62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 2. Arqueologia - 4. Arqueologia
A COLEÇÃO ARQUEOLÓGICA DO MUSEU DOM AVELAR BRANDÃO VILELA
Ana Joaquina da Cruz Oliveira 1
Abrahão Sanderson Nunes Fernandes da Silva 2
1. Depto. de Ciências Naturais e Arqueologia, Universidade Federal do Piauí - UFPI
2. Orientador - Depto. de Ciências Naturais e Arqueologia - UFPI
INTRODUÇÃO:

O museu Dom Avelar Brandão Vilela é um museu comunitário localizado no bairro Cristo Rei, Teresina, Piauí. Foi criado na década de 1970, pelo Padre Pedro Biondan Maione, jesuíta italiano que participou da fundação do bairro desenvolvendo diversos trabalhos tanto de caráter social quanto cultural. O museu foi constituído a partir de coleções pessoais do padre e recebeu doações de diversas pessoas da comunidade, da cidade, de fora do Estado e até de outros países. O acervo atualmente possui as seguintes coleções: conquiliologia, animais taxidermizados, paleontologia, etnografia, mineralogia e arqueologia. Em meio à coleção de arqueologia, sobressai-se o acervo numário por viabilizar estudos diversos, principalmente, na área de arqueologia clássica. O presente trabalho teve como objetivo entender o processo de formação da coleção bem como seu potencial informativo. Buscou, também, compreender a realidade arqueológica e museológica do acervo.

METODOLOGIA:

Foi realizado um levantamento bibliográfico e de fontes tanto relacionadas a coleções arqueológicas quanto a formas de análise, inventário e gerenciamento dessas dentro do espaço museológico/museográfico. A curadoria técnica foi executada através da elaboração e utilização de fichas de análise e de inventário visando à caracterização e compreensão dos objetos arqueológicos. Em seguida procedeu-se o registro fotográfico visando à construção de um banco de dados que possibilite um melhor gerenciamento das informações arqueológicas.

RESULTADOS:

Observou-se que a coleção arqueológica possui 4706 peças sendo que 0,7% são de fragmentos de cerâmica Marajoara, 0,3% são de fragmentos de cerâmica incaica, 0,08% são de lâminas de machado polidas provenientes do Piauí, 0,06% são de cachimbos atribuídos a índios piauienses, 0,02% são de líticos lascados, 0,02% adornos indígenas, 0,5% pesos de tear da Magna Grécia, 0,21% objetos utilitários em cerâmica provenientes da Magna Grécia, 0,06% objeto construtivo romano, 0,06% fragmentos de um navio de guerra cartaginês, 0,1% fragmentos de cerâmica européia, 0,06% líticos lascados provenientes da Europa, 3% material construtivo proveniente da Europa, 94% numária. A coleção numária por sua vez é composta por 3% de peças africanas, 19% americanas, 66% européias, 11,5% asiáticas e 0,5% da Oceania. A análise detalhada da coleção permitiu a verificação de que ela era composta também por objetos não arqueológicos. Além disso, foi possível observar a falta de diálogo da coleção tanto com o público quanto com as outras coleções evidenciando uma relação de isolamento e esquecimento para com esses objetos.

 

CONCLUSÃO:

Ao estudar a experiência museológica brasileira observamos que as coleções arqueológicas têm percorrido um caminho de abandono nos museus brasileiros ao longo do século XX. Dessa forma estudos que contemplem coleções arqueológicas se fazem de fundamental importância para que esse quadro seja revertido. Observando a coleção do museu Dom Avelar Brandão Vilela podemos perceber a diversidade de informações que podemos obter em diversos campos da arqueologia. No campo da arqueologia histórica, por exemplo, podemos citar os objetos relacionados a grupos indígenas piauienses e que podem fornecer informações sobre os povos que habitaram as margens do Parnaíba. A arqueologia clássica por sua vez pode se utilizar do acervo numário para entender aspectos relacionados à economia e ao cotidiano das sociedades em meio as quais as moedas foram produzidas.

Palavras-chave: Museu, Coleção , Patrimônio Arqueológico.