62ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 1. Epidemiologia
VIVER, ADOECER E MORRER: REFLEXÕES SOBRE O PERFIL DE MORTALIDADE DO MUNICÍPIO DE  MOSSORÓ/RN.
Ana Karinne de Moura Saraiva 1, 3
Pablo de Castro Santos 2, 4
1. Universidade Potiguar
2. Universidade Potiguar
3. Universidade Federal do Rio Grande do Norte
4. Universidade Federal Rural do Semi-Árido
INTRODUÇÃO:

 Vivemos em um contexto de profundas transformações sociais, econômicas, políticas e culturais cujos desdobramentos podem ser visualizados inclusive na mudança do perfil de mortalidade do Brasil. Neste sentido, sua análise torna-se um instrumento importante para a construção de estratégias e indicadores em saúde que subsidiam de forma crítica o planejamento, as políticas e as ações desenvolvidas pela gestão e pelos serviços de saúde. Além disso, fomenta a construção de um modelo de atenção à saúde que se aproxima dos determinantes do processo saúde-doença e conseqüentemente das reais necessidades de vida e saúde da população, contribuindo desta forma, com um sistema de saúde que amplia as ações de assistência e tratamento ao corpo doente privilegiando também, ações e estratégias de prevenção e promoção da saúde. Desta forma, o presente estudo visa identificar e analisar as principais causas de óbito no município de Mossoró/RN no período de 2006 a 2009 com o intuito de contribuir com o departamento de Vigilância a Saúde do município na elaboração de pactos e metas coerentes com as formas de viver/adoecer/morrer da população de Mossoró.

METODOLOGIA:

A metodologia empregada para analise dos dados apresentou caráter quanti-qualitativa através da aplicação da variável quantitativa discreta e variável qualitativa ordinal e utilizou como fonte de dados o relatório de freqüência de óbitos dos residentes no município de Mossoró/RN o qual se encontra no Sistema Informação sobre Mortalidade (SIM) disponibilizado pelo Departamento de Vigilância à Saúde do referido município. Para a formatação dos dados foi estabelecida à relação entre o número de óbitos versos grupos de causas no período entre os anos de 2006 a 2009, como também a relação entre causa secundária e causa base de óbito nos anos de 2006, 2007, 2008 e 2009.

RESULTADOS:

As cinco maiores causas de mortalidade no município de Mossoró entre os anos de 2006-2009 são: doenças do aparelho circulatório (1.227 casos), causas externas (856 casos), neoplasias (730 casos), afecções originadas no período perinatal (469 casos) e doenças do aparelho respiratório (459 casos), sendo que as doenças do aparelho circulatório estão 30,24% acima da segunda colocada. É importante destacar que 73,48% das causas externas se referem a agressões e acidentes de transporte o que revela um alto índice de violência no município seja pelo trânsito ou por homicídios, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte indicando que crescimento econômico da cidade está acompanhado por desigualdades sociais. Dentre as neoplasias, aparecem em primeiro lugar com 75 casos as relacionadas ao aparelho respiratório, em seguida com 67 as de estômago e em terceiro com 64 os de mama. A quarta causa de óbitos é algo que surpreende e se refere as afecções do período perinatal que faz contrastar com a realidade nacional, uma vez que o município conta com uma ampla cobertura da Estratégia Saúde da Família, serviços especializados e de internações hospitalares acompanhando portanto as gestantes e os fetos nos diferentes estágios: pré-natal, parto e puerpério.

CONCLUSÃO:

Os indicadores de mortalidade possibilitam analisar e avaliar a situação de saúde da população contribuindo para compreendermos os processos de gestão em saúde e as condições de vida da população. A construção destes indicadores deve funcionar como mais um instrumento para subsidiar o planejamento, as decisões e a execução das atividades uma vez que, a realidade e suas singularidades não podem ser padronizadas e niveladas pela totalidade numérica. É neste sentido, que o município de Mossoró/RN vivencia a condição paradoxal de acompanhar o panorama nacional de mortalidade tendo como as principais causas de óbito doenças do aparelho circulatório, respiratório, neoplasias e causas externas. Apresenta um perfil diferenciado da classificação nacional já que as causas externas são mais representativas que as neoplasias como também sintomas, sinais e achados anormais de exames clínicos e de laboratório não classificados passa a dar lugar as afecções do período perinatal. Neste sentido, é necessária uma postura crítica na construção de pactos e estratégias em saúde que se aproximem do perfil de mortalidade do Município de Mossoró e contribua para um sistema de saúde integral e equânime. 

Palavras-chave: Mortalidade, Indicadores, Modelos de Atenção à Saúde. .