62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 8. Psicologia - 6. Psicologia do Desenvolvimento Humano
A EXPERIÊNCIA DO FICAR/NAMORAR ENTRE JOVENS EM ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO
Lorival Golfe 1
Rafael José Triches Nunes 1
Euller Jamison Lopes Sacramento 1
Thiago Hudson De Sousa Bianchini 1
Carlos Marin 2
1. Depto. de Psicologia, Universidade Federal de Mato Grosso
2. Professor/orientador - Depto. de Psicologia, Universidade Federal de Mato Grosso
INTRODUÇÃO:

A adolescência é o momento em que a experimentação da sexualidade vai possibilitar uma estruturação da identidade. Os comportamentos sexuais dos jovens contemporâneos nos apresentam uma nova categoria de relacionamento, o ficar, além do já conhecido namorar. A prática mais comum envolve beijos, abraços e carinhos, onde, segundo teóricos, o ficar é uma experiência de estar com o outro, trocar carícias, intimidades, descobertas, sensações sobre o corpo, sobre si mesmo e, eventualmente, pode-se chegar a uma transa. Outra característica importante é que o ficar não implica compromissos futuros e é visto como um relacionamento passageiro, fortuito, superficial, sem maiores conseqüências ou envolvimentos profundos, não há um compromisso de continuidade ou exclusividade. Essa experiência caracteriza-se como parte importante do desenvolvimento humano desses jovens. Sabendo que a escola é o ambiente onde o adolescente passa a maior parte de seu tempo, percebe-se a relevância de investigar o fenômeno ficar/namorar dentro de uma instituição educacional.

METODOLOGIA:

Foram elaborados dois questionários semi-estruturados, sendo um deles direcionado aos professores e o outro direcionado a alunos do ensino médio. A escolha destes aconteceu aleatoriamente. Optou-se por uma escola estadual de referência localizada no centro da cidade de Rondonópolis, por encontrar nesta maior diversidade de classes sociais, crenças e etnias. Foi feito a primeira visita a coordenação escolar para esclarecimentos acerca da pesquisa e entrega do termo livre esclarecido para que pudesse ser feito a observação e coleta de dados na instituição. A amostra totalizou-se em quarenta e sete questionários, sendo estes distribuídos no horário do intervalo a doze professores e trinta e cinco alunos.

RESULTADOS:

Como resultado desse trabalho observou-se que o ficar trata-se de relacionamentos passageiros e sem compromissos. Essa hipótese comprovou-se a partir da pesquisa realizada, onde grande parte da amostra ressaltou o descompromisso como principal característica do ficar. Outra hipótese confirmada é que, na opinião dos estudantes, os rapazes preferem ficar a namorar e as moças preferem o namoro. Também era hipótese que os alunos não tinham diálogo com os pais, entretanto a pesquisa mostrou o contrário, muitos estudantes afirmam que conversam com os pais sobre sexualidade, porém uma pequena porcentagem preferem manter este diálogo com os professores. Analisando os dados dos professores, a escola parece não estar preparada para lidar com esse tema no ambiente, pois, ao serem questionados "Qual a política da escola em relação ao namoro?", há controvérsia nas respostas, uns dizem não ter política, outros crêem numa liberdade vigiada e ainda existem alguns que afirmam ser permitido o namoro. Dessa forma os professores ficam desorientados e não sabem como agir diante dos casais.

CONCLUSÃO:
Observou-se que a política da escola está voltada exclusivamente a preparação dos alunos para a universidade e não abrange as questões da demanda de sexualidade com os estudantes. A partir disso propõe-se que haja maior envolvimento de familiares e professores com esse assunto, assim como álcool, outras drogas, violências de diversas categorias e outros assuntos de suma importância. Para isso existem inúmeras formas para incentivar esse trabalho com os jovens, como palestras, oficinas, discussões e muitos outros.
Palavras-chave: ficar/namorar, adolescência, experimentação social.