62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
DETERMINANTES DA MORTALIDADE NEONATAL A PARTIR DE UMA COORTE DE NASCIDOS VIVOS, CAMPINA GRANDE, PARAÍBA, 2003-2005
Ketinlly Yasmyne Nascimento Martins 1
Rodolfo Ramos Castelo Branco 2
Clarissa Loureiro das Chagas Campelo 1
Paulo Granges e Silva 1
Núbia do Nascimento Martins 2
Celeide Maria Belmont Sabino Meira 2
1. Depto. Fisioterapia, Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
2. Departamento de Matemática e Estatística Universidade Estadual da Paraíba - UEPB
INTRODUÇÃO:
A mortalidade infantil é avaliada pelas mortes ocorridas no primeiro ano de vida, sendo constituída pelos componentes: neonatal (menores de 28 dias de vida) e pós-neonatal (29º dia em diante). A proporção de óbitos neonatais, é um indicador negativo da saúde que no Brasil, apresenta níveis elevados não compatíveis com o seu potencial econômico e tecnológico, visto que na maioria das circunstâncias esse evento é considerado evitável através da utilização de tecnologias atualmente disponíveis. Com isto a redução da mortalidade neonatal torna-se um grande desafio para os serviços de saúde, governos e sociedade, pelas altas taxas vigentes, concentradas nas regiões e populações mais pobres. Este projeto visa contribuir para a descrição e explicação da mortalidade neonatal oferecendo subsídios para a avaliação da situação deste, e identificação de pontos estratégicos para intervenções, contribuindo para a redução das situações indesejadas de sofrimento, morbidade e morte que contrapõem à alegria esperada do nascimento. Diante do exposto, este trabalho tem como objetivo identificar os determinantes da mortalidade neonatal, referente aos nascimentos ocorridos na cidade de Campina Grande, no período de 2003 a 2005, de mães residentes nessa cidade.
METODOLOGIA:
A pesquisa se caracteriza como do tipo coorte retrospectiva de nascidos vivos e foi realizada com dados da cidade de Campina Grande. A população foi constituída de nascimentos ocorridos no período de 2003 a 2005, filhos de mães residentes em Campina Grande, PB, Brasil, e de óbitos neonatais relacionados a essa coorte de nascidos vivos. Os dados estudados foram provenientes do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e do Sistema de Informação de Nascidos Vivos (SINASC) disponibilizados pelo Ministério da Saúde. O procedimento de linkage determinístico (cruzamento de dados), será utilizado entre bancos de dados de óbitos e nascimentos, a fim de identificar os nascidos vivos que evoluíram para óbito neonatal. Inicialmente foram tabulados os bancos de dados do SINASC e do SIM disponibilizados no Datasus referentes ao período estudado e feita as estatísticas descritiva das variáveis de estudo. Em seguida foi verificado a completitude das variáveis do banco de dados do SIM, sempre utilizando o software Epiinfo versão 3.3. Para melhorar o grau de completitude do banco do SIM, foi feita a linkage entre esses bancos utilizado o software Stata 9.0 e gerado um novo banco de dados desta vez mais completo.
RESULTADOS:
Foi realizada a linkaje do banco de dados do SINASC e do SIM, este procedimento entre nascimentos e óbitos infantis aumenta a potencialidade das análises epidemiológicas das informações desses sistemas. Dos resultados obtidos no período estudado ocorram na cidade de Campina Grande um total de 412 óbitos infantis, dos quais 298 (72,33%) foram óbitos neonatais e 114 (27,67%) óbitos pós-neonatais, ou seja aqueles que morreram depois de 27 dias de vida. Os recém-nascidos que foram a óbito no período estudado eram predominantemente do sexo masculino (57,72%), da raça/cor branca (47,99%) e com baixo peso ao nascer (51,01%). Quanto às condições de parto e assistência à saúde das gestantes, estes neonatos nasceram na sua maioria pré-termo (55,37%), de parto vaginal (54,03%), de gestação única (79,87%), em hospitais ou clinicas (95,98%) e cerca de 56% destas gestantes realizaram de 1 a 6 consultas pré-natais. Quanto às características socioeconômicas das gestantes foi verificado que estas estavam na idade ideal para reprodução, entre 20 e 34 anos (54,03%), não possuíam companheiro, tinham de 1 a 7 anos de estudo (49,67%), 40,60% eram primíparas e 69,13% nunca tinham tido aborto.
CONCLUSÃO:
Assim concluímos diante dos resultados apontados, que estudos como este são de relevância para a redução de óbitos neonatais. Para se obter resultados mais efetivos na redução desse componente, há a necessidade de intervenção nos seus múltiplos fatores relacionados e de interação entre as ações da atenção à saúde, serviços de educação e assistência social para o atendimento às necessidades básicas capazes de garantir gestação e nascimento em condições que favoreçam uma sobrevivência segura. Acredita-se que as autoridades públicas podem oferecer melhores oportunidades para um bom começo de vida para as crianças campinenses, avançando na descentralização do sistema de saúde e protegendo a mulher grávida com estratégias intersetoriais de inclusão social, já que o estudo chegou a resultados tão alarmantes.
Instituição de Fomento: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq
Palavras-chave: Mortalidade Neonatal, Mortalidade, Análise de dados.