62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 11. Morfologia - 5. Histologia
Microscopia das artérias pulmonares em Chelonia mydas
Janine Karla França da Silva 1
Maria de Lourdes Freitas 1
Ewerton Viana 1
Carlos Eduardo Bezerra de Moura 2
1. Departamento de Morfologia - UFRN
2. Prof. Dr. / Orientador - Departamento de Morfologia - UFRN
INTRODUÇÃO:

A Chelonia mydas, conhecida como tartaruga verde pertence a família Cheloniidae, sendo uma das cinco espécies encontradas na costa brasileira. As tartarugas são animais que possuem respiração aérea e apesar da presença de pulmões, podem permanecer algumas horas embaixo da água, em apnéia (Oliveira, 2003; Guy et. al, 1996). Para que ocorra a condução do sangue desoxigenado ao pulmão, esses animais certamente desenvolveram adaptações do sistema cardiovascular para garantir a oxigenação durante o mergulho. Estudos voltados para a adaptação das artérias pulmonares ao mergulho são inexistentes, o que motivou as pesquisas nessa área no intuito de fornecerem subsídios importantes para posterior análise comparativa entre as espécies marinhas e aquáticas da costa brasileira.Com isso esse trabalho teve como objetivo caracterizar a histologia das artérias pulmonares relacionada com o sua fisiologia de mergulho.

METODOLOGIA:

Duas tartarugas da espécie Chelonia mydas, que vieram a óbito durante o processo de reabilitação no Aquário Natal, foram doadas ao Laboratorio de Anatomia Animal da UFRN, sob Licença do IBAMA nº 21647-1. Foram mensurados comprimento máximo da carapaça, largura curvilínea da carapaça e comprimento do plastrão de cada animal. Após biometria, os animais foram necropsiados e fragmentos das artérias pulmonares foram coletados e fixados em formaldeído a 10% por 24h. Os fragmentos foram  submetidos aos procedimentos histológicos de  inclusão em parafina, posterior microtomia e coloração com Hematoxilina e Eosina (H.E.), seguindo a metodologia proposta por Maia (1979). As lâminas permanentes confeccionadas foram observadas ao microscópio de luz Olympus BXY1, e microfotogradas pela máquina digital Sony Cyber Shot DSC-W90 para análises. Ambos com suporte acoplados ao microcomputador.

RESULTADOS:

Em termos gerais, a angioarquitetura das artérias pulmonares na tartaruga verde seguiu o padrão descrito para mamíferos (Kierszenbaum, 2008). A túnica íntima está dividida em endotélio; subendotélio e a lâmina elástica interna (elastina). A túnica adventícia, mais externa, apresentou o tecido conjuntivo com uma lâmina elástica, separando a túnica média da adventícia, bem como, pequenos vasos (vasa vasorum). Entretanto, a túnica média evidenciou predominância de fibras musculares lisas, em detrimento das fibras elásticas. Tal fato é divergente quando comparado a organização histológica das artérias pulmonares em humanos, estas assemelham-se as artérias elásticas (Wheater, 2000). Além disso, as fibras musculares não possuíam uma disposição característica dos mamíferos (Wheater,2000). Estas fibras se disponham em várias direções. Essa modificação histológica pode ser justificada como um mecanismo de resistência ao fluxo sanguíneo permitindo, assim, a mistura de sangue oxigenado e desoxigenado, pois reduzirá o calibre da artéria pulmonar (Pough, 2008). Esse desvio proposital permite que os testudines possam suspender sua respiração durante o mergulho, apnéia. Dessa forma o animal pode aproveitar melhor o sangue oxigenado armazenado previamente durante o período de apnéia.

CONCLUSÃO:

A microscopia das artérias pulmonares possui uma camada muscular mais desenvolvida que possibilita criar uma resistência capaz de igualar a pressão pulmonar à pressão sistêmica. É por meio dessa adaptação morfológica que a tartaruga realiza um desvio sanguineo, permitindo o mergulho em apnéia.

Palavras-chave: Tartaruga, Sistema cardiovascular, Mergulho.