62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências
ATIVIDADES DE EXPERIMENTAÇÃO INVESTIGATIVA E LÚDICA NA ESCOLA DE ENSINO MÉDIO
Aline Ignês Debolêto Leite 1
José Artur Cavalcante Prado 2
José Luiz da Silva 1
Noé de Oliveira 1
1. Departamento de Química- Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
2. Rede Pública de Ensino de Dourados- MS
INTRODUÇÃO:

A atividade de experimentação deve ir além do objetivo de comprovar ou de demonstrar teorias, usualmente aplicado nas escolas de ensino médio, mas apresentar o caráter investigativo que permita a desconstrução de conceitos do senso comum e sua reconstrução pela linguagem científica. O aluno deve elaborar e discutir hipóteses suas e a de seus colegas de sala, sob a mediação do professor. Assim, os significados não são impostos e sim, negociados, construídos coletivamente. O uso do material alternativo não deve substituir o material de laboratório, deve ser mais um material pedagógico de apoio, podendo ser inserido como instrumento motivador para a aprendizagem e na construção de simuladores de material convencional de laboratório. A manipulação desse material, seja na construção ou no uso dos simuladores, torna a atividade de experimentação mais lúdica, colaborando na melhoria da interação aluno/aluno e aluno/professor. O objetivo desta pesquisa foi o de apresentar um novo método a "Atividade de Experimentação Investigativa e Lúdica" na realização de atividades de experimentação que permita, ludicamente, a construção autônoma de conceitos químicos relacionados aos fenômenos observados e avaliar a sua relevância no ensino de química na escola de ensino médio.

METODOLOGIA:

As atividades foram realizadas com cerca de duzentos alunos das Escolas Estadual "Vilmar Vieira de Matos" (quatro salas) e "Ministro João dos Reis Veloso" (duas salas), na cidade de Dourados-MS. Ao término foram aplicados questionários (ao professor regente e alunos) com o intuito de avaliar o método aplicado. As atividades foram filmadas para posteriores análises. Como material de laboratório foi utilizado: mangueiras, garrafas, copos; massa epóxi; arame; tampinhas metálicas; lâmpadas incandescentes; vidros; equipo-soro; seringas hipodérmicas; bolinhas de vidro; entre outros. Como reagentes, foram utilizados: álcool; sal; água; bicarbonato de sódio; vinagre; cal virgem; indicador para base; e, óleo entre outros. Com grupos de quatro a seis alunos, de acordo com o número de alunos presentes na sala, as atividades foram conduzidas de forma investigativa a parir de uma situação problema que os alunos deveriam solucionar. Após ampla discussão os alunos apontavam uma solução. A solução deveria indicar qual o método e quais os equipamentos (usando material alternativo), que deveriam ser usados para solucionar a questão problemática. Tendo coerência com os preceitos químicos, a proposta era aceita e os alunos montavam o equipamento e executavam a atividade de experimentação.

RESULTADOS:

Na análise da filmagem e dos questionários observou-se que noventa por cento dos participantes concordou que as atividades de experimentação são possíveis de serem realizadas em sala de aula. Oitenta por cento respondeu que houve significativa construção dos conceitos que envolveram os fenômenos observados. Os professores responderam que as atividades que não foram selecionadas aleatoriamente, tiveram estreita relação com os conteúdos teóricos trabalhados com seus alunos. O tempo da atividade ficou próximo do tempo destinado a uma hora/aula. Houve melhoria na relação aluno/aluno e aluno/professor, especialmente quando os alunos elaboravam e discutiam suas hipóteses. Esses momentos ocorreram toda vez que era observado algum fenômeno no desenvolvimento da atividade. Os conceitos não eram ensinados pelo professor e sim, aprendidos coletivamente. Os professores afirmaram que as atividades provocaram em seus alunos o interesse em entender os fenômenos que aconteceram durante a atividade e suas relações com os encontrados no seu cotidiano. Seus alunos passaram a compreender que esses fenômenos não acontecem apenas nos laboratórios ou nas indústrias de transformação, mas que podem ser observados na sua casa,  na escola ou em outros ambientes de sua convivência.

CONCLUSÃO:

As atividades de experimentação com o caráter empírico/indutivista dificilmente permitem ao aluno compreender os significados dos fenômenos observados. O aluno não é incentivado em discuti-los, mas em descrevê-los. O aluno pode relatar suas observações em relação às variações de massa, volume, temperatura, cor, entre outras variáveis sem, no entanto, saber os conceitos envolvidos nos fenômenos que causaram essas variações. Já em uma atividade de experimentação investigativa e lúdica-AEIL, a participação do aluno é efetiva, é ele quem deve elaborar e discutir hipóteses que possam melhor explicar cada fenômeno observado. Ao final da atividade, será capaz de relatar não apenas a descrição dos fenômenos observados, mas, principalmente, explicá-los e relacioná-los, quando possível, ao seu cotidiano. A atividade deixa de ser obrigatória, ele não tem um roteiro a seguir, mas a sua elaboração, partindo de suas hipóteses. Ele não tem apenas que observar e descrever. Vai além. Cada fenômeno desafia-o, e aguça sua curiosidade. A voluntariedade, curiosidade, entendimento e aplicação de hipóteses, entre outras, são características presentes nas atividades lúdicas. Assim podemos concluir que o uso da AEIL pelo professor permite a construção coletiva de conceitos químicos ludicamente.

Instituição de Fomento: Centro Integrado de Análise e Monitoramento Ambiental - CInAM
Palavras-chave: Experimentação, Investigativa, Lúdico.