
Nathalia Costa Viana Neves 3
Betania Leite Ramalho 1
1. Departamento de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN
2. Departamento de Estatística, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN
3. Departamento de Química, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN
INTRODUÇÃO:
A problemática do acesso ao Ensino Superior vem sendo bastante discutida, no Brasil e no mundo, e recebe destaque quando a temática passa a fazer parte das políticas públicas do país para a Educação Superior. Essas políticas partem do pressuposto de que a educação é um fator determinante na construção do desenvolvimento social e econômico de uma nação e, portanto, a Universidade Pública deve envolver-se com essa causa ampliando a matrícula dos estudantes de classes sociais economicamente desfavorecidas. A UFRN (desde o Processo Seletivo de 2006), implementou o Argumento de Inclusão (AI), uma política afirmativa que consiste em um sistema de pontuação adicional concedida aos alunos de escolas da rede pública. Essa política toma como referência critérios socioeconômicos e do desempenho dos candidatos no processo seletivo. O presente trabalho objetiva traçar o perfil socioeconômico dos aprovados egressos da rede pública de ensino no vestibular 2009 e investigar a trajetória desses alunos no primeiro ano na universidade, que, como explicita Coulon (2008), é um período determinante para a afiliação destes à cultura acadêmica. Com isso podemos verificar como essa política vem colaborando com a inclusão dos bons alunos da rede pública no Ensino Superior de uma universidade pública.
METODOLOGIA:
Através dos dados disponibilizados pelo Observatório da Vida do Estudante Universitário (OVE) da UFRN foi feita uma análise descritiva para apresentar o perfil modal dos 208 estudantes contemplados com o AI no processo seletivo 2009 e acompanhar a trajetória desses alunos no que concerne a integralização bem sucedida nos cursos, em seu primeiro ano na universidade, acompanhamento realizado por meio dos dados disponíveis no OVE. Autores como Charlot, Coulon, Ristoff, Boaventura de S. Santos, Ramalho e Nuñez, entre outros tem dado uma contribuição na fundamentação da problemática em questão.
RESULTADOS:
O perfil modal desses estudantes revela que são majoritariamente do sexo masculino, solteiros, têm entre 18 e 19 anos, se consideram brancos, seu grupo familiar envolve de 4 a 6 pessoas, cujo chefe é o pai. A família tem renda entre 1 e 5 salários mínimos e é ela que ajuda o estudante financeiramente, pois este não trabalha dedicando-se somente aos estudos. Os sujeitos são egressos da área urbana do interior do Rio Grande do Norte ou de bairros periféricos de Natal. Tanto o pai quanto a mãe desses estudantes não possuem o ensino fundamental completo e se ocupam em trabalhos manuais ou do lar. Cursaram o ensino médio na modalidade regular em apenas 3 anos o que indica certo comprometimento com os estudos. Estes estudantes não fizeram cursos preparatórios para o vestibular e conseguiram ingressar em cursos do Centro de Ciências da Saúde. Informaram ter escolhido esses cursos por vocação. Após o ingresso desses alunos é possível observar que, apesar do choque com a cultura acadêmica, eles não trancaram e nem reprovaram em nenhuma disciplina e mantêm notas superiores a 7, o que revela que estes estudantes além de serem bons alunos no ensino básico, continuam tendo uma trajetória de sucesso nos estudos universitários.
CONCLUSÃO:
A adoção do Argumento de Inclusão tem apresentado resultados bastante significativos proporcionando a alunos da rede pública mais oportunidades para concorrer e ingressar em cursos de elevada demanda. Essa política tem conseguido incluir os bons alunos da rede pública nos cursos da UFRN. Mas embora ações inclusivas venham sendo aplicadas na UFRN, ainda é acentuada a desvantagem em que se encontra o estudante da rede pública frente aos alunos do ensino privado no que diz respeito às chances de aprovação.
Palavras-chave: Acesso ao Ensino Superior, Estudantes da rede pública, Argumento de Inclusão.