62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 4. Educação Básica
SEXUALIDADE - A ESCOLA COMO ESPAÇO DE DISCUSSÃO PERMANENTE
Adriana Lins Macário 1, 2
Ione Marly Arouche Lima 1, 2
Domicília Carvalho de Aquino 1, 2
Edvilson Silva 1, 2
1. SEMED - São Luís
2. UEB Tancredo Neves
INTRODUÇÃO:
Espaço de apreensão e construção de conhecimentos, a escola é também para onde o estudante leva suas inquietações, inclusive as de cunho sócio-afetivo. Tantas dúvidas e informações equivocadas, que formam concepções deturpadas e conflituosas, refletem-se em comportamentos introspectivos ou extravagantes e agressivos. Por meio de avaliações e discussões em sala de aula, constataram-se vários problemas ligados ao mau desenvolvimento da sexualidade, que afetam não só o rendimento escolar dos alunos, mas também seus relacionamentos e sua qualidade de vida. Entre eles, destacaram-se: namoro precoce, auto-estima baixa, falta de cuidados pessoais, recorrência de gravidez indesejada e violência sexual. Esses motivos foram considerados suficientes para que a temática sexualidade fizesse parte do cotidiano escolar, deixando de ter um caráter meramente informativo e passando a ser educativo, formativo e contínuo. O trabalho em questão oferece um espaço de discussão e reflexão permanente, a escola, para fortalecer o direito à sexualidade saudável, ao prazer e ao bem-estar dos educandos e possibilitar ações preventivas das DST's/AIDS, gravidez indesejada e abuso sexual.
METODOLOGIA:
O Anexo I da UEB Tancredo Neves, em São Luís, abriu espaço para o tema Sexualidade, no seu amplo conceito, com alunos da educação básica. A trajetória deste trabalho iniciou no segundo semestre de 2009, com um grupo de quarenta alunos dos 3º e 4º ciclos. Os encontros deram-se às terças e quintas-feiras e alguns sábados durante quatro meses. Nesse período foram discutidos vários assuntos, entre os quais auto-estima, higiene pessoal, gravidez, DST's etc. Cada participante teve seu espaço para voluntariamente opinar ou expor suas dúvidas; cada resposta foi registrada por um dos coordenadores e discutida pelo grupo. Além da manifestação oral, após a exposição de filmes, documentários e relatos, os alunos exprimiram seus sentimentos e emoções através de desenhos, criação de histórias e encenações.
RESULTADOS:
Observou-se nas discussões que a família tem pouco ou nenhum auxílio no esclarecimento do tema sexualidade. Foi possível relacionar muitos tabus e mitos transmitidos pelos pais e avós com o comportamento retraído de algumas garotas: dificuldade de trabalhar com colegas do sexo oposto e vergonha de falar do próprio corpo. Alguns alunos expuseram sobre dificuldade em conciliar namoro apaixonado com dedicação aos estudos, principalmente se há iniciação sexual sem a devida orientação. Muitos alunos que apresentavam timidez para falar sobre a própria sexualidade já produziam ao final dessa etapa do projeto um discurso claro, sem embaraços, com consciência dessa dimensão do seu ser. Também houve melhora significativa nos relacionamentos entre os alunos, desenvolvimento da afetividade e respeito pela diversidade.
CONCLUSÃO:
Este trabalho soma-se aos que têm mostrado que as questões da sexualidade abrangendo os sentimentos e suas indagações, decisões a serem compartilhadas e autoconhecimento podem acontecer na escola. Essa instituição deve caminhar junto com a família na orientação da sexualidade do indivíduo, construindo relacionamentos nos quais haja liberdade de expressão, confiança e compreensão, na tentativa de saciar-lhe alguns anseios. Com o continuar do aprendizado sobre o tema, muitos alunos mostraram-se interessados em ser multiplicadores desse trabalho, levando outros a uma atitude crítica com relação à prática sexual e à influência desta em suas vidas. Ratifica-se, portanto, a importância da escola como espaço de diálogo e formação, suprindo, assim, uma necessidade social.
Palavras-chave: Escola, Sexualidade, Bem-estar.