62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 1. Enfermagem - 2. Enfermagem de Saúde Pública
PERFIL DOS PROFISSIONAIS DO DISTRITO OESTE EM NATAL, RN QUE ATUAM NO TRATAMENTO SUPERVISIONADO - DOTS
Déborah Raquel Carvalho de Oliveira 1
Hamilton Leandro Pinto de Andrade 2
Ramon Evangelista Dos Anjos Paiva 3
Maria Concebida da Cunha Garcia 3
Dândara Nayara Azevêdo Dantas 1
Bertha Cruz Enders 4
1. Departamento de Enfermagem, Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN
2. Mestre em Enfermagem, Depto. de Enfermagem, UFRN
3. Mestrando do Programa de Pós-graduação, Depto. de Enfermagem, UFRN
4. Profa. Dra./ Orientadora- Departamento de Enfermagem, UFRN
INTRODUÇÃO:
A tuberculose (TB) é um grave problema de saúde pública no mundo. Em 1993 a Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou emergência para a Tuberculose e em 1994 lançou, para seu controle em nível global, a estratégia DOTS (Directly Observed Treatment Short Course). A estratégia é pautada em cinco pilares: compromisso político, detecção de casos por baciloscopia, tratamentos padronizados e diretamente supervisionados, suprimento e ininterrupto dos medicamentos e sistema de registro e notificação de casos. O Brasil aderiu à estratégia como parte do Plano Nacional de Controle da Tuberculose (PCNT) a fim de garantir a adesão ao tratamento, a tomada correta dos fármacos e evitar o abandono. Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN revelam que em 2009 o Brasil apresentou cerca de 56 mil casos de Tuberculose. O Estado do Rio Grande do Norte apresentou cerca de 848 casos. Metade destes ocorreu na cidade de Natal. Tendo em vista o índice da doença no Rio Grande do Norte, especialmente em Natal, e a importância das ações de controle sendo desenvolvidas, este estudo objetivou caracterizar os profissionais que atuam na estratégia DOTS, no distrito Oeste de Natal e verificar a realização das ações quanto ao tratamento supervisionado junto aos pacientes sintomáticos.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo descritivo-exploratório com abordagem quantitativa, realizado no Distrito Sanitário Oeste da cidade de Natal, Rio Grande do Norte. A população compreendeu profissionais das equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) do Distrito Oeste. Trabalhou-se com uma equipe de cada unidade. Nas unidades com mais de uma equipe, realizou-se sorteio simples para escolhê-la. A amostra total foi de 62 profissionais. As variáveis investigadas denotam características sociodemográficas e de trabalho dos profissionais, além da organização do Tratamento Supervisionado (TS): busca ativa de Sintomáticos Respiratórios (SR) e detecção de casos. O instrumento de coleta de dados foi um formulário semi-estruturado elaborado com base no questionário do Instituto Milênio TB - REDE TB, 2006 e nos pilares do DOTS. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Os dados foram analisados por meio do pacote estatístico SPSS 15.0. As questões fechadas foram analisadas utilizando estatística descritiva, freqüência e percentual. Nas questões abertas aplicou-se o método de análise de conteúdo para a identificação das unidades temáticas nas respostas e em seguida quantificadas e apresentadas em freqüência e percentual.
RESULTADOS:
Dos 62 profissionais, 37 eram Agentes Comunitários de Saúde (ACS), 11 enfermeiros e 6 médicos. Os enfermeiros obtiveram média de 17,4 anos de formação, 15,7 na Atenção Básica (AB) e 6,5 anos na ESF. Os ACS apresentaram média de 9 anos de trabalho na AB e 6,5 na ESF. Os médicos obtiveram média de 19,8 anos de formação; 16 anos de AB e 5,5 anos de ESF. Observou-se maior experiência na AB em relação à ESF. Sobre a realização de busca ativa de SR, 100% responderam positivamente, tendo 81,8% dos enfermeiros referido fazê-la na rotina de trabalho e durante campanhas. Os demais profissionais indicaram-na como rotina da unidade que trabalham. Como ações de diagnóstico, 64% apontaram para a baciloscopia de escarro. Esta constitui um dos métodos mais eficazes tanto pela rapidez quanto pelo baixo custo; porém, 50% dos médicos responderam usar também o Raio X como forma de diagnóstico. A literatura atenta para a baixa eficácia do Raio X em relação à baciloscopia. As ações do DOTS mais citadas foram: TS (64% dos enfermeiros, 46% ACS), administração medicamentosa (37% auxiliares/ técnicos de enfermagem) e diagnóstico da TB (67% dos médicos). Os dados indicam as ações do DOTS mais voltadas para a supervisão geral do tratamento. A OMS define o TS como a mais efetiva estratégia no controle da TB.
CONCLUSÃO:
A maioria dos profissionais apresenta recente experiência na ESF, mesmo com grande experiência na Atenção Básica e longo tempo de formação. Quanto às ações praticadas pelos profissionais junto ao sintomático respiratório, observou-se a realização de busca ativa destes sintomáticos, uma ação de suma importância para o controle e detecção de casos de Tuberculose. Os profissionais afirmaram realizá-la rotineiramente, como parte de suas atividades na unidade que trabalham ou ainda em campanhas de conscientização da Tuberculose. Os profissionais indicaram realizar diagnósticos através da baciloscopia de escarro e exames de raio-X. Um dos pilares do DOTS, o Tratamento Supervisionado, foi indicado como a ação mais desenvolvida na unidade de saúde e na residência do paciente portador de tuberculose. Dessa forma, entende-se que os profissionais participantes desenvolvem os pilares da estratégia DOTS analisados neste trabalho, a realização da baciloscopia de escarro para diagnóstico e a supervisão geral do tratamento.
Palavras-chave: Tuberculose, Tratamento Supervisionado, Estratégia Saúde da Família.