62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 8. Genética - 5. Genética Vegetal
VALIDAÇÃO DE INICIADORES PARA SEQUÊNCIAS EXTRANUCLEARES DE FABACEAE PARA SEIS ESPÉCIES DA FAMÍLIA ANACARDIACEAE
Jônatas Fabrício Lopes 1
Cláudio José Dias Silva 2
Reginaldo de Carvalho 1
Iêda Ferreira de Oliveira 1
1. Departamento de Biologia - UFRPE
2. Instituto Agronômico de Pernambuco - IPA
INTRODUÇÃO:

A família Anacardiaceae, representada por cerca de 600 espécies, algumas exóticas e outras nativas do território brasileiro, é conhecida por seus frutos comestíveis, como cajá (Spondias lutea), ciriguela (Sp. purpurea), caju (Anacardium occidentale), umbu (Sp. tuberosa) e manga (Mangifera indica). Além disso, a aroeira (Schinus terebinthifolia) possui importância medicinal. Seqüências de DNA mitocondrial e de cloroplasto são extensivamente aplicadas para resolver problemas filogenéticos e de variação intraespecífica. Embora vários iniciadores já tenham sido desenhados para diferentes espécies vegetais, muitas outras carecem de informação genômica suficiente para seu desenvolvimento. Portanto, a extrapolação de dados de espécies com sequências nucleotídicas conhecidas para aquelas cujas informações ainda são escassas ou completamente ausentes, como para alguns membros da família Anacardiaceae, constitui valioso auxílio na elucidação de problemas no campo da genética molecular. Desse modo, o objetivo deste trabalho foi avaliar a eficiência de dois pares de iniciadores desenvolvidos para regiões extranucleares de leguminosas (Fabaceae) em diferentes espécies da família Anacardiaceae.

METODOLOGIA:

Seis espécies da família Anacardiaceae (A. occidentale, M. indica, Sc. terebinthifolia, Sp. lutea, Sp. purpurea e Sp. tuberosa) foram submetidas à extração de DNA total segundo o método CTAB 2% com modificações. Após a avaliação da qualidade e quantidade do material extraído, a concentração do DNA foi normalizada para 10 ng/uL. Em seguida, as amostras foram submetidas a PCR específica com os pares de iniciadores: Cox1 445F (5´-GCCATTCTGGAGGAGCAGTTGA-3´) / Cox1 1951R (5´-CGGTGAAGTAGGCACGSGTATC-3´) e trnLA (5´-CATTACAAATGCGATGCTCT-3´) / trnLB (5´-TCTACCGATTTCGCCATATC-3´), que amplificam uma região do gene que codifica a enzima citocromo oxidase de mitocôndria e uma região não codificante de RNAt de cloroplasto de Fabaceae, respectivamente. As amplificações foram realizadas em termociclador programado para um passo inicial de desnaturação a 96ºC por 1 minuto e 35 ciclos a 94ºC por 30 segundos, 55ºC por 30 segundos e 72ºC por 1 minuto e 20 segundos, seguido por um passo final de extensão a 72ºC por 5 minutos. Controles negativos foram realizados para verificar possível contaminação. Os produtos amplificados foram separados por eletroforese em gel de agarose 1,2% e os fragmentos identificados pela comparação com padrões conhecidos do marcador de peso molecular DNA Ladder 100 pb. 

RESULTADOS:

Experimentos de PCR são rotineiros em vários trabalhos, desde estudos de diversidade genética até identificação de espécies e variedades vegetais. A técnica combina as vantagens de aplicação em qualquer estágio de vida da planta, a partir de pequenas porções de amostra, seja material fresco ou preservado. De um modo geral, os resultados mostraram que as reações amplificaram as seis amostras consistentemente. O fragmento correspondente aos iniciadores Cox foi bastante nítido e único para todas as espécies, com comprimento em aproximado de 450 pb. No entanto, os produtos gerados para os iniciadores trnL exibiram considerável polimorfismo de tamanho, que variaram de 600 a 1500 pb. Além disso, M. indica apresentou uma banda menos intensa, embora nítida, com relação às demais espécies. De acordo com a natureza genética de cada uma das sequências em particular, os resultados reportados eram esperados. Uma vez que Cox é uma enzima altamente conservada em Eucariotos e, portanto, possui baixa taxa de mutação, esperava-se maior conservação em nível de sequência. Isto foi observado tanto pela conservação dos sítios de amplificação, quanto pela presença da banda única monomórfica. Por outro lado, trnL, por ser uma região com pequena pressão seletiva, apresentou maior polimorfismo genético.

CONCLUSÃO:

pesar de os iniciadores utilizados neste trabalho não terem sido especificamente desenhados para as seis espécies de Anacardiaceae em questão, eles foram capazes de amplificá-las satisfatoriamente. Do mesmo modo, acredita-se que testes utilizando outros membros desta família também funcionem. Em breve, espera-se submeter os produtos de PCR a reações de seqüenciamento, para análise de sua diversidade nucleotídica e possível aplicação em problemas taxonômicos e/ou filogenéticos para esta família.

Palavras-chave: Anacardiaceae, Iniciadores, PCR.