62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 6. Geociências - 3. Geografia Física
ESTUDO FITOGEOGRÁFICO DA ÁREA DO PARQUE NACIONAL SERRA DA CAPIVARA (PIAUÍ - BRASIL) E ADJACÊNCIAS
Jorge Luis Paes de Oliveira Costa 1
1. Departamento de Geografia, Universidade Federal do Piauí - UFPI
INTRODUÇÃO:

O Parque Nacional Serra da Capivara é uma unidade de conservação piauiense conhecida internacionalmente por sua importância arqueológica. Está localizado próximo ao limite do estado do Piauí com os estados da Bahia e do Pernambuco, que geologicamente é o ponto de encontro entre dois domínios geológicos: a bacia sedimentar do Rio Parnaíba e a depressão periférica do Rio São Francisco. Em função dessa característica a área é dividida em dois conjuntos fitogeográficos: a formação caducifólia espinhosa da bacia sedimentar e dos terrenos pré-cambrianos. O objetivo primordial desse trabalho é realizar um estudo fitogeográfico do ponto de vista da geografia, isto é, fazer um estudo do levantamento e da distribuição das principais espécies vegetais, suas relações com o meio físico e a interferência antrópica. A importância da escolha do Parque Nacional Serra da Capivara deve-se por manter sobre seus limites 130 mil ha conservados de caatinga, que servem como reserva de biodiversidade. Outro fator que reforça a importância da área para a realização desse trabalho é a questão do patrimônio arqueológico. Os estudos e ações realizados no sentido da conservação dos recursos naturais contribuirão para o estudo e preservação das relíquias arqueológicas do Parque Nacional Serra da Capivara.

METODOLOGIA:

Baseamos nosso trabalho em inspeções de campo e pesquisa bibliográfica, onde procuramos utilizar os conhecimentos anteriores já desenvolvidos por outros pesquisadores. O trabalho de campo em Fitogeografia é uma etapa fundamental da pesquisa, pois muitas vezes esta é a única maneira de se obter dados. Desse modo, os métodos adotados para a execução desse trabalho seguiram os encaminhamentos fundamentais das pesquisas cientificas "in loco", onde foram abordados procedimentos metodológicos como a observação, inspeção de campo, acompanhamento de pessoas com conhecimento da área e complementação de dados através de consultas a bibliografia referente ao tema e a área estudada. O trabalho de campo estendeu-se por um período de aproximadamente um ano (janeiro de 2009 a março de 2010), sendo concentrado principalmente em dois períodos opostos, na época úmida e na época seca, além de visitas esporádicas, em qualquer época do ano, perfazendo um total de mais de 100 dias de observações. Com essas técnicas empregadas, conseguimos levantar as espécies vegetais mais comumente encontradas na área. O levantamento indicou a distribuição, as relações das principais espécies com o meio físico e a interferência antrópica na área.

RESULTADOS:

O levantamento fitogeográfico mostrou como resultado que espécies como o Angico (Piptadenia macrocarpa) e a Canafístula (Cassia excelsa) distribuem-se pelo reverso da cuesta, numa área com práticas de caça e coleta e existência de monoculturas. São espécies de porte alto que compõem uma vegetação densa, de difícil penetração, que dão a área uma homogeneidade fisionômica. A Catingueira (Caesalpinia pyramidalis), a Jurubeba (Solanum paniculatum) e a Gameleira (Ficus doliaria) aglomeram-se em locais úmidos junto à frente da cuesta e nos vales internos das chapadas, constituindo uma formação vegetal do tipo floresta-galeria. A Aroeira (Astronium urundeuva) e o Cajueiro (Anacardium occidentale) são conspícuos sobre os terrenos cristalinos da depressão periférica. Essa área é dominada por micaxistos que compõem vales e platôs de pedimento. A agricultura e a exploração de madeira são antropismos praticados nessa área. A Favela (Cnidoscolus phyllacanthus), o Juazeiro (Zizyphus joazeiro) e a Jurema (Mimosa verrucosa) distribuem-se entre a frente da cuesta e o rio Piauí, sobre aglomerados de matacões e inselbergs graníticos, compondo uma formação vegetal de caatinga arbórea aberta. A área vem sendo ocupada economicamente com a pecuária, em razão do acumulo de água dos maciços.

CONCLUSÃO:

As áreas de planaltos e chapadas da bacia sedimentar do Rio Parnaíba e a área da depressão periférica do Rio São Francisco, são recobertas por uma vegetação de caatinga exuberante, bastante heterogênea, rica em espécies, estratificada em andares distintos, formando um ambiente sombrio e de pouca luz no seu interior, com um microclima especifico e que abriga uma fauna rica e variada. De modo resumido, podemos dizer, que as atividades antrópicas mais prejudiciais para a flora local, atualmente, são as seguintes: a derrubada constante das matas ainda existentes diminuindo o espaço para sobrevivência dos animais, as queimadas praticadas na época da seca para renovação das pastagens e as monoculturas que vem penetrando pelo sul da área transformando as paisagens em lavouras de caju. Finalizando podemos afirmar, com base nessa pesquisa, que as áreas de relevo movimentado, como as chapadas, planaltos e depressões da área em questão, cobertas por vegetação de matas naturais, são de grande importância ecológica, pois servem de abrigo e refugio para a fauna silvestre, apresentado variedade de habitats e, portanto, são áreas que devem ser preservadas, pois são as ultimas reservas, do bioma caatinga da região nordeste do Brasil, que possuem condições de abrigar fauna já em vias de extinção.

Palavras-chave: Fitogeografia, Caatinga, Piauí.