62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 3. Clínica Médica
AVALIANDO A SÍNDROME METABÓLICA DE UM GRUPO DE PACIENTES ACOMPANHADOS NO AMBULATÓRIO DE TRANSPLANTE RENAL DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES (HUOL)
Júlio Cesar Andriotti Borges 1
Maurício Galvão Pereira 2
Pedro Aquino Ferreira Paulo 1
Leonardo Ferreira Camilo 1
Marcelo José Carlos Alencar 1
Rafaele Carla de Araújo Maia 3
1. Curso de Medicina, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/ UFRN
2. Depto Medicina Integrada, Universidade Federal do Rio Grande do Norte/ UFRN
3. Depto de Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte /UFRN
INTRODUÇÃO:
Com os avanços na imunossupressão, obtiveram-se ótimos resultados na sobrevida do enxerto renal após o primeiro ano de transplante. Contudo, a sobrevida tardia do enxerto permanece inalterada. Diversas co-morbidades, como obesidade, dislipidemia, hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes mellitus (DM), em conjunto denominadas de síndrome metabólica (SM), têm sido identificadas como fatores de risco para nefropatia crônica do enxerto e, o seu reconhecimento precoce e tratamento tornam-se uma intervenção importante para a melhora desta sobrevida, além de reduzir as complicações cardiovasculares e ósseas, podendo aumentar a sobrevida do paciente. Estudos mostram uma prevalência de 60% de SM após seis anos de transplante. Todavia, a prevalência de SM pós-transplante renal necessita ser mais bem elucidada, visto que recentes estudos demonstraram diferentes prevalências. Partindo desse pressuposto esse estudo se faz necessário por ter como objetivo avaliar a prevalência de anormalidades metabólicas no período após o transplante renal, bem como caracterizar os principais fatores de risco associados ao DMPT.
METODOLOGIA:
Caracteriza-se como pesquisa documental uma vez que foi elaborada a partir de materiais que não receberam um tratamento analítico. Possui abordagem quantitativa já que permite a coleta sistemática de informação numérica, mediante condições de muito controle, analisando essas informações através de estatísticas. Os pesquisadores coletaram os dados através de retrospectivo de prontuários de um grupo de pacientes acompanhados no ambulatório de transplante renal do Hospital Universitário Onofre Lopes no período de setembro a dezembro de 2009. A amostra foi constituída a partir dos 170 prontuários que estavam disponíveis a partir da listagem de todos os clientes acompanhados no ambulatório de transplante renal. Foram considerados diabéticos os pacientes que apresentassem glicemia jejum ≥ 126mg/dl ou glicemia pós-prandial ≥ 200mg/dl em 2 dosagens e, dislipidêmicos, quando os níveis de colesterol total fossem ≥ 200mg/dl e/ou triglicérides ≥ 150mg/dl, também em 2 dosagens. Os dados foram agrupados por similaridade ou igualdade e, a seguir, contabilizados na forma de freqüências e porcentagens.
RESULTADOS:
A idade média dos receptores foi 31±14,1 anos (sem diferença significativa entre receptores com doador vivo - DV ou falecido - DF). A prevalência de anormalidades metabólicas foi: HAS 83,7% (87,5% DV e 78,7% DF), dislipidemia 44,4% (55% DV e 30,6% DF), DM pré-transplante 9,9% (11,25% DV e 8,1% DF), DM pós-transplante (DMPT) 17,2% (11,27% DV e 24,56% DF). Quanto ao DMPT, o tempo médio de diagnóstico após o transplante foi de 4,14±5,4 meses, sendo que fatores de risco tradicionais como dose de corticóide, uso e nível de tacrolimos e história familiar de DM não foram relevantes neste grupo de pacientes. Por outro lado, o índice de massa corpórea (IMC) pré-transplante era significantemente maior no grupo que desenvolveu DMPT, comparado aos pacientes que se mantiveram normoglicêmicos DMPT (IMC)=26,35±5,06 vs. não-DMPT (IMC)=21,42±3,3, p=0,004). Não houve diferença significativa na função renal, sobrevida do enxerto e do paciente em 1 e 2 anos, comparando os pacientes que desenvolveram ou não DMPT.
CONCLUSÃO:
Nossos achados mostraram dados que sugerem uma alta prevalência de anormalidades metabólicas após o transplante renal, reforçando a necessidade de melhor acompanhamento e controle destas. Além disso, parece ser relevante o IMC pré-transplante, mesmo na faixa de sobrepeso, para o desenvolvimento de diabetes pós-transplante.
Palavras-chave: Síndrome metabólica , Transplante renal , Anormalidades metabólicas pós-transplante renal.