62ª Reunião Anual da SBPC
A. Ciências Exatas e da Terra - 7. Oceanografia - 1. Oceanografia Biológica
MACROFAUNA BENTÔNICA DE SUBSTRATO INCONSOLIDADO DA REGIÃO COSTEIRA DA CIDADE DE NATAL - RN (BRASIL)
Aline Sbizera Martinez 2
Natália Tavares de Paula 1
Marina Gomes Viana 1
Emanuel Ubaldino Torres Júnior 1
Priscila Ribeiro Araújo 1
Liana Figueredo Mendes 1
1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
2. ONG OCEÂNICA
INTRODUÇÃO:

Os macroinvertebrados bentônicos de ambientes inconsolidados são composta por animais residentes, maiores que 0,5mm de tamanho, normalmente com distribuição agregada e que estão representados pela maioria dos filos existentes. Dentre os organismos mais comuns encontram-se os anelídeos poliquetas seguido de moluscos bivalves, anfipodas, decapodas e holoturóides. Cada um desses organismos é influenciado pela estrutura do sedimento com uma relação estreita entre a coluna d'água, a superfície e o interior do sedimento (Gray, 2009).

Particularmente, os macroinvertebrados bentônicos de ambientes inconsolidados são capazes de suportar níveis tróficos mais altos, como invertebrados da megafauna móveis (crustáceos, cefalópodes, etc.), elasmobrânquios e peixes (Gray, 2009).

Objetiva-se neste estudo caracterizar os macroinvertebrados bentônicos da região costeira de Natal - RN quanto sua composição e distribuição espacial ao longo da costa, associados também a algumas variáveis ambientais.

 

METODOLOGIA:

O presente estudo foi realizado ao longo das praias urbanas da cidade de Natal, Ponta Negra e Via Costeira, no final de agosto e início de setembro de 2009. Um total de 22 Km2 foi avaliado durante o estudo onde 60 estações de coleta foram amostradas com um pegador de fundo tipo Van Veen (abertura 20X30 cm). As amostragens foram feitas a 500 m, 1 km, 1,5km e 2 km da costa. Em cada estação de coleta, 3 amostras biológicas (organismos + sedimentos) foram retiradas sendo todo material peneirado em malhas de 0,5mm, acondicionados em sacos plásticos etiquetados e fixados em solução formalina (4%) coradas com Rosa Bengala (para melhor visualização dos macroinvertebrados em laboratório). Todas as amostras biológicas foram novamente lavadas em laboratório com peneiras de 0,5mm para garantir que somente organismos que compõem os macroinvertebrados bentônicos fossem separados e identificados. A identificação ocorreu a partir da classificação filogenética proposta por Ruppert & Barnes (1996) e Amaral (1999). Além disso, foram medidos os valores da profundidade, temperatura, salinidade, transparência da água e tipo de sedimento (classificado através de uma caracterização visual da amostra coletada).

 

RESULTADOS:

Durante o estudo o sedimento predominante foi o arenoso, a temperatura da água foi de 27°C, as profundidades das faixas variaram de 10,9m à 12m e a transparência da água variou de 1,5m a 2,6m. Não houve diferença significativa entre as medidas mencionadas e a abundância relativa dos macroinvertebrados ao longo das faixas amostradas, embora tenha sido notado um maior percentual de organismos à 1,5Km da costa (33%) seguido da faixa à 500m da costa (25%).

Dos 36 taxa identificados, os poliquetas foi o grupo mais dominante e freqüente (47,3%) seguido de anfípoda (13,1%) e nematoda (10,9%). Resultados semelhantes foram encontrados na costa do Ceará por Yunda (2003).

Os poliquetas têm grande importância ecológica em ambientes inconsolidados pelo fato de serem numericamente dominantes e apresentarem diversidade de hábitos alimentares, refletindo numa alta diversidade biológica (Giangrande et al 2005). Eles são utilizados para avaliar impactos ambientais já que são indicadores de qualidade ambiental. No presente estudo, a maioria dos poliquetas identificados pertencia a família Syllidae (55%), um indicador positivo de qualidade ambiental.

Também foi possível perceber que a 1,5km da costa ocorreram os maiores valores de diversidade de espécies, porém, estatisticamente, os valores não foram significativos, sugerindo uma homogeneidade da comunidade bentônica no local de estudo.

 

CONCLUSÃO:

O estudo apresentou resultados correspondentes aos esperados para ambientes costeiros, ocorrendo uma grande variedade de taxa de macroinvertebrados bentônicos porém com poucos organismos abundantes. Esses resultados corroboraram com estudos realizados por Yunda (2003) na costa do Ceará. A dominância de poliquetas é esperada já que o grupo domina a macrofauna bentônica de fundos arenosos. Sugere-se a realização de estudos sazonais (período seco e chuvoso) para avaliar possíveis flutuações nas densidades dos organismos durante o ano bem como para monitorar qualquer evento de enriquecimento orgânico nas praias de Natal.

 

Palavras-chave: Macrofauna bentônica, Substrato inconsolidado, Diversidade biológica.