62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 7. Fisiologia - 5. Fisiologia
ATITUDES ALIMENTARES DE RISCOS E SUA CORRELAÇÃO COM A DEPENDÊNCIA DE EXERCÍCIOS FÍSICOS
Elaine Fernanda da Silva 1
Aliane Ramalho da Silva 1
Daniel Alves Rosa 2
1. Instituto de Ciências Biológicas - Universidade Federal de Goiás - UFG
2. Prof. Dr. Orientador - Instituto de Ciências Biológicas - UFG
INTRODUÇÃO:
O descontentamento com a aparência corporal encontra-se diretamente relacionado com a exposição de corpos bonitos pela mídia e tem determinado, nas últimas décadas, uma compulsão pela busca da anatomia ideal. Influenciados rotineiramente, alguns indivíduos são condicionados a se exercitar, a cuidar de seus corpos, direcionando-os a hábitos e cuidados excessivos com a imagem corporal. Alguns estudos demonstram que aproximadamente 80% das mulheres com Anorexia Nervosa e 50% com Bulimia Nervosa, exercitavam-se excessivamente durante a fase aguda de suas doenças. A "dependência de exercícios físicos" pode ser apresentada em duas vertentes. Uma denominada de "Dependência de Exercício Físico Primária", a qual está relacionada com mecanismos fisiológicos envolvidos na gênese da dependência comportamental. A outra denominada de "Dependência de Exercício Físico Secundária" que estaria associada a um medo mórbido de engordar, onde o principal objetivo para a prática dos exercícios seria à perda e o controle do peso corporal. Desta forma, o presente trabalho buscou investigar se há uma correlação entre os níveis de dependência de exercícios físicos e a presença de atitudes alimentares de risco em homens e mulheres praticantes de atividades físicas da cidade de Goiânia-GO.
METODOLOGIA:
A pesquisa foi realizada com a aplicação de dois questionários: Escala de Dependência de Exercícios (EDE) e o Eating Attitides Test (EAT-26). Estes questionários foram aplicados em voluntários, tanto do sexo masculino quanto do sexo feminino, maiores de 18 anos de idade, e que fossem praticantes de atividades físicas. No total foram entrevistados 182 indivíduos. As aplicações foram feitas em parques públicos, pistas de Cooper e academias da cidade de Goiânia - GO. O EAT-26 foi utilizado para avaliar atitudes alimentares de risco e seu índice de gravidade. O EDE avalia a rotina de exercício, o estado emocional causado pela dependência do indivíduo às atividades físicas e os danos que esta dependência pode ocasionar na sua vida familiar e social. Por fim, foram feitos levantamentos estatísticos utilizando o teste não paramétrico de Mann Whitney para as variáveis que não apresentaram distribuição normal. O grau de correlação entre as pontuações obtidas em cada questionário foi obtido por meio do coeficiente de correlação de Pearson. Os dados foram expressos nos valores de média ± desvio padrão para as variáveis com distribuição normal ou mediana [Intervalo Interquatil] para as variáveis com distribuição diferente da normal. O nível de significância adotado foi de 5%.
RESULTADOS:
Das 182 pessoas entrevistadas, 72 eram do sexo feminino e 110 do sexo masculino. Os indivíduos que constituíram a amostra possuíam uma média de idade de 30,8 ± 10,3 anos, não havendo diferença significativa na idade entre os gêneros. Os homens apresentaram um tempo de envolvimento com a prática de atividade física maior do que as mulheres (72[138] vs 22,5 [84] meses, respectivamente). Porém, não foram encontradas diferenças significativas quanto à freqüência semanal de atividade física dos homens (5[2] dias/semana) em relação às mulheres (5[2] dias/semana), assim como, na pontuação obtida no EDE (5,6 ± 2,5 vs 5,3 ± 2,3 pontos, respectivamente). No entanto, as mulheres apresentaram maior pontuação no EAT - 26 (24,8 ± 10,8) do que os homens (17,2 ± 10,2). O teste de correlação de Pearson mostrou valores positivos nas pontuações obtidas nos dois questionários tanto para as mulheres (R=0,55, p<0,001) quanto para os homens (R=0,36, p=0,001). Estes resultados sugerem que há uma associação mais forte entre os sintomas de dependência de exercício e atitudes alimentares de risco no sexo feminino. Assim, os altos níveis de dependência de exercícios físicos apresentados pelas mulheres podem estar associados a um possível risco para transtornos alimentares.
CONCLUSÃO:
Os dados aqui levantados mostram que os sintomas de dependência de exercícios físicos apresentados pelas mulheres podem ser explicados pela maior prevalência de atitudes alimentares de risco, sugerindo a presença de uma dependência "secundária" ao exercício físico. No entanto, estudos complementares devem ser realizados com demais instrumentos e/ou outros métodos de diagnósticos de transtornos alimentares nesta população específica.
Instituição de Fomento: Universidade Federal de Goiás
Palavras-chave: Exercício físico, Comportamento alimentar, Transtornos alimentares.