62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 3. Clínica Médica
PREVALÊNCIA DA USO IRREGULAR DE MEDICAÇÃO ANTI-HIPERTENSIVA EM PACIENTES COM CRISE HIPERTENSIVA ATENDIDOS EM UNIDADE DE EMERGÊNCIA CARDIOLÓGICA EM CAMPINA GRANDE-PB
Janniê de Miranda Araújo 1
Francisco de Morais Lima Júnior 1
Ana Caroline Coutinho Iglessias 1
Lívia Mirella Martins Gomes 1
Jessé de Moura Lima Neto 1
Basílio Serrano Sousa Filho 2
1. Discentes de Medicina da Universidade Federal de Campina Grande -UFCG
2. Prof./Orientador - Departamento de Cardiologia - UAMED -UFCG
INTRODUÇÃO:
A precariedade do controle da Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) ainda é marcante no Brasil e em outros países. Apenas um em cada oito pacientes hipertensos é adequadamente tratado. Os fatores que mais contribuem para a falta de controle da HAS e para ocorrência das crises hipertensivas(CH) são o uso irregular de medicação e o tratamento inadequado, sendo os principais responsáveis a prescrição incorreta de anti-hipertensivos, o número insuficiente de tomadas, a associação inadequada de fármacos, a dificuldade de entender e cumprir a prescrição médica pelo paciente, entendendo-se como prescrição não apenas os medicamentos, mas todos cuidados ou providências recomendadas. A crise hipertensiva compreende uma grande variedade de situações clínicas que têm em comum elevação rápida, intensa e sintomática da pressão arterial (PA), que pode cursar com risco de deterioração rápida dos órgãos alvo e consequente risco potencial de vida. A gravidade da condição não é determinada pelo nível absoluto da PA e sim pela magnitude da sua elevação. Observa-se que a definição numérica de CH é conceitual e serve como um parâmetro de conduta, mas não deve ser usada como critério absoluto. Este estudo tem como objetivo correlacionar a inadequada adesão ao tratamento com a incidência de CH.
METODOLOGIA:
Entre os meses de setembro e dezembro de 2009 foram selecionados, em uma seqüência de casos, pacientes que procuraram atendimento no setor de emergência cardiológica do SUS do Hospital João XXIII da Cidade de Campina Grande. Na pesquisa foram incluídos pacientes que possuíam idade superior a 18 anos em vigência de Crise Hipertensiva. Após obtenção do consentimento informado estes foram submetidos a anamnese e exame físico cujos dados foram documentados em formulário padrão e posteriormente armazenados em um banco de dados. Dos 92 pacientes analisados 53 preencheram os critérios de inclusão na pesquisa. Durante o atendimento os pacientes foram questionados quanto ao diagnostico prévio de hipertensão arterial sistêmica, utilização de medicação anti-hipertensiva, se essa era realizada de forma regular ou irregular e quanto aos hábitos de vida. Embora existam vários métodos para avaliar a adesão ao tratamento da HAS, utilizamos o auto-relato, que tem uma boa correlação com o controle da PA e é particularmente importante quando o paciente admite não ter usado a medicação prescrita.
RESULTADOS:
Dos 53 pacientes analisados 34 (64,15%) eram mulheres e 19 (35,85%) eram homens e a média de idade foi de 62,01 anos. Do total, 40 ( 75,47%) eram sabidamente Hipertensos e 13 ( 24,63%) não possuíam um diagnóstico firmado de Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS). Dos 40 pacientes sabidamente Hipertensos apenas 27 (67,5%) faziam uso regular da medicação anti-hipertensiva, da forma prescrita pelo médico, e 13 (32,5%) não efetuavam o tratamento de forma regular. Observou-se ainda que, do total de pacientes analisados 14 ( 26,41%) fumavam regularmente, sendo 12 (85,71%) destes do grupo dos sabidamente hipertensos e 2 (14,29%) do grupo dos que não tinham o diagnóstico de HAS, e 39 ( 73,59%) eram não tabagistas.
CONCLUSÃO:
De acordo com a análise dos dados coletados observa-se que quase um terço (32,5%) dos pacientes que eram sabidamente hipertensos não estavam fazendo o tratamento adequado de sua doença, conforme havia sido prescrito pelo médico assistente. Isso aponta para a necessidade de intensificar a orientação dos pacientes na hora de prescrever a medicação anti-hipertensiva, alertando para as graves consequências de sua utilização de forma irregular. Uma observação pertinente a respeito dos pacientes tabagistas foi que a grande maioria estava no grupo dos sabidamente hipertensos, constituindo um alerta para que o incentivo ao não tabagismo na população geral, e principalmente nos pacientes já possuidores de doenças crônicas como a Hipertensão, não deva de modo algum ser negligenciado.
Instituição de Fomento: Complexo Hospitalar João XXIII
Palavras-chave: prevalência, medicação, crise hipertensiva.