62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 10. Geociências
PETROGRAFIA, CARACTERIZAÇÃO ESTRUTURAL E MAGNÉTICA DE BIFS DO ARQUEANO POTIGUAR
Kallyany Santayne Pinto da Silva 1
Francisco Assuero Bezerra de França 2
Laécio Cunha de Souza 3
José Humberto de Araújo 4
1. Depto. de Física Teórica e Experimental- UFRN
2. Curioso - Estudos geológicos e ambientais
3. Prof. Dr. - Departamento de Geologia - UFRN
4. Prof. Dr./Orientador- Depto. de Física Teórica e Experimental - UFRN
INTRODUÇÃO:
BIF's(Banded Iron Formations) ou Formações Ferríferas Bandadas são rochas formadas por camadas finas de magnetita intercaladas com finos leitos de cherte com hematita apresentando uma seqüência de minerais férricos e ferrosos. Geralmente são originadas de material vulcânico ou hidrotermal, que se depositaram na crosta oceânica nos períodos Paleoproterozóico ao Arqueano. Embora haja vários estudos sobre BIFs, sua origem ainda é desconhecida. Os minerais ferrosos somente são encontrados, neste tipo de rocha, antes do "grande evento da oxidação", uma brusca mudança na atmosfera terrestre que aumentou o conteúdo de oxigênio nos mares. As formações ferríferas do Domínio Rio Grande do Norte são importantes testemunhos da história do passado ambiental da Terra. Seu estudo revela as condições ambientais marinhas e vulcano-hidrotermais daquela época. Além disto, os minerais de ferro assumem alta relevância econômica. As amostras estudadas foram retiradas da formação ferrífera encaixada no provável "Greenstone Belt Serra Caiada" nos municípios de Bom Jesus e São Pedro, localizadas na microrregião do Agreste Potiguar.
METODOLOGIA:
Neste trabalho foram coletadas amostras aflorantes nos municípios de Bom Jesus e São Pedro do Potengi, no Estado do Rio Grande do Norte. As amostras foram inicialmente maceradas e submetidas a um campo magnético, possibilitando separá-las em duas partes: magnética e não magnética. Estas foram analisadas quanto as suas composições química e mineralógica, além das propriedades magnéticas através de medidas de magnetização, microscopia ótica, análise de EDX, difração de raios-X e espectroscopia Mössbauer. Os espectros Mössbauer foram obtidos utilizando-se uma fonte radioativa de cobalto 57. Os difratogramas de raios-X foram refinados pelo método Rietveld. As amostras de seções polidas e delgadas foram analisadas por microscopia ótica. As curvas de histerese das amostras foram obtidas utilizando um magnetômetro de amostra vibrante, onde foram obtidos os valores de magnetização de saturação, campo coercitivo e magnetização remanente.
RESULTADOS:
Das amostras estudadas, percebe-se nos resultados de difração de raios-X, a presença de quartzo, goetita, magnetita e hematita. A magnetita e hematita são normalmente encontradas nas formações ferríferas, sendo formadas por processo de precipitação. A petrografia da amostra de Bom Jesus evidencia uma formação ferrífera bandada com agregados de magnetita e quartzo com textura em trama de forma e nematoblástica. A amostra de São Pedro apresentou goetita, magnetita e ferro nativo. A presença de goetita foi atribuída a um processo hidrotermal posterior em ambiente secundário. O ferro nativo foi detectado através da espectroscopia Mössbauer e confirmado por difração de raios-X e medidas de magnetização. As curvas de histerese apresentadas pelas partes magnéticas apresentam diferenças em seu valor de magnetização de saturação. A amostra magnética de São Pedro apresentou um valor três vezes maior devido à presença do ferro nativo, cerca de doze por cento em massa. As amostras não magnéticas apresentam valores de saturação menores, considerando que as mesmas têm uma porcentagem maior de quartzo e os minerais hematita e goetita que são antiferromagnéticos. A ocorrência de ferro nativo na amostra de São Pedro indica que esta rocha se originou num ambiente fortemente redutor.
CONCLUSÃO:
Neste trabalho foram caracterizados os minerais contidos nos BIF's, estes foram obtidos nos municípios de Bom Jesus e São Pedro/RN. Estas rochas possuem mineralização ferrífera constituída à base de hematita e magnetita associada a rochas silicosas de natureza quartzítica detrítica. A presença de goetita nas duas amostras foi interpretada como resultado da atividade hidrotermal posterior, com infiltração de água. A evidência do Ferro nativo nas formações ferríferas tem relevantes consequências no estudo genético destas enigmáticas rochas.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Paleoproterozóico, Arqueano, BIFs.