62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 7. Planejamento Urbano e Regional - 3. Serviços Urbanos e Regionais
ESTUDO DA RELAÇÃO ENTRE A DEMANDA DE USUÁRIOS E A LOCALIZAÇÃO ESPACIAL DE EDIFICAÇÕES PARA SERVIÇOS DE ALIMENTAÇÃO EM CIDADE UNIVERSITÁRIA
Keyla Galgani Izidoro Valadão 1
Valéria Ruschid Tolentino 2
Liliana Fay 1
1. Depto de Arquitetura e Urbanismo, Univ. Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ
2. Depto de Economia Doméstica, Univ. Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ
INTRODUÇÃO:
A realização de refeições fora do domicilio, admitida como uma tendência ascendente do estilo de vida das populações em todo o mundo, já representa 25% das despesas familiares nas regiões metropolitanas brasileiras e apresenta um quadro que gera diversas implicações do ponto de vista da saúde pública (TOLENTINO, 2007). Neste trabalho, esses serviços foram considerados no âmbito do campus universitário da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro/Seropédica, considerado o maior campus universitário da América Latina com cerca de 3.024 hectares e um conjunto arquitetônico de 131.346 metros quadrados de área construída no qual se localizam 18 edificações de serviços de alimentação comercial (OTRANTO, 2000). Com a expansão universitária, proposta pelo governo federal, a UFRRJ, que tinha uma matrícula estimada em 8527 alunos de graduação em 2007, está projetada para um acréscimo de 57,28% devendo chegar a 13412 matrículas ao final desse programa de ampliação, com consequente aumento de pessoal de apoio, de docentes e da demanda por serviços essenciais como a alimentação (ADUR-RJ, 2008). Desta forma, o presente estudo teve como objetivo analisar a adequação da distribuição espacial dos estabelecimentos de alimentação relacionando-os à demanda de usuários na cidade universitária.
METODOLOGIA:
O estudo foi realizado no período de julho a novembro de 2009. Para a identificação dos usuários potenciais dos serviços de alimentação na cidade universitária foram utilizados dados secundários provenientes dos órgãos administrativos locais. O Decanato de Graduação forneceu o número de discentes matriculados no segundo período de 2009 e a estimativa de alunos até 2014; o Departamento de Pessoal disponibilizou o quantitativo de docentes e de funcionários técnico-administrativos; o Departamento de Materiais e Serviços Auxiliares forneceu o número de funcionários terceirizados; a Coordenadoria de Informática o número de alunos por departamentos, por dia da semana, para se estimar o atendimento nas unidades administrativo-acadêmicas e, o Decanato de Assuntos Estudantis forneceu o número de vagas disponibilizadas para moradia estudantil. Os dados primários, coletados com utilização de formulários pré-elaborados, incluíram visita às cantinas e entrevista aos departamentos dos cursos de graduação o que permitiu a análise da movimentação dos discentes no campus e o fluxo de atendimento nas edificações disponíveis para alimentação. Obteve-se, ainda, o mapa da cidade universitária para identificação espacial dos estabelecimentos de alimentação existentes e análise do fluxo de pessoas.
RESULTADOS:
Os resultados apontaram a comunidade universitária composta por 6.747 alunos de graduação (com projeção de atingir 14.347 até 2014), 1600 de pós-graduação; 883 docentes; 1.097 técnicos administrativos e 350 funcionários terceirizados. Constatou-se o horário de 60 minutos disponível para o almoço como um limitante para maiores deslocamentos deste público que é localizado de forma dispersa. Além disso, as demandas de alimentação no campus ultrapassam o período diurno e os dias considerados úteis tendo em vista as moradias estudantis (alojam cerca de 2000 estudantes) e a oferta de cursos noturnos. Constatou-se os pequenos lanches como uma necessidade cotidiana em todas as regiões com movimentação de publico, até mesmo naquelas de menor circulação como no Instituto de Floresta e no Departamento de Geologia nos quais se identificou a existência de ambulantes e/ou utilização de espaços improvisados dentro das edificações oficiais. As áreas de maior movimentação de pessoas como as de abrangência da moradia estudantil e do Instituto de Ciências Humanas e Sociais (cerca de 3000/dia) ainda que possuíssem alguns serviços de alimentação, suas estruturas não foram dimensionadas ao volume e a necessidade do seu publico, posto que nestas áreas foram registrados focos de serviços informais.
CONCLUSÃO:
Conclui-se que em todas as regiões das unidades administrativas e/ou acadêmicas da cidade universitária pesquisada há necessidade de espaços que sejam projetados para realização de alimentação, seja pela readequação das edificações já existentes ou construção de novas estruturas de atendimento. De um lado, os locais com maior concentração de pessoas apontaram a necessidade de redimensionamento das edificações ao número de usuários e, por outro lado, o estilo de trabalho e as longas distâncias entre as edificações também demonstraram demandas mesmo em áreas de menor movimentação de pessoas. Se, por exemplo, um local como o Centro Esportivo Universitário, não dispunha de estabelecimento para alimentação nem em suas adjacências, também houve identificação da larga utilização de serviços ambulantes e/ou de estruturas físicas não projetadas para abrigar a produção e comercialização de lanches e/ou refeições em diversas regiões, até mesmo naquelas em que havia cantinas em funcionamento. Sugere-se, portanto, a existência de um plano diretor e um código de obras que contemple ampla reestruturação dos serviços de alimentação nesta cidade universitária de forma a prover condições adequadas de atendimento à alimentação de seus usuários.
Instituição de Fomento: Decanato de Assuntos Financeiros/ UFRRJ, responsável pela gestão dos contratos dos prestadores de serviços de alimentação.
Palavras-chave: serviços de alimentação, expansão universitária, planejamento urbano.