62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 5. Química de Macromoléculas
POLISSACARÍDEOS SULFATADOS EXTRAÍDOS DA MACRÓFITA AQUÁTICA Eichhornia diversifolia
Dayanne Lopes Gomes 1
Nednaldo Dantas Santos 1
Jailma Almeida Lima 1
Sara Lima Cordeiro 1
Arthur Anthunes Jacome Vidal 1
Hugo Alexandre de Oliveira Rocha 1
1. Dpto. de Bioquímica, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
INTRODUÇÃO:

Polissacarídeos são encontrados, possivelmente, em todos os seres vivos. Contudo, até alguns anos acreditava-se que o grupo dos polissacarídeos sulfatados (PS) só eram encontrados em macroalgas marinhas e animais. O interesse por estes compostos se dá por eles apresentarem uma gama de atividades farmacológicas. Recentemente foi descrita a presença de polissacarídeos sulfatados em vegetais, o que tem levado a busca por outros vegetais que apresentem esses PS em sua composição. Novos estudos do nosso grupo identificaram e caracterizaram quimicamente frações ricas em PS de macrófitas dulcícolas, incluido Eichhornia crassipes (Mart.) Solms-Laubach, e, devido à abundância e facilidade de cultivo de vegetais do gênero Eichhornia, este trabalho teve como objetivo extrair e caracterizar quimicamente extratos polissacarídicos de outra espécie, Eichhornia diversifolia (Vahl) Urban, e confrontar os dados obtidos para a outra espécie do mesmo gênero já estudada. Para tal E. diversifolia foi dividida em seis porções vegetativas e dessas foram obtidos macerados ricos em polissacarídeos hidrossolúveis. Esses foram analisados quanto ao grau de contaminação protéica, quantidade de polissacarídeos e de íons sulfato, bem como, sua composição monossacarídica.

METODOLOGIA:

Os espécimes da planta E. diversifolia foram coletados nas margens do Rio Punaú - município de Rio do Fogo/RN - levados ao laboratório, limpos, separados em porções vegetativas, como E. diversifolia possui dois tipos de folhas: as emergentes de forma ovadas, orbiculares, ou reniformes, e as submersas, lineares e membranáceas, as porções das folhas e pecíolos tiveram a derivação 1 e 2. Assim obteve-se: folha emergente - F2, pecíolo emergente - P2, folha submersa - F1, pecíolo submerso - P1, rizoma - Ri, e raiz - R. Cada porção foi desidratada, triturada e delipidada. Desse material extraiu-se os polissacarídeos por meio de proteólise (60 ºC, 12h). Os polissacarídeos sulfatados obtidos foram precipitados com 2 volumes de metanol P.A. Após secagem deste material, uma alíquota dos polissacarídeos de cada porção foi ressuspendido em água destilada e submetido às análises químicas. A presença dos PS foi identificada por eletroforese em gel de agarose em tampão PDA. Os teores de proteínas e de polissacarídeos foram determinados pelos métodos de Spector e Dubois, respectivamente. A composição monossacarídica foi determinada por cromatografia em papel e posterior densitometria computadorizada e, o teor de sulfato foi determinado pelo método Dodgson e Price.

RESULTADOS:

O grau de contaminação protéica variou entre 0% (R, Ri, P1) a 3,96 (F2), exceto para P2 que apresentou 15,02%. Esse dado corrobora os encontrados para E. crassipes cujo pecíolo foi à porção mais rica em  proteína. Mas, de forma geral, todas as partes apresentaram baixo grau de contaminação protéica em comparação a extratos obtidos de outros organismos, como por exemplo, para os da alga marrom Padina pavonia (67%). A quantidade de polissacarídeos extraída de cada porção foi quantificada e variou entre 61,36% (F2) a 97,02% (R). Quando se compara os valores de açucares de F2 com aqueles observados para as folhas de E. crassipes se verifica que eles são muito semelhantes (~61,36%), já os teores da folha subsmersa (F1) foram bem mais elevados (85,62%). Isto sugere que a menor quantidade para F2 possivelmente esteja relacionada a fatores estressantes como alta incidência de luz. Em todas frações a galactose (principal monossacarídeo), glicose, xilose e arabinose. Todas as partes apresentaram traços de íons sulfato (> 1%). Contudo, a presença de PS só foi confirmada nas porções R, P2 e F2, diferente do observado para E. crassipes, que só apresentava PS na raiz.

CONCLUSÃO:

Eichhornia diversifolia sintetiza polissacarídeos sulfatados que são encontrados na raiz, e na folha e pecíolos submersos. Estes são heteropolissacarídeos constituídos principalmente de galactose. Os dados indicam que o gênero Eichhornia seja uns dos poucos gêneros vegetais capazes de sintetizar polissacarídeos sulfatados. Estudos futuros de varredura de outros espécimes deste gênero comprovaram esta hipótese.

Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Eichhornia ssp, caracterização química, heteropolissacarídeos sulfatados.