A infância, época de fantasias e brincadeiras, está intimamente relacionada com a descoberta e o domínio do corpo. Ao vivenciar seus primeiros anos escolares a criança cresce e se desenvolve na relação com os outros. Além disso, deve-se entender a criança como um ser que é e não um vir a ser, que se encontra inserido num determinado contexto social (DE OLIVEIRA, 2005).

O presente estudo trata-se de uma análise da didática do campo escolar do Distrito Federal e as suas mediações específicas em processos de educação do corpo na infância.

Segundo Vaz (2002), a educação do corpo não se esgota na Educação Física, mas alcança outros tempos e espaços, movimentos e expressões das instituições e de seus atores.

Nas instituições escolares infantis, onde a Educação Física não se apresenta como componente curricular, a educação do corpo, segundo Taborda de Oliveira (2003), pode ser explicitada em atividades, como, por exemplo, higiene, alimentação e brincadeiras no parque.

O objetivo do estudo foi analisar a educação do corpo no espaço e no tempo escolar, mediante observações e caracterizações da rotina e dos atores envolvidos.

O presente estudo foi realizado em duas etapas distintas. A primeira etapa ocorreu no ano de 2008 e a segunda no ano de 2009.

Em 2008, foi realizada a pesquisa bibliográfica. Neste primeiro momento houve a seleção e análise de artigos científicos relacionados ao tema infância, educação do corpo e educação física, publicados em dois periódicos nacionais nos últimos cinco anos. Além deste material foram agregados a eles, alguns textos básicos sobre a infância e sobre as características e peculiaridades da pesquisa qualitativa.

Em 2009, foi realizada a pesquisa de campo de caráter exploratório e a análise dos resultados. A pesquisa de campo foi realizada em uma Escola Classe rural da rede pública de ensino do Distrito Federal, que atendia crianças de 03 a 11 anos. Durante seis semanas entre os meses de maio e junho de 2009, houve a inserção na rotina das atividades escolares no turno vespertino. A análise dos resultados ocorreu após o termino da inserção na escola.

Diários de Campo: Relatórios diários da rotina escolar. As crianças inquietas em sala extravasam no recreio e alinham-se em filas na saída. Algumas professoras as privam do horário de parque, outras gritam, e outras as abraçam.

Roteiro de mídias: Descrição da relação escola-mídia. A escola não possui biblioteca, mas as salas de aula têm suas caixas de livros.  O comportamento das crianças em relação à mídia se reflete no modo como se vestem.

Entrevistas: Caracterização das professoras da escola. As professoras entrevistadas possuíam certa experiência profissional e relataram que a relação da escola com a comunidade era muito boa.

Desenhos: Produção de desenhos por alunos do primeiro ano do Ensino Fundamental, relatando o que gostam de fazer na escola. A maioria dos desenhos relata brincadeiras no parque e na quadra da escola.

Mediante os resultados acima apresentados algumas outras análises devem ser realizadas. Segundo VAZ (2008), tradicionalmente as práticas corporais e intelectuais ocupam espaços e tempos diferentes nos ambientes educacionais. Isto explica a distância entre as atividades corporais, realizadas no parque, ou quadra e as da sala.

O presente estudo aponta para a necessidade do estreitamento da relação entre o campo de conhecimento e atuação da Educação Física e o da Educação, evidenciando as práticas corporais como parte fundamental da formação integral da criança, tanto em processos de escolarização como em outros.

Além disso, foi concluído que a educação do corpo na escola, aonde não há Educação Física institucionalizada e disciplinar, é renegada aos momentos de recreação livre e aos tempos do corpo, o recreio, a entrada e a saída, e aos espaços do corpo, o parque, o pátio, ou de preferência do lado de fora das salas de aula.