62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 4. Geografia - 1. Geografia Humana
A ORGANIZAÇÃO PRODUTIVA NO CAMPO E AS LUTAS SOCIAIS NO MUNICÍPIO DE CAJAZEIRAS - PB
Rafaelly Delmira Saraiva 1
Felipe Venceslau Silva Almeida 1
Josias de Castro Galvão 1
Phablo Jonas Oliveira Andrade 1
1. Universidade Federal de Campina Grande / UFCG
INTRODUÇÃO:
Desde o período colonial no Brasil, a luta pela terra foi marcada por conflitos, mas no Nordeste as primeiras e as principais lutas ocorreram no século XX, como a de Canudos, Caldeirão do Cariri Cearense e as Ligas Camponesas pernambucanas e paraibanas. O nosso estudo tem como foco principal a organização do espaço agrário no município de Cajazeiras no Estado da Paraíba. Então refletimos a organização do espaço agrário neste município, entendendo os processos de modernização e de implantação de novas práticas culturais camponesas, buscando verificar a predominância das estruturas produtivas antigas. Entretanto, é necessário compreendermos a história das lutas camponesas pela terra no Brasil. A forte concentração de terras constituídas desde o período colonial, através, principalmente, das Sesmarias, obstacularizou os camponeses de ampliarem suas atividades produtivas. Atualmente, as lutas dos camponeses são marcadas por diversas expropriações e violências, tendo ainda como bloqueio além da luta por terra, a falta de incentivo para o desenvolvimento técnico da produção alimentícia e a captação de recursos naturais como a água. Sabemos que no Brasil há uma grande diversidade camponesa onde expressa as diversas formas da construção de territórios e de territorialidades.
METODOLOGIA:

Para a execução do nosso trabalho, dividimos em dois procedimentos metodológicos: o primeiro consistiu de uma pesquisa bibliográfica sobre a origem do campesinato e a respeito da diversidade de práticas culturais que caracterizam a produção camponesa; o segundo, fizemos um levantamento de dados com informações obtidas na internet, IBGE, ONG`S, prefeitura municipal, órgãos estaduais e sindicato de trabalhadores rurais da cidade de Cajazeiras na Paraíba. Por conseguinte, utilizamos o trabalho de campo a fim de visitar algumas unidades produtivas, assentamentos e feiras municipais. A partir de então, elaboramos e aplicamos entrevistas e questionários para os proprietários de terras, feirantes e assentados. Utilizamos o uso de equipamentos como: máquinas fotográficas; gravadores digitais e computador portátil. E finalizamos classificando, tabulando e confeccionamos gráficos para a análise dos dados obtidos.

RESULTADOS:
Com o desenvolvimento do nosso trabalho, conseguimos identificar que o território de Cajazeiras acha-se hoje bastante fragmentado, verificando a presença de um número maior de minifúndios e pequenas propriedades. Assim, é notável que com o passar do tempo, vem acontecendo um processo de mudança na estrutura fundiária. Mesmo assim, esse mesmo território é palco de inúmeros conflitos o que gera novas territorialidades. Portanto utilizamos referências como Moreira (1997), que estuda a Paraíba em seus vários ciclos de produção agrícola e agropecuária, dando ênfase também as forças produtivas e os movimentos sociais no campo. Após visitarmos os assentamentos vimos que a maioria são beneficiados por mandalas, individuais ou coletivas, e cisternas de placas que são usadas para a produção de alimentos, caracterizando a agricultura de subsistência. O excedente é comercializado nas feiras agroecológicas na cidade de Cajazeiras, o que permite o aumento da renda familiar. Através dos resultados dos questionários aplicados, chegamos a conclusão que na agricultura dos assentamentos, em sua maioria, foi abolido o uso de agrotóxicos, mostrando que houve instrução e incentivo ao uso de técnicas naturais para a produção de alimentos orgânicos.
CONCLUSÃO:

No âmbito da nossa pesquisa, observamos em Cajazeiras um território agrário constituído em sua maioria por propriedades pequenas, mas que a luta pela terra e os movimentos sociais no campo estão muito presentes. A prática da pecuária, com o gado bovino para corte e leiteiro e a agricultura praticada que é predominantemente a de sequeiro, passam a ser comprometidadas quando há um ano seco ou abundante de chuvas.  Mas os assentamentos da cidade possuem mandalas e cisternas de placas, colaborando para a produção de alimentos agroecológicos. A importância disso é a substituição dos agrotóxicos e utilização defensivos naturais. Esses alimentos são para consumo próprio e o excedente passa a ser vendido nas feiras agroecológicas, o que gera segurança alimentar e renda para esses assentados. Portanto, Cajazeiras possui um território agrário bem compartimentado, o que nos leva a concluir que já houve um processo de mudança nas estruturas fundiárias antigas, sem no entanto alterar as estruturas produtivas.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Espaço agrário, Territorialidades, Lutas sociais.