O setor turístico reúne as mais variadas atividades em torno de si, influenciando na profissionalização da população local, na melhoria da infraestrutura dos pólos receptores, na geração de emprego e renda, dentre outros aspectos. Por outro lado, o turismo pode, do mesmo modo, gerar impactos físicos e socioambientais que comprometam a sua sustentabilidade, caso não haja seu planejamento e gestão, em especial, nas áreas litorâneas. Nesse âmbito, São Luís do Maranhão - que desde a aquisição do título de Patrimônio Cultural da Humanidade, vem se consolidando como pólo turístico - tem nas praias um dos seus principais atrativos. Todavia, consoante estudo da Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Maranhão (SEMA), seguindo os padrões determinados na Resolução CONAMA 274/00, atualmente, as praias ludovicenses são consideradas "impróprias" para banho. O presente trabalho tem como objetivo maior entender como a problemática da falta de balneabilidade das praias de São Luís influencia na taxa de ocupação dos meios de hospedagem da orla marítima e, deste modo, expor como a degradação ambiental interfere no turismo e, consequentemente, na economia local.

A presente pesquisa constitui um trabalho de campo, de caráter qualitativo e de amplitude teórica, utilizando bibliografia específica relacionada ao turismo, hotelaria e meio ambiente. A fim de atender aos objetivos da pesquisa, o público-alvo investigado foram seis hoteleiros responsáveis pelo gerenciamento de diferentes meios de hospedagem localizados na área litorânea de São Luís, mais especificamente, nas praias da Ponta d'Areia, Calhau, Caolho e São Marcos. Questionários compostos por perguntas abertas foram aplicados entre os dias 26 e 30 de março de 2010. A área de estudo compreende parte da orla marítima ludovicense que concentra a maioria dos meios de hospedagem, o qual disponibiliza 3.500 leitos ao longo das praias supracitadas.

Os dados obtidos apontam que a totalidade dos hoteleiros enxergou a falta de condições de banho das praias como uma situação preocupante e que influencia na escolha do turista pelo destino e/ou local de hospedagem. Para 50% dos investigados, ocorreu uma queda na taxa de ocupação do estabelecimento no período correspondente à interdição das praias. Outra situação relevante se refere ao fato de todos os entrevistados terem relatado que recebem reclamações constantes dos hóspedes sobre essa questão, destacando a sujeira (50%) e a limpeza urbana (33,3%). Objetivando informar os hóspedes sobre o problema de balneabilidade, mais de 83% dos hoteleiros afirmaram comunicá-los sobre essa questão. Comportamentos que evidenciam a preocupação dos estabelecimentos de hospedagem com o meio ambiente se relacionam aos 66% que separam o lixo e 16,7% que possuem painel solar. Com relação à elaboração dos projetos de construção dos empreendimentos hoteleiros, 33,3% desconhecem se houve adoção de medidas para conter os impactos ambientais provenientes da sua instalação. As principais medidas apontadas pelos investigados para mitigar a degradação na orla marítima de São Luís foram sensibilização social e das instituições promotoras da atividade turística (66,6%) e melhorias na infraestrutura (33,3%).

De acordo com a Pesquisa de Demanda (2009) realizada pelo Governo do Estado do Maranhão, os atrativos naturais são os elementos propulsores da demanda turística em São Luís, com representatividade de 29,84%. A pesquisa aponta, do mesmo modo, como maior aspecto negativo da cidade a sujeira (34%) e a insatisfação dos visitantes com as praias (21%). Considerando seu potencial atrativo, dever-se-ia desenvolver em São Luís políticas que ressaltem a importância das praias para a atividade turística. No entanto, percebe-se uma lacuna diante das questões de infraestrutura, saneamento básico e sensibilização da população e das organizações. Os dados obtidos em pesquisa junto aos empreendimentos hoteleiros contemplam o objetivo maior deste trabalho, sugerindo que a falta de balneabilidade das praias afeta diretamente a demanda turística e, logo, incide na redução da taxa de ocupação dos meios de hospedagem situados na orla marítima de São Luís. Sendo assim, sugere-se que investimentos em infraestrutura, saneamento básico e, sobretudo, tratamento do esgoto sejam realizados, de maneira que o município de São Luís disponha de qualidade ambiental em suas praias e que sua imagem de destino turístico possa ir além dos aspectos culturais, mas também no tocante às suas belezas naturais singulares.