62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
ESTIMATIVA POPULACIONAL DE Caesalpinia echinata NUMA ÁREA DENTRO DA FAIXA LITORÂNEA DE MATA ATLÂNTICA DO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE
Pedro Ciarlini Junger Soares 1
Rodrigo Vicente Silva 1
Iagê Terra Guedes de Oliveira 1
Pedro Henrique Pinheiro Belarmino 1
Diego Brito Cruz 1
Leonel Bittencurt Baima 1
1. Departamento de Botânica, Ecologia e Zoologia, UFRN
INTRODUÇÃO:
A distribuição gregária de plantas adultas, alto número de plântulas próximas à planta-mãe e baixa densidade de indivíduos em categorias intermediárias, são indícios de fragmentação com interferência na manutenção da população de Caesalpinia echinata (Oliveira e Simabukuro 2007). Nenhuma população cresce exponencialmente, sempre haverá uma fator que irá limitar o crescimento desenfreado e/ou a ocorrência da espécie em uma área. Este fator limitante poder ser desde nutrientes, temperatura adequada, competição intra e interespecífica e até mesmo barreiras geográficas, como rios, lagos ou morros. A exploração intensiva desde a colonização portuguesa levou a quase extinção em conseqüência da devastação da Mata Atlântica. Na atualidade a ocorrência natural compreende a área do Estado do Rio Grande do Norte (05° 45' S) ao Estado do Rio de Janeiro (23° S), em algumas populações fragmentadas (Zanotti 2007). Neste contexto o objetivo deste trabalho é estimar a densidade populacional de Caesalpinia echinata (pau-brasil) num trecho de Mata Atlântica inserido no Parque das Dunas, localizado em Natal-RN, e compreender sua ocorrência em meio ao trecho estudado.
METODOLOGIA:
A área de estudo constitui uma unidade do IDEMA-RN, sendo esta, a primeira Unidade de Conservação Ambiental implantada no Estado do RN com 8,5 km de comprimento e uma largura média de 2 km, denominado Parque Estadual Dunas de Natal. A espécie estudada, Caesalpinia echinata, ocorre em floresta de Mata Atlântica e sua distribuição geográfica passa por diversos estados brasileiros. É uma arvore de porte médio, sua folhas são compostas, imparipenadas, alternas e com forma oblonga. Cada folíolo é formado por 8 a 10 pares de folíolos. A floração ocorre de setembro a dezembro, sendo a flor em forma de taça com cinco pétalas. Sua dispersão é feita por autocoria (Carvalho, 1994). A coleta de dados foi feita no período de 13 de junho à 05 de julho de 2009, sendo o universo amostral uma área de 19.800 m², delimitada a partir da "Trilha da Geologia". Nesta área foram feitos 198 pontos, sendo escolhidos aleatoriamente 20 destes. As coordenadas geográficas foram obtidas através do Google Earth e localizadas por GPS. Em cada ponto foi feito um quadrat de 100 m², sendo contados os indivíduos de pau-brasil e número de plântulas, além de ter sido registrado a elevação do terreno, características do solo e tipo de dossel (os dois últimos obtidos indiretamente).
RESULTADOS:
Os dados amostrais foram contabilizados e somados. Através dos dados, foi obtida a densidade populacional, sendo esta multiplicada pelo número de pontos dentro da área total, para se chegar ao número estimado de indivíduos total. Com os dados conseguidos obteve-se uma densidade populacional de aproximadamente 2 indivíduos para cada 100 m², o que extrapolando para a área em estudo tem-se aproximadamente 396 indivíduos. O que é um bom resultado, uma vez que a área de estudo representa uma pequena proporção dentro da faixa litorânea de Mata Atlântica presente no Estado. Em pontos com elevação acima de 45 metros não houve ocorrência de Pau-brasil. Isso talvez pelo fato da dispersão dessa espécie ocorrer em sua maioria por autocoria, o que dificulta a chegada dessa espécie em altas elevações. A não ocorrência também foi observada em pontos com solo caracteristicamente mais arenosos e com uma fina cobertura de folhas depostas (serrapilheira). Talvez pela pouca quantidade de nutrientes presentes neste tipo de solo, juntamente com a pouca quantidade de serrapilheira. O número de plântulas foi estimado em 450, o que denota um sentido positivo no recrutamento, uma vez que existem plantas chegando à fase adulta com uma produção satisfatória de sementes e ainda mais de germinações.
CONCLUSÃO:
Provavelmente, o esforço amostral comprometeu a estimativa populacional, aliado também com a não exclusão de áreas com maiores elevações, que fizeram parte do universo amostral, e que com o estudo constatou-se a ausência dessa espécie nesse tipo de localidade. Assim, as áreas sorteadas aleatoriamente poderiam ser áreas que necessariamente não teriam indivíduos de pau-brasil, sendo a eficiência da amostragem reduzida e, por conseqüência, ocasionando numa estimativa populacional errônea. Talvez o método que melhor se aplique a área em estudo seja o método de transecto, uma vez que considera áreas mais próximas que podem representar uma homogeneidade ambiental melhor. O presente estudo foi proveitoso, já que se trata de um estudo sobre uma espécie que corre risco de extinção e também por ter elementos antes apenas teóricos sendo transformados em teórico-práticos. Uma sugestão de tema para o desenvolvimento de outros trabalhos relacionados seria descobrir se está havendo regeneração populaciona da espécie estudada dentro da faixa de Mata Atlântica presente em nosso estado, contribuindo também para possíveis projetos de restauração florestal.
Palavras-chave: Caesalpinia echinata, Estimativa Populacional, Mata Atlântica.