62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
A CAPACITAÇÃO PROFISSIONAL DOS AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE EM RELAÇÃO À TUBERCULOSE NO MUNICÍPIO DE NATAL-RN.
Dândara Nayara Azevêdo Dantas 1
Marcela Paulino Moreira da Silva 1
Ramon Evangelista dos Anjos Paiva 1
Erika Simone Galvão Pinto 2
Ricardo Alexandre Arcêncio 2
Bertha Cruz Enders 3
1. Centro de Ciências da Saúde, Depto. de Enfermagem - UFRN
2. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP
3. Profa. Dra./Orientadora - Centro de Ciências da Saúde, Depto. Enfermagem - UFRN
INTRODUÇÃO:
Os agentes comunitários de saúde (ACS) são os pilares dos programas de saúde voltados para a Atenção Básica pois servem de comunicadores e tradutores desses programas para a população. Os ACS realizam a busca de sintomáticos respiratórios, promovem o acesso desses ao serviço de saúde, estimulam a educação da comunidade e prevenção de doenças. Diante disso, os agentes devem ter noção da sua importância no controle da tuberculose (TB) e uma percepção realista do seu nível de conhecimento sobre a doença e suas tarefas. Por isso, torna-se necessária a capacitação dos ACS com o intuito de fornecer conhecimento e habilidades específicas sobre a TB para minimizar a doença na comunidade. Com isso, temos como objetivos: verificar as experiências de capacitação dos ACS em relação a TB, identificar o nível de preparação dos agentes para detectar o SR e identificar a percepção acerca de sua capacidade para realizarem orientações sobre a TB e a forma de coletar o escarro. Com esse estudo propomos ressaltar a importância da capacitação dos ACS para o desenvolvimento de ações de busca e controle da TB nas comunidades para a interrupção da cadeia de transmissão da doença e diminuição de casos no Estado.
METODOLOGIA:
O estudo trata-se de um levantamento epidemiológico com abordagem quantitativa. A população selecionada foram os ACS do município de Natal-RN, que na atualidade compõe um universo de aproximadamente 646 agentes de saúde distribuídos em quatro distritos. Através da probabilística aleatória foram selecionados para compor a amostra da pesquisa, 108 ACS que trabalham em Unidades de Básicas de Saúde e Unidades de Saúde da Família. O estudo faz parte de uma pesquisa mais abrangente realizada no Município de Natal, na qual utilizou-se o instrumento estruturado da Pesquisa Operacional da Rede Brasileira de Pesquisa em Tuberculose/REDE-TB, Primary care Assesment Toll (PCAT) formado por questões abertas e fechadas. Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UFRN, realizou-se a coleta de dados do estudo no período de julho a setembro de 2009 por meio de entrevista nas Unidades no qual o agente pertencia. Para elaboração do trabalho foram escolhidos alguns questionamentos alusivos ao perfil desses profissionais, sobre a sua capacitação profissional e sobre a sua capacidade de orientar os SR em relação a TB. Os dados foram tabulados no excel e a análise realizou-se através de estatística descritiva.
RESULTADOS:
A análise dos dados demonstra que 53% possuem treinamento sobre a TB; 18% dos ACS responderam nunca ter recebido treinamento sobre a doença; 62% referiram receber material didático acerca da TB; 11% responderam nunca terem recebido; 79% sentem-se preparados para identificar SR e 6% não se sentem. A maioria, 91%, sentem-se preparados para realizarem orientações sobre a TB e 3% relataram uma deficiência na sua preparação para fornecer essas orientações. Com relação às orientações sobre a coleta de escarro, 75% referiram sentir-se preparados para essa ação, sendo que 10% não se sentem preparados para fornecer tais informações. Detecta-se que a parcela de profissionais que não sabem ou tem insegurança em executar as atividades de identificação de sintomáticos respiratórios está relacionada à deficiência na capacitação desses profissionais em relação a TB. As orientações sobre a TB à população e sobre a maneira de coletar o escarro aos SR são desempenhadas por esses profissionais. Contudo, o índice de capacitação em relação a TB apresentou-se insuficiente para exigir dos ACS o desenvolvimento de um adequado desempenho de competências no controle da TB.
CONCLUSÃO:
O ACS inseriu-se na área da saúde com o intuito de promover à saúde, prevenir e monitorar doenças e situações de risco através da formação de um elo entre a comunidade e o sistema de saúde. Com base nos resultados desse estudo, identificamos que a maioria dos ACS possui preparação para identificar SR e fornecer orientações sobre a TB e a forma de coletar o escarro. Contudo, uma parcela dessa população sente insegurança para desenvolver essas atividades. Por isso, propomos que exista um maior interesse municipal e organizacional nas unidades de saúde deste município na capacitação dos ACS em relação à Tuberculose, para assegurar aos profissionais o domínio de conhecimentos e habilidades específicas no desempenho de suas funções, e que as competências designadas a essa classe de profissionais possam ser desempenhadas de maneira eficaz, pois sem instrumentos de trabalho, aqui incluídos o conhecimento, dificulta obter bons resultados acerca das diferentes dimensões esperadas do seu trabalho.
Palavras-chave: Capacitação em saúde , Agentes comunitários de saúde, Tuberculose.