O trabalho tem como objetivos: proporcionar uma melhor integração entre os participantes do processo educativo; traçar um paralelo entre a ficção e a história real; reconhecer textos de domínio popular como elemento cultural e melhorar a capacidade de expressão oral e escrita, bem como valorizar os saberes advindos de suas vivências. Aborda questões relacionadas à prática pedagógica na Educação de Jovens e Adultos, especialmente no que se refere ao lúdico e à cultura popular. Visto que, esse tipo de cultura valoriza os saberes local e é capaz de transformar o ambiente escolar em um espaço de prazer. O lúdico poderá trazer para a sala de aula diferentes formas de envolver os alunos e os tornarem participantes das atividades planejadas. Nesse contexto de envolvimento, a ludicidade traz confiança, e todos se sentem importantes, como peças fundamentais no processo ensino-aprendizagem. Isto engrandece o aluno e eleva sua auto-estima, tornando-o capaz de interagir, intervir e colaborar ativamente nas atividades sugeridas em sala. O estudante torna-se um ser ativo tanto na sua vida escolar como na vida social. Podendo assim demonstrar não só apenas o conteúdo, mas algo vivenciado. Transformando-se num cidadão crítico e formador de opiniões.

A experiência partiu das vivências em sala da aula de Educação de Jovens e Adultos, onde, percebeu-se que os alunos apresentavam baixa auto-estima e pouca interação, porém expressavam um grande desejo de aprender. Diante desta realidade, foram desenvolvidas atividades lúdicas interdisciplinares nas aulas de língua portuguesa, na escola Antonio Pinto Barbalho, no Município de Mamanguape/PB. Foram adotados os seguintes procedimentos: através de rodas de conversas sobre o valor social da escrita e a importância do saber ler e escrever, para viver numa sociedade de cultura predominantemente letrada, foi lançada a questão: o que vocês aprenderam sem o domínio da escrita? As respostas foram variadas. Entretanto, três alunos disseram que sabiam contar piadas. A partir dessa andragogia surgiu a intenção de se trabalhar com o lúdico e com o conhecimento popular. A aula seguinte foi para a realização de um concurso, no qual, os alunos apresentaram piadas de domínio popular. Em seguida, houve a votação entre eles e cada estudante escreveu sua piada de acordo com seu entendimento. Numa terceira aula, trabalhou-se uma exposição dialogada do gênero textual (piadas), com representação feita pelos vencedores do concurso. A conclusão deste projeto foi a exposição dos trabalhos em um mural na escola.

Constatou-se a significação dos resultados alcançados através dos conhecimentos prévios populares dos alunos, bem como as rodas de piadas em sala de aula. Dessa forma, foi mostrado o que cada um trazia consigo de todo seu universo de vida. Esses conhecimentos populares caracterizam a cultura local e mostram a capacidade interpretativa e criativa dos educandos envolvidos, e ainda ressaltam a participação, o trabalho coletivo, o resgate da cultura local e a valorização do lúdico. Vale salientar, que para existir uma aprendizagem significativa é necessário um planejamento de todo processo educacional. Isto não significa fazer uma atividade lúdica vazia, sem contextos e sem objetivos. A reflexão crítica e participativa sobre a temática estudada instigou os alunos tanto a valorizarem o vocábulo popular como se expressarem fluentemente, caracterizando-se como personagens criados por eles mesmos. Esta iniciativa despertou a possibilidade de produzir um livro com as piadas contadas e escritas pelos alunos. Outro resultado excelente foi despertar a criatividade do aluno para se trabalhar com muito humor, ânimo e alegria, utilizando outros gêneros textuais.

O trabalho mudou a dinâmica da sala de aula, da escola e da vida dos alunos envolvidos. Consequentemente, todos se sentiram valorizados e respeitados pelo conhecimento adquirido ao longo da vida. Os procedimentos proporcionaram integração entre os alunos, instigando a capacidade de expressão oral e escrita. O resultado foi ótimo quanto à aceitação do gênero trabalhado, que passou a ser visto com outro olhar, deixando de ser apenas uma piada de domínio popular, para ser considerado como uma forma de comunicação que expressa um contexto cultural. Tudo isto é passado de geração a geração, pois trata-se de questões diversas sobre preconceito,discriminação,sexualidade e temas presentes no cotidiano.Este trabalho envolvendo a cultura popular e a valorização dos saberes, culminou na aprendizagem dos alunos, confirmando as idéias do educador Paulo Freire, no livro Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa, quando afirma que "Ensinar exige respeito aos saberes dos educandos" e "Ensinar exige o reconhecimento e assunção da identidade cultural." O projeto se debruçou sobre várias temáticas para serem exploradas de forma interdisciplinar, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos e colaborou para realização de aulas alegres e prazerosas.