62ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 13. Serviço Social - 5. Serviço Social da Saúde
ANÁLISE SOBRE O ACONSELHAMENTO EM DST/AIDS À GESTANTES NA ATENÇÃO BÁSICA
Débora Suelle Marcelino de Miranda 1
Cibelly Michalane Oliveira dos Santos Costa 2
Dalliana Ferreira Brito 1
Lúcia Maria Patriota 2
Severina Irene Tomaz Ferreira 1
1. Depto.de Serviço Social, Universidade Federal da Paraíba - UFPB
2. Depto.de Serviço Social, Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
INTRODUÇÃO:

A epidemia da Aids continua em patamares elevados e seu crescimento se acentua entre as mulheres. Considerando-se que 85% das mulheres infectadas pelo HIV estão em idade fértil, tem-se o problema adicional da transmissão vertical, que é responsável por 80% das contaminações em menores de 13 anos. Entre as estratégias adotadas para amenizar tal problema está a adoção da oferta do exame sorológico para o HIV a toda gestante, com aconselhamento pré e pós-teste. A prática do aconselhamento assume papel importante na quebra da cadeia de transmissão do HIV/Aids principalmente na prevenção da transmissão vertical sendo o mesmo entendido como uma prática preventiva ampla, que vai além da testagem, permeando as ações educativas em saúde. Assim, a presente pesquisa teve por objetivos conhecer as concepções de aconselhamento em DST/Aids dos profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF) e como essa prática vem sendo desenvolvida nas Unidades Básicas de Saúde da Família (UBSFs)  locais. A relevância desta pesquisa esta em conhecer as condições efetivas oferecidas aos profissionais da ESF para operacionalizar o aconselhamento de forma adequada e eficaz, já que o mesmo envolve temáticas com desdobramentos emocionais e sócio-culturais e, ainda, como essa prática se efetiva no serviço.

METODOLOGIA:
O estudo compreendeu uma pesquisa de campo com caráter descritivo e abordagem quanti-qualitativa. A amostra foi constituída por 23 profissionais de nível superior de 5 UBSFs de Campina Grande/PB. Os dados foram coletados por meio de entrevista semi-estruturada e submetidos à análise de conteúdo que objetiva compreender criticamente o sentido das comunicações, seu conteúdo manifesto ou não e as significações explicitas ou ocultas (CHIZZOTTI, 1995).
RESULTADOS:

Do total de 23 profissionais entrevistados, 17% são odontólogo (a)s, 22% assistentes sociais, 30,5% médico (a)s e 30,5% enfermeiro (a)s. 52% dos entrevistados afirmaram sua participação em capacitações voltadas para a prática de aconselhamento em DST/Aids e 48% afirmaram nunca ter participado de uma capacitação. 15% afirmaram que o aconselhamento fica a cargo da enfermeira, 23% atribuíram tal realização à médica e a enfermeira e 8% fizeram referência a auxiliar de enfermagem. 31% afirmaram a participação de toda a equipe na realização do aconselhamento. 13% dos entrevistados afirmaram que não realizam o aconselhamento. Quanto às concepções de aconselhamento identificadas, alguns profissionais enfatizaram apenas a realização do teste de HIV. Outros revelaram uma acentuada ênfase no que se refere à questão patológica/clínica da Aids. Assim o aconselhamento seria uma forma de esclarecimento da sintomatologia das DSTs, especificamente da Aids. Alguns profissionais afirmaram não saber o que é aconselhamento ou que consideram o mesmo como mera metodologia de trabalho. Quanto às dificuldades encontradas na prática do aconselhamento nas UBSFs, os profissionais se referiram principalmente as instalações físicas e falta de capacitação para tal atividade.

CONCLUSÃO:

Os resultados da pesquisa evidenciaram que o conhecimento dos entrevistados acerca da temática aconselhamento é extremamente superficial, quase todos os profissionais negligenciaram a parte de apoio emocional e de avaliação de riscos que constituem o aconselhamento, enfatizando apenas a parte educativa com ênfase na patologia, buscando esclarecer sintomas e possíveis conseqüências acarretadas pela doença, predominando nas concepções e práticas dos mesmos uma abordagem normativa, impositiva e patológica, voltada para o aconselhamento individual realizado pelo médico (a) e/ou o (a) enfermeiro (a), sem expressar preocupação com a integralidade que envolve a saúde da mulher.

Palavras-chave: Aconselhamento, Gestantes, ESF.