62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 4. Química - 4. Química de Produtos Naturais
AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTICOLINESTERÁSICA DE FRAÇÕES DO EXTRATO AQUOSO DAS FOLHAS DA ESPÉCIE Duranta repens var. aurea.
Mara Dallila Sousa Alves 1
Eveline Solon Barreira Cavalcanti 1
Maria José Cajazeiras Falcão 1
Sônia Maria de Oliveira Costa 1
Jane Eire Silva Alencar de Menezes 1
Selene Maia de Morais 1
1. Laboratório de Produtos Naturais, Universidade Estadual do Ceará
INTRODUÇÃO:
Duranta repens var. aurea, conhecida popularmente como pingo-de-ouro, surgiu através de uma mutação da violeteira. Pertencente à família Verbenaceae o pingo-de-ouro é um arbusto que vem sendo largamente utilizado em jardinagem. D. repens possui folhas verde-claras e galhos bem ramificados; suas flores são roxas e aparecem em cachos. Atualmente não existem estudos químicos relacionados a essa planta. A doença de Alzheimer (DA) é uma desordem neurodegenerativa, de grande impacto sócio-econômico. Em nível celular, a DA está associada à redução das taxas de acetilcolina (ACh), diminuindo a neurotransmissão colinérgica cortical. Assim, uma das alternativas para tratar esta doença é aumentar o nível do neurotransmissor ACh no cérebro usando inibidores da enzima acetilcolinesterase (AchE). Por isso, os inibidores da AChE tornaram-se notáveis alternativas no tratamento da DA. No entanto, as presentes drogas (tacrina, rivastigmina e donezepil) com atividade inibitória AChE possuem alguns efeitos colaterais. Desta forma, torna-se de fundamental importância a busca de novos medicamentos para combater a DA. Com a finalidade de buscar novos inibidores da enzima AchE, de origem vegetal, esse trabalho tem o intuito de avaliar as frações do extrato aquoso das folhas da espécie citada.
METODOLOGIA:
As folhas frescas (300 gramas) de Duranta repens aurea foram maceradas e submetidas ao método de destilação por arraste com vapor d'água em aparelho tipo Clevenger para a extração dos constituíntes voláteis. O decoto obtido da extração dos constituintes voláteis foi congelado e em seguida liofilizado, testes fitoquímicos foram realizados posteriormente. O extrato aquoso liofilizado foi submetido a fracionamento utilizando-se solventes em ordem crescente de polaridade onde se obteve os extratos hexânico, clorofórmico, acetato de etila e etanólico. Com os extratos obtidos do fracionamento foi realizado o teste de inibição da AchE segundo a metodologia de Elmann, adaptada por Rhee et al. (2001), usando como padrão positivo a fisostigmina . Foi pesado 2 mg de cada amostra e diluído em 1ml de metanol. As amostras foram aplicadas na cromatoplaca, após a evaporação do solvente pulverizou-se uma mistura (1:1) das soluções de iodeto de acetilcolina (ATCI) e ácido 5,5-ditiobis-2-nitrobenzóico (DTNB), aguardou-se a secagem por um período de 3 a 5 minutos e borrifou-se a enzima a uma concentração de 5 U/mL, após aproximadamente 10 minutos a cromatoplaca desenvolveu uma coloração amarela e halos brancos em volta dos "spots".
RESULTADOS:
Nos testes fitoquímicos, o decoto das folhas de Duranta repens aurea apresentou teste positivo para taninos catéquicos e flabofênicos. Na avaliação anticolinesterásica o aparecimento de halos em tornos dos "spots" das amostras é indicativo de que ocorreu a inibição da enzima AChE, responsável pela hidrólise do substrato. Os halos de inibição apresentados no teste inibitório da AChE foram de 0,8 cm para o extrato hexânico, 0,8 cm para o extrato clorofórmio, 0,7 para o extrato acetato de etila e 0,7 cm para o extrato etanólico. O resultado é relevante, uma vez que os valores encontrados são bastante próximos ao do padrão utilizado, tendo como padrão a fisostigmina, cujo halo inibitório é de 0,9cm.
CONCLUSÃO:
De acordo com os resultados obtidos os extratos provenientes do fracionamento do extrato aquoso de Duranta repens aurea se mostraram bons inibidores da enzima AChE, podendo estar diretamente relacionada à presença de compostos fenólicos, como os taninos que são compostos antioxidantes, uma vez que estudos relatam uma relação entre compostos antioxidantes e atividade anticolinesterásica. Assim, os excelentes resultados obtidos estimulam a continuação do estudo, visando o isolamento de constituintes responsáveis pelas atividades obtidas, buscando novos candidatos a fármacos capazes de re-estabelecer o sistema de neurotransmissão colinérgica.
Palavras-chave: Duranta repens var. aurea, Doença de Alzheimer, Enzima Acetilcolinesterase.