62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 4. Farmacotecnia
DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DE COMPRIMIDOS DE TEOFILINA DE LIBERAÇÃO PROLONGADA.
Edilene Gadelha de Oliveira 1
Anaiara Silva Machado 1
Juliana Fernandes Pereira 1
Rosana de Sousa Campos 1
Tamara Gonçalves 1
1. Departamento de Farmácia - FFOE - Universidade Federal do Ceará - UFC
INTRODUÇÃO:

As novas tecnologias no mundo farmacêutico exibem perspectivas promissoras e alternativas a sistemas convencionais. Dentre as inovações tecnológicas, estão os sistemas matriciais poliméricos de liberação prolongada. Uma das vantagens desses sistemas de liberação modificada é a redução da toxicidade do fármaco. A teofilina (1,3-dimetilxantina) é frequentemente utilizada em formulações de liberação prolongada no intuito de diminuir os efeitos adversos decorrentes do uso crônico já que se trata de um fármaco com estreita faixa terapêutica. Polímeros hidrofílicos são utilizados para modular a liberação de fármacos a partir de sistemas matriciais, nos quais estão envolvidos processos de intumescimento do polímero, difusão do fármaco e erosão da matriz. Em alguns casos, o fármaco pode estar ligado quimicamente à cadeia polimérica e ser liberado pela quebra hidrolítica ou enzimática dessa ligação. A hidroxipropilmetilcelulose (HPMC K4M CR), polímero hidrofílico bastante utilizado em comprimidos de liberação prolongada, apresenta boa capacidade de intumescimento, o qual exerce influência na cinética de liberação do fármaco incorporado. O objetivo deste estudo foi avaliar a taxa de intumescimento e a capacidade de liberação da teofilina da matriz hidrofílica contendo HPMC.

METODOLOGIA:
Foram produzidos comprimidos de liberação prolongada de teofilina 100 mg, através do método de compressão direta, com a seguinte composição: teofilina (25%), HPMC K4M CR(36,5%), celulose microcristalina (36,5%), estearato de magnésio (1%) e dióxido de silício coloidal (1%). As características físico-químicas dos comprimidos, como peso médio, dureza, espessura, diâmetro e friabilidade, foram determinadas de acordo com a Farmacopeia Brasileira. Para análise do teor do fármaco foi elaborada uma curva de calibração contendo teofilina em água destilada e quantificada por espectrofotometria. A liberação da teofilina foi avaliada conforme o método da Farmacopéia Americana 30 ed. (2007), para cápsulas de liberação prolongada (Teste 10 - pá), por um período de 8 horas, em meio aquoso, utilizando o dissolutor ERWEKA®. O ensaio de Intumescimento foi realizado em água destilada, utilizando cestas submersas em recipiente adequado, durante 4 horas. Foi utilizado o método gravimétrico (Sutananta et al. 1995a, b) e determinado o grau de intumescimento pela diferença de peso do comprimido seco e intumescido, através da seguinte relação: GI (%) = (Pf -Pi)/Pi x 100 (Efentakis et al. 1997). O ensaio foi realizado em triplicata.
RESULTADOS:

Os comprimidos desenvolvidos apresentaram-se bastante uniformes, em relação aos parâmetros físico-químicos avaliados, e de acordo com as especificações farmacopeicas. A taxa de liberação da teofilina, ao final de 8h, foi de apenas 43,66%. Este resultado encontra-se abaixo dos valores de referência da Farmacopéia Americana 30 ed. (2007). O perfil de dissolução demonstra que, ao se utilizar uma alta concentração de HPMC K4M CR (36,5%), aumenta a camada gelatinosa ao redor do comprimido, ampliando o caminho difusional percorrido pelo fármaco, dificultando a sua liberação. Além disso, a matriz hidrofílica apresentou boa capacidade de intumescimento, mantendo-se crescente durante o intervalo de tempo considerado. O ensaio de intumescimento confirma que a velocidade de hidratação é inversamente proporcional a velocidade de cedência do fármaco. Quanto maior a quantidade de HPMC na matriz, maior é sua capacidade de intumescimento, diminuindo a liberação do fármaco.

CONCLUSÃO:

De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que o polímero hidrofílico utilizado atua de forma a retardar a liberação da teofilina, agindo como barreira à rápida liberação do fármaco, controlando a hidratação do sistema e a velocidade de liberação da substância ativa. No entanto, altas concentrações do HPMC K4M CR pode controlar demasiadamente a liberação desse fármaco. Em virtude disso, novos estudos serão realizados, com quantidades reduzidas de HPMC K4M CR, a fim de obtermos uma formulação mais adequada.

Palavras-chave: Liberação prolongada, HPMC K4M CR, Intumescimento.