62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 5. Psicologia da Saúde
SONO E VIDA ACADÊMICA, DILEMA ETERNO? AVALIAÇÃO DA SONOLÊNCIA E QUALIDADE DO SONO EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS QUE ESTUDAM EM TURNOS DIFERENTES
Danilo de Freitas Araújo 1
Katie Moraes de Almondes 1
Marcílio Rodrigues de Oliveira 2
1. Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
2. Faculdade Natalense para o Desenvolvimento do Rio Grande do Norte - FARN
INTRODUÇÃO:
Cada vez mais se discute o grande impacto que o sono acarreta sobre o funcionamento normal da vida das pessoas. Por isso a importância da qualidade do sono como agente propiciador do bem-estar biopsicossocial do indivíduo. Um dos principais fatores que afetam a qualidade do sono é a Sonolência Diurna Excessiva (SDE). A SDE diz respeito ao sono que ocorre nas situações em que seria esperado que o indivíduo estivesse alerta, e está associada a ataques do sono, cochilos involuntários e propensão exagerada para dormir. Os estudantes de ensino superior são uma população com altas chances de desenvolver SDE. O turno em que estudam se constitui numa das variáveis que pode influenciar a sonolência. Assim, no turno matutino verifica-se a necessidade de acordar mais cedo (comprometendo a duração do sono), somada à presença de demandas acadêmicas exaustivas, enquanto no turno noturno, uma parte dos estudantes, além de estudar (buscando muitas vezes, complementar os estudos durante a madrugada), desempenha alguma atividade profissional ao longo do dia. Portanto, busca-se analisar e correlacionar os níveis de sonolência e de qualidade do sono de estudantes universitários, pertencentes a turmas de turnos diferentes (manhã e noite), de uma instituição de ensino superior.
METODOLOGIA:
O universo de pesquisa abrangeu 234 acadêmicos de uma instituição de ensino superior, com média de idade de 24,53±8,38. Desse total, 109 alunos cursavam o turno da manhã (Enfermagem, Nutrição, Fisioterapia e Direito) e 125 o turno da noite (Administração, Psicologia, Ciências Contábeis e Direito). Os sujeitos assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, concordando em participar do estudo. Em seguida, preencheram a Escala de Sonolência de Epworth (ESE) e o Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (IQSP). O primeiro é um questionário com 8 situações, em que um escore acima de 10 pontos é diagnóstico de SDE. Já o IQSP, consiste de 10 questões relacionadas aos hábitos normais de sono do indivíduo, e cuja pontuação indica, quando acima de 5, qualidade do sono ruim. Na análise estatística empregou-se o Teste de Correlação de Pearson e o Teste Mann-Whitney.
RESULTADOS:
Os resultados mostram que os cursos do turno matutino apresentaram uma média total de 5,54±2,99 pontos no IQSP e uma média de 9,03±4,08 pontos na ESE. Já os cursos do turno noturno demonstraram uma média total de 5,53±3,08 pontos no IQSP e uma média de 9,7±3,96 pontos na ESE. Além disso, o Teste Mann-Whitney expõe que não foram encontradas diferenças significativas nos níveis de qualidade do sono entre os turnos matutino e noturno (u = 5.911,5 e p = 0,95) e nem nos níveis de sonolência entre estes mesmos turnos (u = 5.384,5 e p = 0,23). Já o Teste de Correlação de Pearson mostra que não há correlação significativa entre níveis de qualidade do sono e de sonolência no turno matutino (r = 0,00, p = 0,99) e no noturno (r = 0,12, p = 0,18).
CONCLUSÃO:
Não foram encontradas diferenças significativas nos níveis de qualidade do sono e de sonolência entre os turnos, nem correlação entre qualidade do sono e sonolência nos dois turnos, sugerindo que o turno de estudo não influi no sono dos acadêmicos. Os alunos dos dois turnos, embora não apresentem SDE, possuem qualidade do sono ruim. Tal fato dá margem a indicar que algumas variáveis podem estar influenciando na ausência de sonolência diurna excessiva (como por exemplo, dormir mais nos fins de semana, cochilar em horários alternativos, ultrapassar a hora habitual de acordar na semana, etc). Quanto a qualidade de sono ruim indicada pelos dados, ela pode estar relacionada a irregularidade do sono, menor duração, comprometimento na eficiência, dentre outros fatores. Recomenda-se a realização de mais estudos que esclareçam os mecanismos envolvidos.
Palavras-chave: Sonolência Diurna Excessiva, Qualidade do sono, Estudantes universitários.