62ª Reunião Anual da SBPC
G. Ciências Humanas - 7. Educação - 7. Educação Infantil
A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS COMO ESTRATÉGIA PARA O DESPERTAR PARA A LEITURA EM UMA ESCOLA PÚBLICA DE EDUCAÇÃO INFANTIL DO MUNICÍPIO DE SOBRAL-CEARÁ: ANÁLISE DA EXPERIÊNCIA DO PROJETO ESCOLA DE PAIS
Ana Kelly Pontes Albuquerque 1, 3
Eveline Andrade Ferreira 2
1. Centro de Ciências da Educação, Universidade Estadual do Vale do Acaraú-UVA
2. Profa. Me/Orientadora Universidade Vale do Acaraú-UVA/ Faculdades INTA
3. Colégio Farias Brito
INTRODUÇÃO:
Este trabalho pretende analisar os efeitos do processo de desenvolvimento da prática de contação de histórias junto a pais de alunos em nível de educação infantil para a aprendizagem das crianças. Para tanto, parte-se do pressuposto de que a contação de histórias constitui-se em estratégia de extrema relevância para a aquisição sistemática da linguagem que favorece a remoção de barreiras educacionais, não podendo ser vista apenas como instrumento para aquisição de habilidades escolares. Além disso, contar e ler histórias para as crianças, não se trata de uma ação puramente formativa, as narrativas devem ser compreendidas como elo de fortalecimento afetivo entre pais, filhos e professores. Entretanto, a falta de diálogo entre a família e a escola conjugada à ausência da leitura dentro dos lares apontam para a urgência no desenvolvimento de alternativas para construção de uma nova cultura educação escolar. Neste sentido, este estudo teve como objetivo analisar os efeitos do projeto "Escola de pais" para o desenvolvimento do prazer pela leitura e do vínculo entre pais e filhos numa escola pública de educação infantil de Sobral-Ceará.
METODOLOGIA:
Optou-se pela abordagem qualitativa enquanto metodologia de pesquisa. Definiu-se por objeto de pesquisa uma iniciativa intitulada "Escola de Pais", que consistiu em reunir pais de alunos de educação infantil (infantil V), envolvendo-os em práticas interativas de contação de histórias. Foram utilizados enquanto métodos de coletas de dados: questionários, entrevista em grupo focal e observações. Os sujeitos da pesquisa foram pais, alunos, professores e gestores da escola pública municipal pesquisada. Participaram dos grupos focais: 30 crianças de 5 anos, 30 pais (com idade entre 22 à 40 anos), 2 professoras e 1 coordenadora. A maioria dos pais era do gênero feminino e trabalhavam como donas de casa. Destacamos a participação de 3 mães que não sabiam decifrar o código escrito. Realizou-se uma análise por meio da qual se buscou obter uma visão panorâmica do conjunto de respostas e identificar as tendências principais apresentadas pelos sujeitos. Para isto, as respostas dos sujeitos foram agrupadas e categorizadas em função das respostas mais recorrentes que contemplaram as seguintes categorias: contação de histórias na família, prática pedagógica e relação família e escola.
RESULTADOS:
Entre as principais constatações do estudo, é possível considerar, de acordo com os depoimentos dos sujeitos da pesquisa, que: a) o desejo pela literatura infantil está presente nos lares e nas escolas, muitas vezes esperando apenas de um leve toque para despertar; b) a falta de informação sobre os espaços públicos literários impede muito mais o acesso aos livros do que o custo deles, de acordo com os pais; c) a maioria dos sujeitos alimentava alguns mitos acerca desses espaços literários, como: pagamento para acesso, estar com o "nome limpo" para pegar livros etc; d) as práticas escolares, onde a leitura é apenas veículo de aquisição de habilidades, distanciam as crianças do universo criativo fazendo com que criança leia o código, mas apresente desinteresse pelo livro; e) a importância do hábito da contação de histórias em família é reconhecida inclusive por aqueles sujeitos (adultos e crianças) que não dominam o código escrito; f) o estímulo da escola a essa atividade é elemento de significativo impacto para que aconteça nos lares.
CONCLUSÃO:
A partir da análise dos resultados, propõe-se um novo olhar acerca do despertar pela leitura nos lares, concluindo que trabalhar com literatura infantil é indispensável, mas não pode ser realizada de qualquer maneira. Entende-se que vida familiar e a vida escolar são simultâneas e complementares. É importante que pais, professores, filhos/alunos compartilhem experiências, entendam e trabalhem as questões envolvidas. A pesquisa resultou numa abertura para novos olhares sobre o delicado fio que liga família e a escola. Assim, o uso da contação de histórias tanto na família como na escola, apresenta-se como uma importante ferramenta para a formação de leitores, possibilitando enriquecimento do universo literário dos alunos sem grandes custos, através de atividades dinâmicas e em conjunto. Outro olhar se constrói por uma re-significação do contexto escolar/familiar, não mais como lugar para o ensino enquanto transmissão de conhecimentos, mas como alternativa de construção ativa e interativa com espaço para a criatividade e a imaginação.
Palavras-chave: Relação família e escola, Contação de histórias, Literatura infantil .