62ª Reunião Anual da SBPC |
G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 8. Antropologia |
NOS LIMIARES DA ETNOGRAFIA: UMA EXPERIÊNCIA EM ANTROPOLOGIA VISUAL |
Taíse Chates 1 Rosana Carvalho Paiva 1 Peter Anton Zoettl 2 |
1. Programa de Pós-Graduação em Antropologia - UFBA 2. Núcleo de Antropologia Visual da Bahia - NAVBA |
INTRODUÇÃO: |
As etnografias podem ser vislumbradas não somente em teses, dissertações e livros, mas também através da representação fílmica. Algumas questões inerentes à antropologia visual serão colocadas brevemente ao logo deste trabalho, relacionando as diversas possibilidades de representação da experiência em campo e buscando aprofundamentos relativos ao caráter da chamada "antropologia visual". Este trabalho tem como objetivo discutir questões relacionadas ao curso "Antropologia Visual: entre a teoria e a prática", ministrado pelo antropólogo Peter Anton Zoettl. Assim, aborda-se tanto as questões teórico-metodológicas que foram apontadas e problematizadas em sala quanto a relação destas com o processo de produção de filmes etnográficos, a partir da experiência do curso e das discussões ocorridas a partir da exibição dos mesmos em eventos diversos. |
METODOLOGIA: |
As experiências aqui discutidas se relacionam diretamente com o curso citado acima, que contou com discussões de textos sobre a teoria e a prática etnográficas, de filmes e de questões relativas ao processo de produção dos vídeos etnográficos ao longo do curso. Como desdobramento, foi possível ampliar as discussões e aprofundá-las em atividades acadêmicas, com a exibição dos vídeos. Recursos técnicos áudio-visuais são problematizados à luz da experiência do trabalho etnográfico, da inserção no campo, relação com os informantes, convergências e divergências encontradas entre a etnografia fílmica e a dita tradicional. Quais implicações do uso de uma câmera filmadora em campo? Em que consiste o uso do zoom? Quais as vantagens e desvantagens da linguagem fílmica? A linguagem fílmica representa melhor objetivamente a "realidade"? Enquanto existem ações que podem ser melhor representadas numa etnografia fílmica, outras são melhor abordadas através das etnografias ditas tradicionais. Aqui, busca-se discutir as possibilidades de melhor aproveitar cada linguagem ao invés de hierarquizá-las indiscriminadamente. Tais questões são abordadas à luz da teoria e da prática etnográficas, tendo em vista as concepções construídas, destruídas e reconstruídas com base no curso. |
RESULTADOS: |
Três filmes etnográficos, curtas-metragens, foram produzidos durante o curso. Porém, as autoras deste trabalho estiveram envolvidas diretamente na produção de dois deles, intitulados: "Quem é de mariscar, é de mariscar..." e "Quem rege a vela?". Além disso, pode-se elencar também o aprofundamento da formação antropológica dos e das participantes no curso. Os filmes aqui citados foram apresentados e discutidos numa exibição pública em junho de 2009, em Salvador, e em algumas atividades acadêmicas: II Reunião Equatorial de Antropologia; XII Reunião de Antropólogos do Norte-Nordeste; XIV Encontro de Ciências Sociais do Norte-Nordeste e; Congresso da Associação Portuguesa de Antropologia. Dessa forma, a experiência vivenciada no curso, culminando na produção dos filmes, apresentação e discussão dos mesmos, fomentaram a construção do NAVBA - Núcleo de Antropologia Visual da Bahia, que está sendo construído e do qual as autoras deste trabalho fazem parte. |
CONCLUSÃO: |
Diante do que foi vivenciado no curso aqui exposto, este trabalho aponta a diversidade existente nas representações etnográficas, bem como a complexidade metodológica. Ou seja, tanto a etnografia fímica quanto a dita tradicional colocam ampliações e restrições em seus usos. Daí, mostra-se mais útil refletir à luz da adequação de tais perspectivas teórico-metodológicas no trabalho de campo, do que tratá-las de modo hierárquico. Numa disciplina como a antropologia, que se propõe a transitar entre universos significativos diferentes, duas necessidades são fundamentais: 1) aprofundar uma reflexão crítica acerca de seus métodos e representações e; 2) buscar um uso cada vez mais didático de suas produções, possibilitando uma comunicação mais ampla com os diversos setores sociais sobre os resultados obtidos no bojo desta disciplina. Nesse contexto, a antropologia visual se mostra altamente fértil, devido ao tratamento de questões relativas às duas necessidades pontuadas acima, favorecendo o avanço constante das questões relativas ao trabalho antropológico. |
Palavras-chave: Antropologia visual, Etnografia fílmica, Método etnográfico. |