62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 4. Odontologia - 5. Odontologia Social e Preventiva
SEVERIDADE DA PERDA DENTÁRIA EM ADULTOS E SEUS FATORES ASSOCIADOS
Yan Nogueira Leite de Freitas 1
Tamires Carneiro de Oliveira 1
Diviane Alves da Silva 1
Wilton Rodrigues Medeiros 1
Kenio Costa de Lima 1
1. Depto de Odontologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
INTRODUÇÃO:

Os estudos epidemiológicos realizados na área da Odontologia têm fornecido informações sobre a condição de saúde bucal das populações e suas respectivas necessidades de tratamento, apontando a cárie e a doença periodontal como as doenças orais mais prevalentes, responsáveis pela maioria das perdas dentárias em adultos. No entanto, sabe-se que em países onde uma proporção significativa da população não tem acesso regular a ações de promoção de saúde e a serviços odontológicos, o tratamento dessas enfermidades é realizado através da exodontia. As perdas dentárias diminuem a capacidade mastigatória, afetam a fonação e causam danos estéticos que podem originar alterações psicológicas, alterando a qualidade de vida da população.

Os fatores biológicos e socioeconômicos são os mais evidentes quando se pensa nas causas que levam à perda dentária, porém outros fatores podem estar fortemente relacionados, como a idade, o sexo, o nível educacional, o uso do tabaco e o consumo de álcool.                 

Portanto, o presente estudo tem como objetivo analisar a severidade da perda dentária em adultos e seus fatores associados na cidade do Natal/RN.

METODOLOGIA:

O estudo se caracteriza por ser do tipo observacional e transversal com base domiciliar. Foram entrevistados 206 indivíduos de 34 quadras, em 14 setores censitários da cidade do Natal/RN, selecionados aleatoriamente.

O número de dentes perdidos, categorizados em até 9 dentes e acima de 10 dentes perdidos, representa a variável dependente do estudo, que foi obtida através do exame clínico dos adultos em seu domicílio, após assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido.

As informações sócio-demográficas-espacias como, sexo, idade, zona de residência dominante, local de residência dominante, união estável, posição socioeconômica (Critério ABA-ABIPEME), renda em salários mínimos, aglomeração domiciliar e escolaridade, representam as variáveis independentes do estudo, e foram coletadas por meio da aplicação do formulário, que fazia parte da entrevista com o adulto. Além dessas, foram observadas informações em relação aos hábitos (fumo atual e passado e consumo de álcool atual e passado), acesso a serviços (última visita ao dentista, tipo de serviço procurado e o tipo de orientação) e naturalização da perda dentária, que constituem também variáveis independentes do estudo.

RESULTADOS:

A prevalência de indivíduos que apresentaram mais de 10 dentes perdidos foi de 63,1%. Das variáveis estudadas, apresentaram relação com essa severidade da perda dentária a idade, sexo, posição sócio-econômica, renda, o fumo e o tipo de serviço procurado. De modo significativo, os indivíduos do sexo feminino, com mais de 40 anos, de baixa renda e posição sócio-econômica, fumantes ou ex-fumantes e que procuram o serviço público para tratar seus problemas bucais são os que apresentam uma maior mortalidade dentária.

Os resultados observados demonstram a relação existente entre as desigualdades sociais e a perda dentária em adultos. Isso reforça os resultados dos estudos epidemiológicos que demonstram ser a mortalidade dentária a pior conseqüência dos agravos bucais socialmente determinados.

Além disso, o efeito cumulativo das enfermidades orais foi reforçado pela alta prevalência da perda dentária em adultos com mais de 40 anos, sendo as mulheres as mais atingidas por tal situação, já que na maioria dos casos elas se preocupam mais com os afazeres do lar/trabalho, deixando por último a solução de seus problemas bucais, que muitas vezes resultam em exodontias. Ademais, a assistência odontológica ofertada a essa população também atua como responsável por tal mutilação.

CONCLUSÃO:

A perda dentária em adultos no município de Natal é severa, tornando os indivíduos mutilados. Tal mutilação está associada, sobremaneira, à privação social a que estes indivíduos estão submetidos e ao tipo de assistência prestada a eles no serviço público, que reforça tal mutilação. Ademais, desigualdades nas perdas em relação ao gênero foram observadas, sendo as mulheres as mais afetadas. O fumo também esteve fortemente associado com tais perdas, sendo o seu efeito e de seus componentes, responsáveis por uma grande parcela da mortalidade dentária.

Palavras-chave: Perda Dentária, Estudo Transversal, Severidade.