62ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 4. Parasitologia Geral
INFECÇÃO POR PARASITOSES INTESTINAIS EM CRIANÇAS QUE FREQUENTAM CRECHES NO MUNICÍPIO DE NATAL/RN, 2009
Ana Gabriela de Mesquita Vieira 1
Edna Marques de Araújo Silva 1
1. Depto. de Análises Clínicas e Toxicológicas, Fac. de Farmácia, UFRN
INTRODUÇÃO:
No Brasil, os problemas envolvendo as parasitoses tomam uma grande proporção, especialmente devido às condições sócio-econômicas, à falta de saneamento básico, educação sanitária e hábitos culturais. Estas parasitoses têm maior ocorrência na infância devido a uma série de fatores, entre eles o sistema imunológico que está menos apto a reconhecer e combater estes agentes patogênicos. Além disso, a desnutrição, comum nas populações de baixa renda, diminui a capacidade de resposta orgânica a tratamentos medicamentosos. Em função da maior urbanização e participação feminina no mercado de trabalho, as creches passaram a ser o primeiro ambiente externo ao doméstico que a criança freqüenta, tornando-se ambientes susceptíveis de contaminação. Uma das formas de transmissão que mais contribui com o aumento das parasitoses nas crianças é a ingestão de alimentos contaminados por cistos, ovos ou larvas de alguns desses parasitas. As infecções parasitárias podem ou não apresentar sintomas clínicos com características comuns de outras doenças, sendo importante sua investigação, uma vez que a maioria delas é assintomática, mas causam sérios danos ao organismo das crianças. Objetivamos, então, identificar a prevalência das parasitoses intestinais em crianças de creches do município de Natal-RN.
METODOLOGIA:
O estudo teve adesão de um total de 122 crianças, de ambos os sexos, na faixa etária de um a cinco anos, todos freqüentando as creches "Nossa Senhora de Fátima" e "Itacira Bento", localizadas no Bairro de Cidade Nova, no município de Natal/RN. Após divulgação do projeto e autorização dos pais ou responsáveis, foram prestados todos os esclarecimentos quanto à coleta das amostras. Estas foram acondicionadas em recipientes apropriados e conservadas em formol a 10%, em número de três por criança e, em seguida, analisadas pelo método de Blagg e Cols. no Laboratório da Parasitologia Clínica da UFRN. Os resultados foram entregues aos pais e/ou responsáveis pelas crianças, ocasião em que foram realizadas diversas orientações sobre epidemiologia e profilaxia das parasitoses encontradas. Após prescrição médica foram distribuídos os medicamentos e prestadas as orientações quanto à sua ingestão e tratamento das crianças parasitadas.
RESULTADOS:
Das 122 amostras avaliadas, 87,7% (107) apresentaram resultado positivo ao exame parasitológico para um ou mais parasitas. A ocorrência de helmintos foi de 35,25% (43), enquanto a de protozoários foi igual a 87,70% (107). O poliparasitismo ocorreu em 68% (85) e o monoparasitismo em 19,7% (22) das crianças. A prevalência por parasita intestinal das diversas espécies foi: Ascaris lumbricoides 22,1% (27), Trichuris trichiura 18% (22), Hymenoleps nana 2,4% (3), Ancilostomídeos 0,8% (1), Enterobius vermicularis 0,8% (1), Giardia lamblia 63,9% (78), Entamoeba coli 47,5% (58), Entamoeba histolytica 41,8% (51), Endolimax nana 41% (50). Giardia lamblia e Entamoeba coli foram os protozoários mais encontrados, enquanto que Ascaris lumbricoides e Trichuris trichiura predominaram entre os helmintos. Dentre as protoparasitoses mais comuns, notadamente em crianças, destaca-se a giardíase, provocada pela Giardia lamblia, protozoário flagelado de ciclo simples e direto, que possui a forma trofozoítica e cística. O Ascaris lumbricóides, helminto prevalente entre as crianças, está relacionado diretamente com as condições ambientais, falta de hábitos de higiene e de saneamento básico.
CONCLUSÃO:
A partir dos resultados obtidos neste estudo observou-se uma elevada positividade (87,70%) de parasitoses intestinais entre as crianças, o que pode representar um problema de saúde pública, fortalecendo a convicção acerca da importância da prevenção através da melhoria das condições socioeconômicas, de saneamento básico e da educação em saúde. É muito importante evitar que as crianças se contaminem, pois as enteroparasitoses levam a deficiências no organismo, que podem resultar em atraso no crescimento, dificuldades de aprendizagem na escola e, no que se refere a casos mais graves, podem levar até ao óbito. Portanto, as condições higiênico-sanitárias da moradia, das pessoas e do ambiente aos quais as crianças estão submetidas podem contribuir de forma significativa para uma maior prevalência de parasitoses intestinais na faixa etária considerada. Desta forma, a melhoria das condições socioeconômicas e sanitárias e do saneamento básico deveriam ser ações contempladas em programas de promoção de saúde.
Instituição de Fomento: Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Palavras-chave: Crianças, Creches, Parasitoses intestinais.